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Professora, Jornalista, Relações Públicas e Mestre em Comunicação Social. Apaixonada pela comunicação e pelo imaginário humano e cultural.

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Friday, September 23, 2011

Abrindo a boca e entregando o coração


Quem acompanha esse blog e me conhece, sabe o quanto falo do meu avô materno, o seu Paulo, e como ele está presente nesse blog, na minha vida e inclusive em mim. Sou um pedaço grande dele, por tudo que ele me ensinou em vida e por ser quem ele foi. Pouco me referi a sua esposa, minha avó materna, a Ditinha. Por quê? Porque não nos dávamos bem quando ela habitava este planeta. A razão disso, hoje quero falar para que, muitas pessoas não comentam os mesmos erros que cometi. 

Sempre tive dificuldade em aceitar as pessoas como são, muito embora ache que todos devem me aceitar como sou. Erro gigante e primeiro. Nunca entendi sua forma de amar e agir, julguei, segundo erro imbecil que cometi com ela. Assim, meus julgamentos, minha falta de paciência e de aceitação do outro, me impediram de aprender. Aprender com ela e com a situação que se colocava a minha frente. Ok, ela era uma pessoa difícil, cheia de querer como eu dizia, mas eu não sabia, ou até mesmo não queria, fazer a leitura de que essa era a forma que ela sabia se expressar. Passei mais de 29 anos da minha vida me esquivando de sua presença dentro da mesma casa. Fingindo não ver uma pessoa que também esteve presente na origem de minha vida, ao gerar e criar minha mãe. 

Minha avó foi uma mulher que não soube expressar de forma clara seu amor, o carinho que sentia pelas pessoas e passava, aos meus olhos, como um ser híbrido. E, claro, eu também devia parecer um ser híbrido frente a ela. Quando a Ditinha desencarnou, em novembro de 2008, sabia que tinha partido dessa me amando a sua maneira, mas sabia também que essa passagem havia sido feita com mágoa pelo meu comportamento em seu último dia de lucidez terrena. Pela situação, que não me cabe explicar aqui, coube a mim a responsabilidade de organizar esse ato fúnebre. Lembro que fiquei com um sentimento de culpa imenso. Mas era preciso fazer e fiz do melhor jeito possível.

Hoje, ao vir trabalhar, lembrei-me dela. De seus cabelinhos encaracolados e roxinhos, como toda avó, dos seus passos pela casa, do seu olhar acho que buscando o meu para ter carinho, dos abraços apertados que eu só oportunizava em datas comemorativas. Senti saudades, mas ao mesmo tempo culpa, mais uma vez, por ter feito o que mais de errado se pode fazer: julgar. Não soube entender, compreender, aceitar. Justo eu, que prezo pela igualdade, era preconceituosa dentro de casa. Resta-me pedir desculpas em pensamento, em oração, lavar minha alma com lágrimas para ver se fico mais limpa desse assalto sujo que cometi na vida dela. E, dar esse depoimento para que outras pessoas não cometam o mesmo ato falho que eu, que repensem sobre seus comportamentos ligados aos que estão ao seu lado, aceitem, compreendam que, quase sempre, essa é a maneira que as pessoas sabem se expressar. Busquem aceitar e, principalmente a ver que muitas vezes o que recriminamos no outro, é o defeito que temos em nós, e ali se reflete nossa imagem como espelho. Não dói aceitar o outro, tentar não julgá-lo, o que dói é a culpa que se está fadado a carregar o resto da vida... 

Agora, me resta acolher essa culpa e transmutá-la em algo que me faça melhor e que, de alguma forma, possa ser perdoada pela Ditinha. Que, onde ela estiver, saiba que penso em nós, que a amo do meu jeito e que quero ter a chance de um novo abraço, mesmo que no além e, que ela tenha a certeza que é mais importante para mim do que supõem. A ela, entrego meu coração.



2 comments:

Maxwell Soares said...

Não há nada mais belo do que o legado. Ao ler tua postagem lembrei de um filme "O Grande Desafio" que fala justamente da importância do legado. Fiz uma postagem dele no meu blogger. Um abraço. Lindo o blogger. Parabéns.

Bruna Silveira said...

Obrigada, Max, fui ver teu blog e a indicação do teu post, muito bacana! Um abraço fraterno!