E chegamos agora à verdadeira questão moral que Tolstoi queria fazer passar: o Amor não pode ser unicamente carnal porque deste modo é egoísta, e ser egoísta é destruir em vez de criar. O Amor é, então, pecaminoso. E de modo a tornar este assunto tão artisticamente distinto quanto possível, Tolstoi, numa vaga de extraordinária imagin
ação, descreve, em nítido contraste, dois amores: o amor carnal do casal Anna-Vronski (lutando por entre as suas emoções sensuais, mas fiéis e espiritualmente puras) e, do outro lado, o autêntico Amor cristão, como Tolstoi o quis chamar, do casal Kiti-Lévin, com os bens de natureza sensual ainda presentes, mas equilibrados, e em harmonia numa atmosfera de responsabilidade, carinho, verdade e alegria familiar.
Do Posfácio de Vladimir Nabokov
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