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Professora, Jornalista, Relações Públicas e Mestre em Comunicação Social. Apaixonada pela comunicação e pelo imaginário humano e cultural.

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Sunday, May 13, 2012

Paula


Na madrugada de véspera do Dia das Mães, terminei a leitura de um livro que me apaixonei desde a primeira linha. A obra Paula, de Isabel Allende me emocionou pela história e pelas histórias que compõem essa narrativa envolvente.

Em forma de monólogo, Allende começa contando sua vida a filha Paula que em, 1991 teve um ataque de porfíria e ficou paralisada até meados de 1992. A ideia da autora era não deixar que a memória de Paula morresse e, consequentemente a sua foi sendo repensada. Isabel Allende estava em viagem de divulgação de seu terceiro livro, quando recebeu a notícia de que a filha estava enterrada na cama de um hospital na Espanha. Deixando sua vida de lado, ela começou a fazer cartas que pudessem ser lidas por Paula quando o surto estivesse deixado seu corpo. Os discursos foram sendo produzidos até o outono de 1992, na casa da autora, localizada na Califórnia, quando essa fez o impossível para levar ao lar sua filha inerte.

Resgatando suas memórias, para que fossem de conhecimento posterior de Paula, Allende abre o livro de sua vida a partir de horas intensas ao lado da filha. Conta sobre a ditadura que mudou completamente a vida no Chile, como conheceu seu marido, pai de Paula, as aventuras amorosas fora do casamento, a separação e a descoberta de um novo amor, quando nada mais parecia rumar para uma vida a dois.

Allende, que se confunde com a personagem principal do drama, mostra-se como uma mulher em busca de aventuras, a partir de uma criação firme, mas amigável de sua mãe e de seu padrasto. De seus acertos e erros na área do jornalismo de televisão e de revista. Do fruir inexorável de sua escrita, tornando-se, após muitas falhas, dúvidas e desesperos, em uma escritora. Uma mulher, como muitas de nós na contemporaneidade, cravada de dúvidas com relação a sua vida pessoal, mesmo quando tudo parecia ter tomado rumo, e com a vida profissional, mesmo com um emprego em mão. Questionar-se, buscar novos caminhos faz parte do ser humano.

O que me chamou atenção, além da dedicação sem limites pela melhora da filha, uma vez que Allende contratou enfermeiras, médiuns, massagistas, médicos e usou de todas as técnicas tradicionais e alternativas, foi sua ligação com Tata, o avô. Uma ligação que identifiquei com a minha. Vi nela o respeito pelo homem que pode direcionar a vida, dar o conselho certo, na hora certa, mesmo que não seja ouvido, e que passa a ser a base forte da escritora humana, assim como sua mãe. Ligações que parecem comuns, mas nem sempre são e que, durante a leitura, fez me ver na narrativa.

Nas últimas páginas lidas ontem à noite, foi impossível não me emocionar com o final da história. De não imaginar como uma mãe comemora o dia das mães tendo uma lacuna sempre aberta em seu peito. Com certeza um sentimento completamente diverso do filho que hoje não tem sua mãe. Em Paula está retratada a luta de uma mãe, possuidora de um amor incondicional por sua filha, que ultrapassa limites, mesmo quando sabe que nada resultará de forma positiva. Uma luta de apego e desapego. Talvez, a união da narrativa e a data de termino da leitura, tenham me deixado mais sensível ao final da obra. Allende deu continuidade a esse enredo no livro A Soma dos Dias, que irei ler na sequência.

A leitura de Paula é recomendada a todos que desejam passar um tempo ao lado de um belo discurso, cheio de emoção e de histórias possíveis de serem reflexos humanos. 


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