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Professora, Jornalista, Relações Públicas e Mestre em Comunicação Social. Apaixonada pela comunicação e pelo imaginário humano e cultural.

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Sunday, February 26, 2012

Um certo verão na Sicília

Foi em busca de uma reportagem que Marlena De Blasi, e seu marido, estavam atrás quando aterrissaram em pleno verão siciliano. E, na minha opinião, o livro Um certo verão na Sicília: uma história de amor – é um belo livro-reportagem sobre a vida e, claro, o amor. E sim, tem príncipe e tudo. Personagens reais.

A passagem que seria de poucos dias, foi de mês. E, nesse tempo, Marlena conheceu a vida das mulheres que viviam na Villa Donnafugigata, criada por Tosca a personagem real principal da narrativa.

Um livro encantador, envolvente, que fala de vida, morte, amor, perdas e somas de vida, convívio. Uma narrativa elaborada e contada pelos aromas da Itália, regada a azeite, vinhos, berinjela, tortas, tomates e muitas outras amostras gastronômicas da Sicília.

Ambientada com flores, glamour em festas, sala de espelhos, por do sol, encantos, lágrimas, sol e chuva. Sob uma árvore, Tosca rememora à autora tradições e recria vidas por aromas e sabores.

Um livro para se ler no verão. Que permite sentirmos não só o sabor das comidas, mas da vida.


Alguns trechos da obra:

“- Ela é uma mulher. Como um camaleão, uma mulher se funde tranquilamente em todas as partes da vida. Às vezes, a gente nem sabe que ela está lá, ela é tão quieta com suas coisas. Alimenta o bebê. Limpa os estábulos. Faz de tudo. Transforma um lençol num vestido. Ela não conta com a sorte para nada. Sabe que suas próprias mãos, seus próprios braços, suas próprias coxas e seus seios é que tem que fazer o trabalho. A sorte na vida dos homens é muito maior. A sorte é um convidado bem-vindo na casa de um homem. Mal ela bate à porta, ele está lá para abri-la. Sim, sim. Você faça isso, ele diz para a sorte. E arrasta-se de volta à sua cadeira.”



“Talvez seu desejo desapareça, como o velho tafetá do vestido marrom-prateado. Mas talvez não.”


“Não são os acontecimentos, nem os traumas, nem os causadores desses traumas que moldam a gente. São as pedras. O modo como caem as runas, quando nós nascemos.”


“Talvez os sonhos sejam tudo o que a gente possui. Tentar vivê-los talvez seja jogá-los contras as pedras.”


“Pare de treinar para a morte. A única maneira de sairmos do labirinto é recuperarmos nossas vidas.”






O Jogo do Anjo

Suspense encantador de Carlos Ruiz Zafón. Mais um, claro! Após ler A Sombra do Vento, li Marina, agora o Jogo do Anjo e não me canso desse autor. Na minha opinião, um dos melhores que li nos últimos dois anos e, olha que não leio pouco.

Nessa obra, onde ele conta a história de David Martins, escritor que quase vende a alma por dinheiro e fama, traz a tona a pesada caminhada de apaixonados pela escrita, como eu. A dificuldade do começo, o desenvolvimento do escritor, as dificuldades que enfrenta e, ainda, a problemática entre manter seus valores ou abrir mão deles por dinheiro e vendas em escala, de narrativas com o nome na capa.

David tem um amor, como todos os personagens principais de Zafón, mas vive um jogo de tramas inacreditável, ao tentar descobrir, afinal, quem é seu verdadeiro editor, se é que existe. David perde-se no seu mundo e, na busca pela verdade do patrão, ele perde-se de si, encontra-se. Se sujeita a situações inusitadas, onde não sabe o que é necessário e o que é desnecessário.

Além do vaivém de narrativa e de personagens, divido em três atos, Zafón resgata a Livraria de Sempere e Filhos, o Cemitério dos Livros Esquecidos, presentes na Sombra do Vento, e, aqui, as histórias vão além dos labirintos letrados.

Envolvente, da primeira a última linha. Ótima leitura, não só para as férias.


Confira alguns fragmentos do livro:


“Um escritor nunca esquece a primeira vez em que aceita algumas moedas ou um elogio em troca de uma história. Nunca esquece a primeira vez em que sente o doce veneno da vaidade no sangue e começa a acreditar, que, se conseguir disfarçar sua falta de talento, o sonho da literatura será capaz de garantir um teto sobre sua cabeça, um prato quente no final do dia e aquilo que mais deseja: seu nome impresso num miserável pedaço de papel que certamente vai viver mais do que ele. Um escritor está condenado a recordar esse momento porque, a partir daí, ele está perdido e sua alma já tem um preço.”


“Em geral, quanto mais talento tem, mais a pessoa duvida que o tenha realmente.”


“Toda obra de arte é agressiva, Isabella. E a vida de todo artista é uma guerra, grande ou pequena, a começar pela luta contra as próprias limitações. Para chegar a qualquer lugar que deseje alcançar é preciso primeiro a ambição, depois o talento, o conhecimento e, finalmente, a oportunidade.”


“São sempre os mais bestiais e mesquinhos que se consideram mais virtuosos e olham o resto do mundo por cima do ombro.”






Wednesday, February 15, 2012

Acrobacias na estréia

Já deveria ter escrito esse post há uns três dias. O livro está lido, foi sugado em menos de uma semana. Como algo que gruda na gente e não solta. Interessante seria se, todas as coisas que grudam no ser humano, fossem como as palavras e o enredo do romance de estréia do meu mestre do jornalismo, professor Tibério Vargas Ramos. Ao citar o autor, deixo implícito meu temor de falar das Acrobacias do Crepúsculo, lançado pelo Tiberinho, como o chamo carinhosamente desde os tempos da Faculdade. Aprendi com ele títulos, leads, textos e, o que me impulsiona até os dias de hoje, dentro da área jornalística: o jornalismo literário. Muito dele está em mim, como profissional, como pessoa. Ele vai além da sala de aula, com seus ensinamentos sábios. Ultrapassa o nariz de cera, pontuações e parágrafos.

Lançado na praia que habito, há mais de 30 anos, durante as férias, Atlântida Sul, fui ao encontro do autor e sua obra, na quinta-feira, dia 09 de fevereiro. Já tinha meu exemplar devidamente autografado, já estava lendo a narrativa, mas fui prestigiá-lo na palestra dos autores, da 3ª Feira do Livro de Atlântida Sul. Eram três autores e um seleto público. Eu sabia que o do meio poderia, ainda, me surpreender. Afinal, estamos falando do Tibério. E isso aconteceu, quando ele, justamente explicou que, entrou para o Jornalismo porque queria escrever. Ligações da vida, ou nem tanto, minha entrada no curso, após quatro anos cursando Relações Públicas e formada há dois, teve o mesmo objetivo. E foi, justamente pela paixão que meu mestre passou em sala de aula e após nossos e-mails, passada minha temporada acadêmica, que me fizeram voltar às bancadas acadêmicas como aluna. Por ele, troquei alguns turnos de aula, para ser sua aprendiz e, ingressei no mundo encantado do Jornalismo Literário. Agora, entendo mais um pouco dele. Será mesmo?

E, falando dessa obra de estréia do Tibério, a última a ser escrita, mas não única, como explica a orelha do livro, me senti partícipe da história. Me vi em alguns rostos, em algumas frases, em algumas inocências e depravações de personagens. Identifiquei outros tantos. Uma ficção de vida real. Com personagens que trazem a tona inúmeras questões humanas, como a vontade de que a juventude masculina perdure, assim como a feminina e, os rompantes impensados que somente jovens podem ter. A maturidade em quem não se imagina que possua e a imaturidade de quem se pensa ser a única personagem centrada. A descoberta de que somos um pouco de todos, que os temores saem da ficção ou, contam a ficção. A magia de refazer trechos existenciais apenas possibilitados pela literatura.

Um livro dinâmico, bem escrito – obviamente – cheio de paixões, projetos, superação de vida, sensualidade, temor e certezas, como a existência da gente. Lógico: vale à pena ler!