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Professora, Jornalista, Relações Públicas e Mestre em Comunicação Social. Apaixonada pela comunicação e pelo imaginário humano e cultural.

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Sunday, August 28, 2011

Uma Duas

Sempre gostei do trabalho da Eliane Brum. Ela é uma excelente jornalista aqui do Sul, nascida em Ijuí e com passagens pela imprensa de Porto Alegre e que, ganhou o Brasil. Atualmente ela é colunista do site da Revista Época toda segunda-feira, textos esses que leio semanalmente. Os dois livros dela que li, A Vida que Ninguém Vê e Olho da Rua trazem reportagens sensacionais, ainda mais para uma amante do jornalismo literário como eu e que, acima de tudo acredita que histórias de personagens desconhecidos são muito mais ricas do que dos personagens que são famosos. A jornalista de pequena tem somente a estatura e, desde que a conheci no auditório da Faculdade de Comunicação Social da PUCRS, me encantei por seu trabalho.

Estava louca para ler sua primeira obra de ficção, o Uma Duas. Composto por três narrativas, o livro surpreende e faz a gente se enxergar em muitas linhas. Sim, três narrativas: a história traz uma questão sempre delicada: mãe e filha. A jornalista ocupada, a mãe que a renegou na infância, a solidão de ambas a re-união forçada pela doença da mãe. Na obra encontramos o que todo jornalista faz em seus discursos: a versão de ambas. Da mãe, que conta desde sua infância difícil, da filha, que relembra momentos e que tenta enlouquecidamente não perder sua identidade, mas ao mesmo tempo percebe que a doença da mãe a deixa sem chão e, ainda há a versão do narrador oculto.

O livro me chegou às mãos bem na época em que passava, junto com minha mãe, por um problema de saúde dela. Digo passava porque sim, eu sinto o que minha mãe sente e ela sente o que sinto. Uma se fortalece na outra e nossa ligação seria forte, mesmo que não tivéssemos um bom relacionamento. Ao me deparar com o medo que a jornalista sentiu ao receber o pedido da mãe para que ela a matasse, não por cometer um assassinato, mas por perder a referência, me tocou. Ficou claro que, por mais que existam diferenças entre mãe e filha, o sangue, o coração fala mais alto. Claro, no caso da ficção a mãe estava com uma doença terminal, não era o caso que eu vivia na minha vida real, mas me peguei angustiada na leitura, me dando por conta que lógico, chegará o dia em que perderei minha mãe. Ou ela me perderá, não sei, uma coisa sempre está vinculada a outra.

No meu caso, o fim da saga foi positivíssimo, no caso do livro, é preciso ler... Não contarei o final, não mesmo! Mas afirmo, mesmo sendo uma obra de ficção e, muito boa, faz repensar nossos relacionamentos filiais, a darmos valor à vida, a nossa e a de nossas mães. A pensarmos o que podemos fazer mais por essas criaturas que abriram mão de suas vidas pelas nossas, mesmo que não pareça. Mostra-nos o quanto a mãe é uma referência em nossa caminhada e, como qualquer menção de ruptura desse cordão nos faz sofrer.

O Uma Duas pode ser encontrado em várias livrarias e é da editora Leya. Vale à pena, mesmo, conferir!



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