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Professora, Jornalista, Relações Públicas e Mestre em Comunicação Social. Apaixonada pela comunicação e pelo imaginário humano e cultural.

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Monday, January 23, 2012

Dormindo com o Inimigo

Em menos de uma semana devorei o livro Dormindo com o Inimigo. A guerra secreta de Coco Chanel. Duas visões se afrontam: a heróica e a demoníaca. Esperava muito mais, ou menos, como quiserem, da estilista mais famosa do mundo. Coco Chanel me decepcionou profundamente por sua vulgaridade feminina, pela espionagem contra os judeus. Não sei se fiquei tão antipatizada com ela devido ao fato de a história da Segunda Guerra Mundial me tocar tão fundo ou se porque ela foi maligna mesmo. Decepcionei-me com Coco, aquela mulher abandonada pelo pai, criada em orfanato e que eu pensei ter feito fortuna com suas próprias mãos. Tendo homens pagando, qualquer criativo faz sucesso. E, ainda, odiar um povo, unir-se a ele por interesses comerciais e depois denunciá-los porque houve desacordos comerciais? Decepcionante, não tem outro termo.

O livro prende, claro, pois mistura-se a história de Chanel com a da França quando Hitler assume o poder alemão. Ali um pouco da história da sangrenta Segunda Grande Guerra, que deve ser lida para que não seja esquecida e repetida. Hal Vaughan escreveu muito bem a união das vidas paralelas, mas, confesso, pensei que seria mais descritiva a exposição sobre a participação de Chanel. E olha que o lido já me deixou de boca aberta. Um perfil político e humano, diferente do que o próprio autor mostra das demais narrativas sobre a estilista.

Vale a leitura, claro, todo livro que se propõem a contar uma história real vale muito. Contendo informações históricas mais ainda. Quando destrói um mito, acho que deve entrar na lista de todos os interessados em cultura. Esperava mais de Coco, que mitificou o feminino com seu pretinho básico e suas pérolas brilhantes e por sua própria conduta o destruiu a partir de sua vida obscura.

Confira algumas passagens:

“Sou tímida. Gente tímida fala muito porque não suporta o silêncio. Estou sempre pronta a soltar alguma idiotice qualquer só para preencher o silêncio. E vou, e vou, de uma coisa para outra, para não dar brecha para o silêncio. Falo com veemência. Sei que posso ser insuportável.” [Coco Chanel]

“Gabrielle ‘Coco’ Chanel faleceu em seus aposentos no Ritz na noite de 10 de janeiro de 1971. Foi assistida por Jeanne, sua criada de quarto. Suas últimas palavras teriam sido: ‘Bem, é assim que se morre.’” 




2 comments:

Ike Nicotti said...

Bela e clara explanação!

Causou-me espécie o teu desapontamento na seguinte frase:

"E, ainda, odiar um povo, unir-se a ele por interesses comerciais e depois denunciá-los porque houve desacordos comerciais?"

No mundo dos interesses comerciais se vê coisas horríveis tbém!!!

Isto não deveria surpreender-te!!!

Principalmente se existem "desacordos" entre os contratantes.

Mas super legal o texto.

Parabéns!!!

Bruna Silveira said...

A leitura de um livro é passível de interpretações diversas, afinal, cada ser humano é um universo particular. Mas sim, me espantei, mesmo sabendo que existem desacordos comerciais. Pra mim isso não implica odiar um povo e ajudar a exterminá-lo. Ainda mais que, quando a "Srta." Coco estava em apuros pós-guerra, foi justamente essa família que ela denunciou que a ajudou a manter, inclusive, o Chanel nº5.
Bom, eu sou contra qualquer tipo de preconceito e extermínio. No caso do holocausto, acho que foi o fim da picada. Ninguém é melhor ou pior por pensar diferente mas, infelizmente, tem muita gente por ai que crucifica pessoas com ideias divergentes. Dá uma lida no livro, acho que vais gostar!
Valeu o comentário!