Por Bruna Silveira
Em minhas memórias de infância, nem eu, nem meus amigos brincávamos de armas, mesmo que fossem de brinquedo. Subíamos em árvores, brincávamos de esconder, de pegar, de amarelinha e ríamos, ríamos muito. Assistíamos a Xuxa que passava o desenho dos ursinhos carinhosos, a moranguinho e venerávamos o mestre dos magos. Andávamos de bicicleta e não havia grades em nosso prédio ou casas de veraneio. ”Que saudades da aurora de minha vida”. De sair com picolé na mão, sem preocupação, de ficar jogando vôlei até tarde da noite, sem ao menos pensarmos em mortes, assaltos... A única preocupação era o barulho. Não usávamos o computador, escrevíamos cartas. Não mandávamos dizer que estávamos com saudades, abraçávamos. Éramos crianças e pegávamos carona na cauda do cometa Halley, no balão mágico e dependia de nós, que acreditávamos e tínhamos esperança. Hoje, adultos, vemos a banda passar, mas não achamos mais graça, acreditamos que a culpa é dos outros, compramos trabalhos de conclusão e vemos adolescentes matar em série. E, o que é pior, assistimos quem está no poder não tomar atitude. Discutir a impunidade penal mas não ter onde confinar uma crianças patológica. Nunca mais o Estatuto da Criança e do Adolescente foi revisado! Há coisas acontecendo no mundo que até Deus duvida. O que víamos acontecer do outro lado do mundo, hoje acontece aqui, do nosso lado, no nosso Estado. Vemos o que seria o futuro de um país, ser um risco para a sociedade.