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Professora, Jornalista, Relações Públicas e Mestre em Comunicação Social. Apaixonada pela comunicação e pelo imaginário humano e cultural.

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Sunday, May 08, 2011

Um pedido de desculpas

Por Bruna Silveira

Pode ser clichê, mas isso não me importa. Sei que muitos textos sobre o Dia das Mães irá saltar por todos os lados, sejam em impresso, na web, no rádio, enfim, na mídia disponível. Mas nenhum deles será meu, este sim.


Hoje em dia, com a transformação social, muitas famílias não estão congregadas da mesma forma que a minha foi, é, e desejo que seja sempre. Podemos ver no século XXI mães solteiras, maternidade independente – a partir da inseminação artificial ou adoção – pais que são mães, e enfim, uma infinidade de padrões ou, como os mais tradicionais chamam “des-padrões”. Isso não importa. Mãe é aquela que gera a vida, mas aquela que cria, que ama, que direciona suas atenções, finanças e sua vida para poder prover outra vida.

Por muitos e muitos Dias das Mães, pensei na minha. Ainda penso claro. E assim como toda mãe diz que seu filho é especial e muito amado, a minha é sim a melhor mãe do mundo. A mais especial, a mais amada, a mais linda a mais tudo. Não sei como um dia conseguirei viver sem ela, mas confesso que não quero pensar nisso. Já me dói só cogitar essa hipótese. Hoje pela manhã nos abraçamos, sorrimos – sim ela é a única que me arranca palavras pela manhã e meu sorriso mais sincero – almoçamos juntas e mais uma vez fizemos nosso voto de amor eterno. Sim, amor de mãe é eterno, amor de filha também. Transcende qualquer situação, palavra e não há como explicar.

Mas, especialmente no dia de hoje, acordei lembrando daquela que deu a vida a quem pode mais tarde me dar a vida. A quem por muitos anos, ainda quando estava na terra, foi preterida por mim: minha avó Dita. Ainda esta semana estava pensando em como era estranho não escutar mais seus passos pela casa. E olha que já se passaram três anos de seu desencarne. Talvez com esse texto eu tente me redimir de toda ausência afetiva de quase 30 anos. Hoje vejo claramente o meu erro, o erro de não ter dado valor. Eu dava presentes nessa data, não amor, nem carinho e muito menos atenção. Talvez essas palavras nunca possam suprir nossa falta de diálogo, mas hoje acho mais do que justo prestar minha humilde homenagem. A essa mulher que sim ajudou a me criar, sim que pelo amor que tinha por mim sofreu devido a minha incompreensão, que me ensinou a escrever, a contar, cantar e a caminhar. A mulher que me dedicou tardes inteiras quando era criança. Que buscava meu bico no chão quando eu cuspia pra longe, que fazia a roupinha da minha Barbie, os crochês que por anos a fio enfeitaram minha cama e que guardo com carinho. A que me deixava fumar escondido, que foi a primeira a saber quando virei mulher. Que cuidou do meu avô, que mesmo eu não dando atenção, me solicitava uma visita ao quarto que eu fazia de má vontade e por quem choro a perda até hoje, por não termos, durante essa passagem terrena, trocado um abraço carinhoso e eu enfim ter dito que a amo.

Que hoje ela está em um bom lugar tenho certeza, que hoje pela manhã esteve presente também. Acredito que nos perdoamos e que hoje nos amamos, mas sinto essa lacuna que deixa a carne e a falta dela. Hoje só queria a coisa mais simples do mundo: almoçar com minhas duas mães. Tarde demais... Espero que ela capte meu pensamento, que sinta um sopro em sua face do meu beijo, que tanto me cobrou, que sinta em seus braços os meus a envolvê-la e que em seu coração sinta todo o meu amor.

2 comments:

Gesiel Albuquerque said...

Bruninha, passei para te rever e dizer que o seu texto está show de bola.
Bjs

Bruna Silveira said...

Obrigada, professor! Abração!