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Professora, Jornalista, Relações Públicas e Mestre em Comunicação Social. Apaixonada pela comunicação e pelo imaginário humano e cultural.

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Monday, January 02, 2012

A sombra do vento

Passado os festejos do final do ano e, desejando um 2012 de mais paz, chegou a hora de voltar a escrita de meus posts sobre livros. Afinal, as férias estão aí, prontas para nos ofertar momentos de grande prazer literato. Esse que falarei abaixo me prendeu de um jeito que, confesso, não consigo me entranhar em outra história como foi com esse.

Há muito eu não lia uma literatura que me prendesse tanto. Não conseguia largar o livro A Sombra do Vento, de Carlos Ruiz Zafón. Ambientado na Espanha franquista, da primeira metade do século XX, a narrativa mistura vidas e deixa o leitor completamente embriagado pelo discurso.

Confesso que, na contemporaneidade, autores como esse estão em escassez total. Foi menos de 15 dias para devorar as 399 páginas que traziam a história de Daniel e Carax. Ou seja, leitor e autor. No cemitério de livros, Daniel Sempere depara-se com a obra, a Sombra do Vento, de Julián Carax. Paixão a primeira vista. Começa a busca incessante do menino por mais obras de Carax e, consequentemente, pela vida do autor. Nessa busca, ele vai crescendo, vivendo momentos que se cruzam com a vida do autor, a medida que ele as vai descobrindo.

Uma busca alucinada, que aflora amizades, paixões, e a descoberta de si. Muito bem elaborado nas construções, é inevitável não ficar encantado com a leitura.

Apaixonada que fiquei, fiz mais rabisco nas minhas páginas do que poderia imaginar, ao ler as primeiras linhas. Um livro que deve ser sorvido. Assim como as histórias se fundem na obra, ela vai fazendo parte do nosso cotidiano.





Confira alguns trechos:

“Cada livro, cada volume que você vê, tem alma. A alma de quem o escreveu, e a alma dos que o leram, que viveram e sonharam com ele. Cada vez que um livro troca de mãos, cada vez que alguém passa os olhos pelas suas páginas, seu espírito cresce e a pessoa se fortalece. Faz muitos anos que meu pai me trouxe aqui pela primeira vez, este lugar já é velho. Quase tão velho quanto a própria cidade. Ninguém sabe ao certo desde quando existe ou quem o criou. Conto a você o que me contou meu pai. Quando uma biblioteca desaparece, quando uma livraria fecha suas portas, quando um livro se perde no esquecimento, nós, guardiões, os que conhecemos esse lugar, garantimos que ele venha para cá. Neste lugar, os livros dos quais já ninguém se lembra, os livros que se perderam no tempo, viverão para sempre, esperando chegar algum dia às mãos de um novo leitor, de um novo espírito. Na loja, nós os vendemos e compramos, mas na verdade os livros não tem dono. Cada livro que você vê aqui foi o melhor amigo de um homem. Agora só tem a nós, Daniel. Você acha que poderá guardar este segredo?”

“Matou-o a lealdade a pessoas que, num determinado momento, o traíram. Nunca confie em ninguém, Daniel, especialmente em relação às pessoas que você admira. São essas que irão desfechar os piores golpes.”



3 comments:

Isildur said...

Ao ler a carta assinada pela Penélope que o Jorge Aldaya tinha
entregado ao Miquel, Sophie derramou lágrimas de raiva.
- Ela sabe - murmurou. - Sabe, coitadinha...
- Sabe o quê? - perguntou o Miquel.
- A culpa é minha - disse Sophie. - A culpa é minha.
O Miquel segurava-lhe as mãos, sem compreender. Sophie não se atreveu a
enfrentar-lhe o olhar.
- A Penélope e o Julián são irmãos - murmurou.

Isildur said...

Ao ler a carta assinada pela Penélope que o Jorge Aldaya tinha
entregado ao Miquel, Sophie derramou lágrimas de raiva.
- Ela sabe - murmurou. - Sabe, coitadinha...
- Sabe o quê? - perguntou o Miquel.
- A culpa é minha - disse Sophie. - A culpa é minha.
O Miquel segurava-lhe as mãos, sem compreender. Sophie não se atreveu a
enfrentar-lhe o olhar.
- A Penélope e o Julián são irmãos - murmurou.

Bruna Silveira said...

Outro trecho bom, também! Essa parte, da leitura da carta, foi uma das que mais gostei! Obrigada pela contribuição!