Na madrugada
de véspera do Dia das Mães, terminei a leitura de um livro que me apaixonei
desde a primeira linha. A obra Paula, de Isabel Allende me emocionou pela
história e pelas histórias que compõem essa narrativa envolvente.
Em forma de
monólogo, Allende começa contando sua vida a filha Paula que em, 1991 teve um
ataque de porfíria e ficou paralisada até meados de 1992. A ideia da autora era
não deixar que a memória de Paula morresse e, consequentemente a sua foi sendo
repensada. Isabel Allende estava em viagem de divulgação de seu terceiro livro,
quando recebeu a notícia de que a filha estava enterrada na cama de um hospital
na Espanha. Deixando sua vida de lado, ela começou a fazer cartas que pudessem
ser lidas por Paula quando o surto estivesse deixado seu corpo. Os discursos
foram sendo produzidos até o outono de 1992, na casa da autora, localizada na
Califórnia, quando essa fez o impossível para levar ao lar sua filha inerte.
Resgatando suas
memórias, para que fossem de conhecimento posterior de Paula, Allende abre o
livro de sua vida a partir de horas intensas ao lado da filha. Conta sobre a
ditadura que mudou completamente a vida no Chile, como conheceu seu marido, pai
de Paula, as aventuras amorosas fora do casamento, a separação e a descoberta
de um novo amor, quando nada mais parecia rumar para uma vida a dois.
Allende,
que se confunde com a personagem principal do drama, mostra-se como uma mulher
em busca de aventuras, a partir de uma criação firme, mas amigável de sua mãe e
de seu padrasto. De seus acertos e erros na área do jornalismo de televisão e
de revista. Do fruir inexorável de sua escrita, tornando-se, após muitas falhas,
dúvidas e desesperos, em uma escritora. Uma mulher, como muitas de nós na contemporaneidade,
cravada de dúvidas com relação a sua vida pessoal, mesmo quando tudo parecia ter
tomado rumo, e com a vida profissional, mesmo com um emprego em mão. Questionar-se,
buscar novos caminhos faz parte do ser humano.
O que me
chamou atenção, além da dedicação sem limites pela melhora da filha, uma vez
que Allende contratou enfermeiras, médiuns, massagistas, médicos e usou de
todas as técnicas tradicionais e alternativas, foi sua ligação com Tata, o avô.
Uma ligação que identifiquei com a minha. Vi nela o respeito pelo homem que
pode direcionar a vida, dar o conselho certo, na hora certa, mesmo que não seja
ouvido, e que passa a ser a base forte da escritora humana, assim como sua mãe.
Ligações que parecem comuns, mas nem sempre são e que, durante a leitura, fez
me ver na narrativa.
Nas últimas
páginas lidas ontem à noite, foi impossível não me emocionar com o final da
história. De não imaginar como uma mãe comemora o dia das mães tendo uma lacuna
sempre aberta em seu peito. Com certeza um sentimento completamente diverso do
filho que hoje não tem sua mãe. Em Paula está retratada a luta de uma mãe, possuidora de um amor incondicional por sua filha, que ultrapassa limites, mesmo quando sabe que nada resultará de forma positiva. Uma luta de apego e desapego. Talvez, a união da narrativa e a data de
termino da leitura, tenham me deixado mais sensível ao final da obra. Allende
deu continuidade a esse enredo no livro A Soma dos Dias, que irei ler na
sequência.
A leitura
de Paula é recomendada a todos que desejam passar um tempo ao lado de um belo
discurso, cheio de emoção e de histórias possíveis de serem reflexos humanos.
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