Nesse final de semana minhas produções acadêmicas deram uma acalmada. Ou, me organizei de tal forma que consegui ver um filme. Aliás, ver não, rever. Assisti novamente a película Capote, filme de história verídica, baseado no livro A Sangue Frio, de Truman Capote. Por minha identificação com a Semilogia, que auxilia a compreendermos produções linguísticas por meio da leitura dos Signos. Baseada na teoria do semiólogo francês Roland Barthes, lancei uma nova visão frente à produção artística, tendo em vista que Barthes nos explica que a comunicação só é capaz de ser entendida por meio dos Signos expressos na linguagem e que esta está presente e torna possível todas as formas de comunicação. De longe penso, ao expressar a seguir meu novo olhar à película, fazer um comentário único e incontestável. Apenas será mais um olhar.
Que é de uma estética incontestável o filme, não tenho dúvidas, mas percebi algo que até então eu recriminava na figura de Truman Capote: seu envolvimento com Dick, um dos assassinos da família do Kansas. Mesmo que Capote tenha desconstruído o estereótipo do assassino, lhe conferindo um grau de humanidade, é perceptível ao menos para mim, nessa segunda releitura, ver o grau de importância que o jornalista deu ao assassino para conseguir a narração da noite dos mortes. Com seu discurso encrático, ou seja, embutido no poder que sua condição de jornalista e escritor renomado lhe conferia, ele criou o mito de bom amigo do assassino, para a coleta de informações. Mesmo que no começo ele tenha ajudado a dupla de assassinos a conseguir um novo advogado, Capote ao aproximar-se de Dick tinha um único objetivo: colher dados. Bem da verdade que de alguma forma ele identificou-se com seu “personagem”, estabeleceu uma ligação. Mas até onde vai esse laço? O fato é: quando era a hora de Capote ajudar o amigo, ele só pensava no final da exaustiva obra que estava escrevendo, a partir do assassinato, e que precisava ter um fim: a execução dos assassinos.
Na pequena cidade do Kansas, Capote foi também estereotipado pelos habitantes e pela força policial da região, por suas roupas refinadas, seu andar delicado e sua voz infantil. Contou com o auxilio de sua amiga para poder chegar perto das fontes, dentre elas a menina que encontrou os corpos da família. Mas Capote quebrou o mito, mostrou ao que veio e fez do assassinato em série um dos mais destacados livros-reportagem. Lançou gênero, o literário, e virou filme. Seus cinco anos de pesquisa renderam não só a fama a ele, mas a oportunidade de profissionais e estudantes de comunicação se depararem com um novo gênero de jornalismo que também ganhou as telas do cinema.
Tanto o livro, quanto o filme, devem ser vistos, revistos, relidos. Vão além do fazer comunicação, nos levam a um contato de vida, nos faz repensar até onde o ser humano pode ir para atingir seus objetivos. As obras apresentam os dois lados: até onde os assassinos foram por dinheiro, até onde Capote foi pela informação.
Assista o trailer do filme!
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