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Professora, Jornalista, Relações Públicas e Mestre em Comunicação Social. Apaixonada pela comunicação e pelo imaginário humano e cultural.

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Sunday, January 29, 2012

Marina: suspense sem limites

Desde que li A Sombra do Vento, de Carlos Ruiz Zafón, fiquei encantada com o estilo narrativo do autor e suas criações de suspense. Não demorou muito, após uma indicação, além do meu desejo desmedido de ler mais coisas dele, adquirir outras obras do escritor. Marina foi o segundo livro dele que me caiu nas mãos. E em menos de uma semana havia sido consumido vorazmente.

Menos encantador que A Sobra do Vento, por parecer bem mais fictício, Marina me conquistou com a trama sinistra criada por ela e Daniel. O livro, que começa pelo fim, traz a busca por aventura, de ambos os jovens, levando-os a caminhos de vida e morte, passando por bueiros da velha Barcelona. Despertou medos, amizades, distâncias, uniões e lembranças, que o tempo tratava de apagar.

Uma aventura alucinante, de Daniel e Marina, no mundo intrincado daqueles que vivem a margem social e querem vencer a morte, custe o que custar. No desenrolar da narrativa, o que parecia ao casal absurdo, a tentativa de Deus de Kolvenik, ao não “permitir a morte” e criar uma poção pra tal resultado, acaba sendo, ao final do enredo, o objetivo de Daniel. Mas, há que se ler a obra para compreender essa união de histórias, tão peculiar do discurso de Zafón.

Parto, agora, ansiosa, ao próximo livro do autor, o Jogo do Anjo.


Alguns fragmentos de Marina:


“Às vezes, contar a verdade não é uma boa ideia, Óscar.”

“Só as pessoas que tem um lugar para ir podem desaparecer.”

“Cedo ou tarde, o oceano do tempo nos devolve as lembranças que enterramos nele.”

“Todos temos um segredo trancado a sete chaves no sótão da alma. Esse é o meu.”

“Entre pai e filha circulava uma corrente de afeto que ia muito além das palavras e dos gestos. Um vínculo de silêncio e olhares unia os dois nas sombras daquela casa, no final de uma rua esquecida, onde viviam afastados do mundo, um cuidando do outro.”

“- Está enganado. Aqui estão as lembranças de centenas de pessoas, suas vidas, seus sentimentos, suas ilusões, sua ausência, os sonhos que nunca conseguiram realizar, as decepções, os enganos e os amores não correspondidos que envenenam suas vidas... Tudo isso está aqui, preso para sempre.”

“Que tipo de ciência é essa, capaz de colocar um homem na lua, mas incapaz de colocar um pedaço de pão na mesa de cada ser humano?”

“A lembrança de Marina e da história horripilante que vivemos juntos me impelia de pensar, comer ou sustentar uma conversa coerente. Ela era a única pessoa com quem eu podia dividir minha angústia e a necessidade de sua presença chegava a me causar dor física. Queimava por dentro, e nada nem ninguém conseguia me aliviar. Transformei-me numa figura triste vagando pelos corredores. Minha sombra se fundia com as paredes. Os dias caíam como folhas mortas. Esperava receber um bilhete de Marina, um sinal de que desejava me ver de novo. Uma desculpa qualquer para correr para junto dela e romper a distância que nos separava e parecia crescer a cada dia. Nunca recebi nada. Consumi as horas percorrendo lugares onde tinha ido com Marina. Sentava nos bancos da Plaza Sarriá esperando vê-la passar...”

“Os bobos fazem perguntas bobas. Os espertos respondem. Em que parte está?”





Friday, January 27, 2012

Festival Internacional de Cultura Livre - Arte e Memória



O Museu da Comunicação Hipólito José da Costa participa do FESTIVAL INTERNACIONAL DE CULTURA LIVRE - ARTE E MEMÓRIA –  com o projeto LANDSCAPE, intervenção da artista Adauany Zimovski.

As obras ficarão expostas ao lado de duas fotografias do acervo permanente do Museu nos corredores de acesso entre o térreo e o primeiro andar e podem ser visitadas entre 31/01 e 25/02. Também integra o trabalho cartão postal com imagem atual de Porto Alegre, disponível  ao visitante.

O trabalho Landscape, integra o Festival Internacional de Cultura Livre – FIC Livre. Com programação distribuída entre as cidades de Porto Alegre, Novo Hamburgo, Canoas e São Leopoldo, o FICLivre quer mostrar que a cultura amplia horizontes, qualifica nossa relação com o mundo e é fundamental para uma idéia de cidadania no século 21.

Sobre o trabalho

A palavra “lanscape”, que em inglês significa “paisagem”, mas também pode ser traduzida como “cenário” é o título desta proposta de intervenção no espaço do Museu da Comunicação Hipólito José da Costa.

A ideia do projeto é pensar no trajeto de significação da PAISAGEM. A partir de registros selecionados da coleção de postais antigos da artista, é feita uma apropriação das imagens da cidade de Porto Alegre e interior para colocar em evidência o que chamamos de paisagem, quais as possibilidades de ampliação do significado desse termo e como esse conceito pode ser entendido atualmente.  A artista observa que:
Em alguns postais podemos ver que, às vezes, uma das cores da impressão sai da marcação e corrobora um pequeno deslocamento da imagem final, como uma duplicação. Essa característica me chama a atenção para o fato de que não há nada mais fictício do que o padrão de paisagens usadas nesse meio de publicação e que o que estamos vendo é um ideal construído do lugar admirado.”



Adauany Zimovski, São José dos Campos - SP. Vive e trabalha em Porto Alegre-RS. Bacharel em Artes Visuais pelo Instituto de Artes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Desde 2007, é co-gestora do Atelier Subterrânea (www.subterranea.art.br).

Participou de diversas exposições coletivas e individuais em Porto Alegre e pelo interior do estado. Em 2006, integrou o grupo Passos Perdidos, vencedor do Prêmio Açorianos de Artes Plásticas (2007) pela exposição coletiva Sala dos Passos Perdidos. Foi artista selecionada em alguns salões, como Salão do Jovem Artista (2007) e Salão de Abril (Projeto Desvenda – 2010) e XI Concurso de Artes Plásticas do Goethe-Institut Porto Alegre.







Tuesday, January 24, 2012

Alargando o verão

Meu último post sobre o verão, trazia um pesar total sobre a perda física de algo que tenho como referência de lar. Para “amenizar” ou não essa dor, a proposta era escrever sobre momentos marcantes desses 30 anos de litoral norte. Mas eis que, ventos marítimos sopraram, Yemanjá ajudou e as cantorias com a Vó Laidinha, expostas aqui, reverteram o quadro.

Saí com o coração apertado em uma tarde de sábado, rumo à Porto Alegre, sentindo que aquele lugar não seria mais meu. Retornei, em menos de uma semana, tendo a certa de que as coisas ficariam no seu devido lugar. Sim, não nos despediremos mais. Nem eu e a casa, nem eu e as lembranças, nem eu e minha rede, nem eu e meu lar.

É, seguiremos unidas, mesmo que chova forte e eu não consiga chegar na calçada alagada, mesmo que abra um sol insuportável de ficar embaixo. Estaremos juntas, rememorando histórias e criando outras. Alargaram-se as portas do meu verão, do meu 2012 e, atualmente, nossa despedida será temporária.

Continuarei a ver minha afilhada correr pela grama e gritar por mim na grade, o Kikito, meu cachorrinho, dar sinal a cada movimento da rua e, principalmente, verei meus filhos serem felizes ali, como fui, como sou. Não estarei mais privada do final de tarde com chimarrão com minha cumadre e minha “pitoca”, que veraneia ao lado, nem da feira de sexta pela manhã, nem do ar litorâneo, nem do mar marronzinho, nem da minha rede de leituras, dos meus cochilos no colchão velho, nem do carro do sorvete Alpe, nem do verdureiro e, menos ainda do meu lar, da minha paz. Para comemorar a permanência, passarei as férias reformando meu quarto e reciclando os móveis, únicos itens que não dei no afã da tristeza dos últimos dias de 2011. E que venha o meu verão, e que venham muitos verões!



Kayla, minha afilhada, minha "pitoca", a beira mar, na NOSSA praia!

Monday, January 23, 2012

Dormindo com o Inimigo

Em menos de uma semana devorei o livro Dormindo com o Inimigo. A guerra secreta de Coco Chanel. Duas visões se afrontam: a heróica e a demoníaca. Esperava muito mais, ou menos, como quiserem, da estilista mais famosa do mundo. Coco Chanel me decepcionou profundamente por sua vulgaridade feminina, pela espionagem contra os judeus. Não sei se fiquei tão antipatizada com ela devido ao fato de a história da Segunda Guerra Mundial me tocar tão fundo ou se porque ela foi maligna mesmo. Decepcionei-me com Coco, aquela mulher abandonada pelo pai, criada em orfanato e que eu pensei ter feito fortuna com suas próprias mãos. Tendo homens pagando, qualquer criativo faz sucesso. E, ainda, odiar um povo, unir-se a ele por interesses comerciais e depois denunciá-los porque houve desacordos comerciais? Decepcionante, não tem outro termo.

O livro prende, claro, pois mistura-se a história de Chanel com a da França quando Hitler assume o poder alemão. Ali um pouco da história da sangrenta Segunda Grande Guerra, que deve ser lida para que não seja esquecida e repetida. Hal Vaughan escreveu muito bem a união das vidas paralelas, mas, confesso, pensei que seria mais descritiva a exposição sobre a participação de Chanel. E olha que o lido já me deixou de boca aberta. Um perfil político e humano, diferente do que o próprio autor mostra das demais narrativas sobre a estilista.

Vale a leitura, claro, todo livro que se propõem a contar uma história real vale muito. Contendo informações históricas mais ainda. Quando destrói um mito, acho que deve entrar na lista de todos os interessados em cultura. Esperava mais de Coco, que mitificou o feminino com seu pretinho básico e suas pérolas brilhantes e por sua própria conduta o destruiu a partir de sua vida obscura.

Confira algumas passagens:

“Sou tímida. Gente tímida fala muito porque não suporta o silêncio. Estou sempre pronta a soltar alguma idiotice qualquer só para preencher o silêncio. E vou, e vou, de uma coisa para outra, para não dar brecha para o silêncio. Falo com veemência. Sei que posso ser insuportável.” [Coco Chanel]

“Gabrielle ‘Coco’ Chanel faleceu em seus aposentos no Ritz na noite de 10 de janeiro de 1971. Foi assistida por Jeanne, sua criada de quarto. Suas últimas palavras teriam sido: ‘Bem, é assim que se morre.’” 




Friday, January 20, 2012

O Desgaste da Inveja

"De todas as características que são vulgares na natureza humana a inveja é a mais desgraçada; o invejoso não só deseja provocar o infortúnio e o provoca sempre que o pode fazer impunemente, como também se torna infeliz por causa da sua inveja. Em vez de sentir prazer com o que possui, sofre com o que os outros têm. Se puder, priva os outros das suas vantagens, o que para ele é tão desejável como assegurar as mesmas vantagens para si próprio. Se uma tal paixão toma proporções desmedidas, torna-se fatal a todo o mérito e mesmo ao exercício do talento mais excepcional.

Por que é que o médico deve ir ver os seus doentes de automóvel quando o operário vai para o seu trabalho a pé? Por que é que o investigador científico pode passar os dias num quarto aquecido, quando os outros têm de expor-se à inclemência dos elementos? Por que é que um homem que possui algum talento raro de grande importância para o mundo deve ser dispensado do penoso trabalho doméstico? Para tais perguntas a inveja não encontra resposta. Afortunadamente, porém, há na natureza humana um sentimento compensador, chamado admiração. Todos os que desejm aumentar a felicidade humana devem procurar aumentar a admiração e diminuir a inveja."

Bertrand Russell, in "A Conquista da Felicidade"

Wednesday, January 18, 2012

O que eu faço de mim?

Esse livro caiu em minhas mãos na hora certa, do começo ao fim da leitura. O que eu faço de mim?, com psicografia de Lucimara Gallicia, pelo espírito Moacyr é um romance espírita apaixonante.

O nome já diz o que vamos encontrar. Desde o começo da história de Ermínia, eu fui me reconhecendo e me repensando. Quem não para um dia e percebe que tudo que faz na vida é para agradar os outros? Mas, a gente não se dá conta disso em períodos de serenidade. Após o sumiço do filho mais velho, Adalberto que, tempos depois ela descobriu estar por livre e espontânea vontade metido com traficantes, Ermínia é atropelada pelo promotor Medeiros.

Além de dar todo amparo financeiro para a família da acidentada, prometeu a si mesmo ajudá-la a encontrar Adalberto. Nessa empreitada, ambos auxiliaram-se. O amor verdadeiro se fez presente.

Mas, o bacana dessa obra é que, além de tratar assuntos da contemporaneidade, traz aspectos importantes sobre a questão energética e aquilo que acabamos somando à nós devido nossa falta de equilíbrio. As passagens que narram situações da turma dos traficantes e, depois disso, a recuperação dos seres que os influenciavam a realizar práticas horrendas, mostram a importância da projeção da forma pensamento ser positiva.

As coisas estão interligadas, os fatores energéticos, as formas pensamento e o que colhemos do universo. Dele, só nos retorna o que enviamos. Uma leitura que nos faz pensar exatamente no título: o que faço de mim?, e perceber que é possível mudar, sim!

Fica aqui um pedacinho para degustação da obra:





“Quando escolhemos permanecer em situações que estão nos machucando, optamos pela infelicidade e somos responsáveis por isso. Não adianta reclamar, ou querer que o outro mude para sermos felizes, somente nós poderemos determinar o que é bom para nós mesmos. Quando nos soltamos de tais amarras emocionais, sentimos paz e tranqüilidade. É comum nascer de imediato, a vontade de nos abrirmos para a vida e sairmos à procura do novo, dessa forma, vamos selecionando o que serve ou não para nós.”






Fica a dica para leitura nas férias!





Tuesday, January 17, 2012

O CIRCULO DOS 99

Recebi por e-mail essa história. Parece boba, mas compartilho essa leitura, pois, no final, a gente se enxerga ali e para pra refletir.


Era uma vez um Rei muito triste; que tinha um pajem, que como todo pajem de um Rei triste, era muito feliz... Todas as manhãs, o pajem chegava com o desjejum do seu Amo, sempre rindo e cantarolando alegres canções... O sorriso sempre desenhado em seu rosto, e a atitude para com a vida sempre serena e alegre...

Um dia o Rei mandou chamá-lo:

- Pajem - disse o Rei - qual é o seu segredo?
- Qual segredo, Alteza?
- Qual o segredo da tua alegria?
- Não existe nenhum segredo, Majestade...
- Não minta, pajem... bem sabes que já mandei cortar muitas cabeças por ofensas menores do que a sua mentira!
- Mas não estou mentindo! Não guardo nenhum segredo.
- E por que estás sempre alegre e feliz?
- Majestade, eu não tenho razões para estar triste: muito me honra servir à Vossa Alteza, tenho minha esposa e meus filhos, e vivemos na casa que a Corte nos concedeu; somos vestidos e alimentados, e sempre recebo algumas moedas de prata para satisfazer alguns gostos.... Como não estar feliz?
- Se você não me disser agora mesmo qual é o seu segredo, mandarei decapitá-lo - disse o Rei - Ninguém pode ser feliz por essas razões que você me deu!
- Mas Majestade, não há nenhum segredo... Nada me satisfaria mais do que sanar a vossa curiosidade, mas realmente não há nada que eu esteja escondendo.
- Vá embora daqui antes que eu chame os guardas.

O pajem sorriu, fez a habitual reverência e deixou o Rei em seus pensamentos.
O Rei estava como louco.
Não podia entender como o pajem poderia ser feliz vivendo em uma casa que não lhe pertencia, usando roupas de terceira mão e se alimentando dos restos dos cortesãos.
Quando se acalmou mandou chamar o mais sábio de seus conselheiros, e lhe contou a conversa que tivera com o pajem pela manhã.

- Sábio, por que ele é feliz?
- Ah, Majestade! O que acontece é que ele está fora do Círculo...
- Fora do Círculo?
- Sim.
- E é isso o que faz dele uma pessoa feliz?
- Não, Majestade. Isso é o que não o faz infeliz...
- Vejamos se entendo: estar no Círculo sempre nos faz infelizes?
- Exato.
- E como ele saiu desse tal Círculo?
- Ele nunca entrou.
- Nunca entrou? Mas que Círculo é esse?
- É o Círculo dos 99...
- Realmente não entendo nada do que você me diz.
- A única maneira para que Vossa Alteza entenda seria mostrando pelos fatos.
- Como?
- Fazendo com que ele entre no Círculo.
- Isso! Então o obrigarei a entrar!
- Não, Alteza, ninguém pode ser obrigado a entrar...
- Então teremos que enganá-lo
- Não será necessário... se lhe dermos a oportunidade, ele entrará por si mesmo.
- Por si mesmo? Mas ele não notará que isso acarretará sua infelicidade?
- Sim, mas mesmo assim entrará... Não poderá evitar!
- Me diz que ele saberá que isso será o passo para a infelicidade e que mesmo assim entrará?
- Sim. O senhor está disposto a perder um excelente pajem para compreender a estrutura do Círculo?
- Sim.
- Então nesta noite passarei a buscar-lhe. Deves ter preparada uma bolsa de couro com 99 moedas de ouro. Mas devem ser exatas 99, nem uma a mais, nem uma a menos.
- O que mais? Devo levar escolta para proteger-nos?
- Nada mais do que a bolsa de couro, Majestade...
- Então vá. Nos vemos à noite.

Assim foi...

Nessa noite o sábio buscou o Rei e juntos foram até os pátios do Palácio. Esconderam-se próximo à casa do pajem, e lá aguardaram o primeiro sinal.  Quando dentro da casa se acendeu a primeira vela, o sábio pegou a bolsa de couro e junto a ela atou um papel que dizia as seguintes palavras: "Este tesouro é teu. É o prêmio por seres um bom homem. Aproveite e não conte a ninguém como encontrou esta bolsa".

Logo deixou a bolsa com o bilhete na porta da pajem. Golpeou uma vez e correu para esconder-se. Quando o pajem abriu a porta, o sábio e o Rei espiavam por entre as árvores para verem o que aconteceria. O pajem viu o embrulho à sua porta, olhou para os lados, leu o papel, agitou a bolsa e, ao escutar o som metálico, estremeceu dos pés à cabeça, apertou a bolsa contra o peito e rapidamente entrou em sua casa.

O Rei e o sábio se aproximaram então da janela para presenciar a cena.  O pajem havia despejado todo o conteúdo da bolsa sobre a mesa, deixando somente a vela para iluminar. Havia se sentado e seus olhos não podiam crer no que estavam vendo... Era uma montanha de moedas de ouro!

Ele, que nunca havia tocado em uma dessas, de repente tinha um monte delas... Ele as tocava e amontoava, acariciava e fazia brilhar à luz da vela. Juntava e esparramava, fazendo pilhas... E assim, brincando, começou a fazer pilhas de 10 moedas. Uma, duas, três, quatro, cinco... E enquanto isso somava 10, 20, 30, 40, 50... Até que formou a última pilha... 99 moedas? Seu olhar percorreu a mesa primeiro, buscando uma moeda a mais, logo o chão e finalmente a bolsa. "Não pode ser" – pensou.

Pôs a última pilha ao lado das outras 9 e notou que realmente esta era mais baixa.
- Me roubaram! Me roubaram – gritou!
Uma vez mais procurou por todos os cantos, mas não encontrou o que achava estar faltando...  Sobre a mesa, como que zombando dele, uma montanha resplandecia e lhe fazia lembrar que havia SOMENTE 99 moedas. "99 moedas... é muito dinheiro" - pensou - “Mas falta uma... Noventa e nove não é um número completo. 100 é, mas 99 não..."
O Rei e o sábio espiavam pela janela e viam que a cara do pajem já não era mais a mesma: ele estava com as sobrancelhas franzidas, a testa enrugada, os olhos pequenos e o olhar perdido... Sua boca era uma enorme fenda, por onde apareciam os dentes que rangiam...
O pajem guardou as moedas na bolsa, jogou o papel na lareira e olhando para todos os lados e constatar que ninguém havia presenciado a cena, escondeu a bolsa por entre a lenha. Pegou papel e pena e sentou-se a calcular. Quanto tempo teria que economizar para poder obter a moeda de número 100?
O tempo todo o pajem falava em voz alta, sozinho... Estava disposto a trabalhar duro até conseguir. Depois, quem sabe, não precisaria mais trabalhar... Com 100 moedas de ouro ninguém precisa trabalhar.  Finalizou os cálculos. Se trabalhasse e economizasse seu salário e mais algum extra que recebesse, em 11 ou 12 anos conseguiria o necessário para comprar a última moeda. "Mas 12 anos é tempo demais... Se eu pedisse à minha esposa que procurasse um emprego no vilarejo, e se eu mesmo trabalhasse à noite, em 7 anos conseguiríamos" - concluiu depois de refazer os cálculos - "Mesmo sendo muito tempo, é isso o que teremos que fazer..."

O Rei e o sábio voltaram ao Palácio.

Finalmente o pajem havia entrado para o Círculo dos 99!

Durante os meses seguintes, o pajem seguiu seus planos conforme havia decidido naquela noite. Numa manhã, entrou nos aposentos reais com passos fortes, batendo nas portas, rangendo dentes e bufando com todo o mau humor típico dos últimos tempos...

- O que lhe acontece, pajem? - perguntou o Rei de bom grado
- Nada, não acontece nada...
- Antigamente, não faz muito, você ria e cantava o tempo todo...
- Faço ou não o meu trabalho?
- O que Vossa Alteza esperava?
- Que além de pajem sou obrigado a estar sempre bem por que assim o deseja?

Não se passou muito e o Rei despediu o seu pajem, afinal, não era nada agradável para um Rei triste ter um pajem mau humorado o tempo todo...

Você, Eu e todos ao redor fomos educados nessa psicologia: Sempre falta algo para estarmos completos, e somente completos podemos gozar do que temos...

Portanto, nos ensinaram que a Felicidade deve esperar até estar completa com aquilo que falta. E como sempre falta algo, a idéia volta ao início e nunca se pode desfrutar plenamente da vida...Mas, o que aconteceria se a iluminação chegasse às nossas vidas e nos déssemos conta, assim, de repente, que nossas 99 moedas são os nossos 100%?
Que nada nos faz falta?
Que ninguém tomou aquilo que é nosso?
Que não se é mais feliz por ter 100 e não 99 moedas?
Que tudo é uma armadilha posta à nossa frente para que estejamos sempre cansados, mau humorados, desanimados, infelizes?
Uma armadilha que nos faz empurrar cada vez mais e ainda assim tudo continue igual... eternamente iguais e insatisfeitos....
Quantas coisas mudariam se pudéssemos desfrutar de nosso tesouro tal como é!

Se este é o seu problema, a solução para sua vida está em saber valorizar o que você tem ao seu redor, e não lamentar-se por aquilo que não tem ou que poderia ter...

(Autor Desconhecido)

Gamification - Nós Coworking



Em uma parceria entre a Descola e o Nós Coworking, esse curso pretende apresentar os conceitos e elementos que formam um jogo, discutir seus impactos em nosso dia-a-dia e exercitar em grupo os conceitos e práticas discutidas. 


PARTE #1 – o básico dos games

1. Cenário atual dos jogos
2. Impactos dos jogos
3. Psicologia dos jogos
4. Os elementos de um jogo

PARTE #2 – usando games na vida real

1. Design de interações
2. Produções colaborativas
3. Aplicação do Gamification
4. Lições de como criar um bom jogo
 

Professor:


RAFAEL KENSKI

O Rafael, além de ser um viciado em games, e ter coordenado as duas edições do curso em São Paulo, já foi editor da revista Superinteressante, onde desenvolveu diversos projetos multimídia, incluindo o maior ARG (Alternative Reality Game) do Brasil e vários newsgames (mistura de jogos e jornalismo). Depois disso, ele foi para Londres, fazer mestrado na London School of Economics, onde estudou a relação dos games com diversas outras tendência online e offline. De volta ao Brasil, Rafael trabalha como consultor no assunto e dá palestras em alguns lugares bem legais, como fez no TEDx Amazônia.

O que: Gamification
Quando: 31 de janeiro e 01 de fevereiro de 2012
Que hora: 19h30min.
Onde: Nós Coworking
Inscrições: Loja do Nós , no valor de R$ 280,00

Sunday, January 08, 2012

Verão estreito

Após 15 dias de estadia no Litoral Norte do Rio Grande do Sul, retorno a capital dos gaúchos, pois, a folga já era.

Foram dias de descanso, muita chuva, principalmente nas festas de final de ano, brincadeiras com a afilhada, leituras e reflexão. Dizem que faz parte do encerramento de um ano e começo do outro. Já eu, independente de virada de ano ou não, creio que tanta reflexão, foi aflorada pelo final de ciclos.

O que norteou toda minha passagem litorânea nesses últimos dias foi o fato de estar na minha casa de praia, a qual estou acostumada há 30 anos, sabendo que, muito em breve, não será mais minha. Afora toda emoção que se fez presente durante momentos lúcidos dessa constatação, principalmente quando comecei a reunir algumas coisas pessoais que ficarão comigo e outras que já passei adiante, me dei por conta que, a perda do meu porto seguro encerra um ciclo importante na minha vida. Hora de recomeçar, inclusive, a ver a vida de outra perspectiva e, a partir de novas oportunidades e conceitos.

Mas, independente dessas reflexões, foi inevitável não rememorar tantos e tantos momentos vividos entre aquelas paredes e estendidos àquele balneário. Então, para me auxiliar nessa etapa de encerramento, resolvi que no verão desse ano, o máximo de situações e histórias que eu lembrar vividas ali, publicarei. Talvez uma forma de tributo ao que eu tinha como referência de lar e núcleo familiar. E, ainda, para lembrar que, após concluída uma experiência, outras surgem...

E, justamente, por aquele ambiente ser tão intrinsecamente ligado a questão familiar, é de uma situação bem da minha infância que lembrei nas tardes de chuva em que a cama convidava para um cochilo. Em nosso primeiro ou segundo verão na casa, não lembro bem eu era muito novinha, minha avó paterna foi conosco. Não tenho noção do quanto tempo ela passou, apenas lembro que vivia coladinha na dona Laidinha e seu coque branquinho. Em uma tarde de sol, resolvemos cochilar. Na hora de fechar a janela, nenhuma se aventurou a tal feita. Poderia atrapalhar os que já estavam dormindo. Passamos a tarde pegando sol, sem pregar o olho, brincando, mesmo deitadas. Ela na cama de cima, do meu sofá cama, e eu no de baixo. Duas cagonas do que os outros poderiam pensar, pelo fato de nosso corpo clamar por momentos de pestanas fechadas. Vó, nesses 15 dias, todas as vezes que resolvi me render ao sono, eu fechei a janela justamente quando todos já estavam ressonando. Perdi nosso medo. Afinal, as limitações são para serem vencidas, né? Fiz o barulho que quis. Agora, velhinha, estamos quites de todas as vezes que o barulho dos outros nos atrapalhou. Desta vez, não há quem possa nos limitar!

Mas, ao menos passamos uma tarde de folia, onde eu fiz inúmeras apresentações da música “No escurinho do cinema”, da Rita Lee, afinal, naquela ocasião ela havia me dado o vinil que continha essa canção. Nada mais justo que compensá-la com uma cantoria desafinada, mas que mostrava quão satisfeita havia ficado com o presente inesperado de verão. É vó, as coisas estão mudando, mas eu continuo cantando “No escurinho do cinema” pra ti, sabes disso, tenho certeza. Não consegui ainda a afinação, resta apenas o amor que sinto por ti! Encerraram e começaram ciclos nesse meio tempo, mas o sentimento verdadeiro fica, sempre! Foram bons momentos naquela casa engraçada que tinha teto, família e alegria. E, era minha!

Monday, January 02, 2012

A sombra do vento

Passado os festejos do final do ano e, desejando um 2012 de mais paz, chegou a hora de voltar a escrita de meus posts sobre livros. Afinal, as férias estão aí, prontas para nos ofertar momentos de grande prazer literato. Esse que falarei abaixo me prendeu de um jeito que, confesso, não consigo me entranhar em outra história como foi com esse.

Há muito eu não lia uma literatura que me prendesse tanto. Não conseguia largar o livro A Sombra do Vento, de Carlos Ruiz Zafón. Ambientado na Espanha franquista, da primeira metade do século XX, a narrativa mistura vidas e deixa o leitor completamente embriagado pelo discurso.

Confesso que, na contemporaneidade, autores como esse estão em escassez total. Foi menos de 15 dias para devorar as 399 páginas que traziam a história de Daniel e Carax. Ou seja, leitor e autor. No cemitério de livros, Daniel Sempere depara-se com a obra, a Sombra do Vento, de Julián Carax. Paixão a primeira vista. Começa a busca incessante do menino por mais obras de Carax e, consequentemente, pela vida do autor. Nessa busca, ele vai crescendo, vivendo momentos que se cruzam com a vida do autor, a medida que ele as vai descobrindo.

Uma busca alucinada, que aflora amizades, paixões, e a descoberta de si. Muito bem elaborado nas construções, é inevitável não ficar encantado com a leitura.

Apaixonada que fiquei, fiz mais rabisco nas minhas páginas do que poderia imaginar, ao ler as primeiras linhas. Um livro que deve ser sorvido. Assim como as histórias se fundem na obra, ela vai fazendo parte do nosso cotidiano.





Confira alguns trechos:

“Cada livro, cada volume que você vê, tem alma. A alma de quem o escreveu, e a alma dos que o leram, que viveram e sonharam com ele. Cada vez que um livro troca de mãos, cada vez que alguém passa os olhos pelas suas páginas, seu espírito cresce e a pessoa se fortalece. Faz muitos anos que meu pai me trouxe aqui pela primeira vez, este lugar já é velho. Quase tão velho quanto a própria cidade. Ninguém sabe ao certo desde quando existe ou quem o criou. Conto a você o que me contou meu pai. Quando uma biblioteca desaparece, quando uma livraria fecha suas portas, quando um livro se perde no esquecimento, nós, guardiões, os que conhecemos esse lugar, garantimos que ele venha para cá. Neste lugar, os livros dos quais já ninguém se lembra, os livros que se perderam no tempo, viverão para sempre, esperando chegar algum dia às mãos de um novo leitor, de um novo espírito. Na loja, nós os vendemos e compramos, mas na verdade os livros não tem dono. Cada livro que você vê aqui foi o melhor amigo de um homem. Agora só tem a nós, Daniel. Você acha que poderá guardar este segredo?”

“Matou-o a lealdade a pessoas que, num determinado momento, o traíram. Nunca confie em ninguém, Daniel, especialmente em relação às pessoas que você admira. São essas que irão desfechar os piores golpes.”