Há mais de 10 dias em férias, estou firme e, quase
superando, minha meta de leitura. Após dois anos de mestrado, férias em tensão,
ler romances era artigo de luxo. Por isso, esbaldo-me agora. Já foram quatro
romances, sendo que esse post, pelo
título escolhido, trará de três obras por mim sorvidas.
Odeio preconceito, em todos os sentidos e, talvez por isso,
livros que nos façam pensar sobre essa bestialidade que é não aceitar quem não
tem as mesmas opções que nós, me tocam profundamente. Afinal, o que é
normalidade? A minha religião? A do outro? A minha opção sexual? A do outro? A de
todos, já que originamos da mesma força divina. E superar o preconceito
interno, o externo e viver de forma harmoniosa com o universo, é um desafio á
todos nós. Começo, então, pela obra que foi a primeira a tratar de preconceito
e superação.
Sem amor, Eu nada
seria
Há muito procurava novelas que tratassem sobre o prisma
espiritual a Segunda Guerra Mundial. Não sei se fiz uma busca falha, mas a
verdade é que somente agora encontrei uma escritura que me satisfez um pouco. Digo
um pouco porque eu nunca me contento com parcar informações. Um livro é sim, insuficiente
para mim. Mas mergulhar nessa leitura me fez ver muita coisa por meio de outro
ângulo. Assim, a obra “Sem amor eu nada seria”, psicografado por Américo Simões
e ditado pelo espírito de Clara, ambientou a sanguinária Segunda Guerra, ou
como conhecemos hoje o Holocausto, trazendo dados históricos e personagens que
viveram nos dois lados da Europa, dividida por Hitler. E, deparamo-nos, então,
com o amor de um alemão por uma judia. Viveck burlou a verdade nazista a qual
havia se filiado, arriscando sua encarnação para esconder Sarah, seu grande
amor, e o pai da judia.
Nesse período vivido por Sara em um convento, a história de
Helena, freira alemã que, tendo tido um caso amoroso com um padre, e que deu a
luz a um menino que ficou no convento sob os cuidados de Sara surge e, findada
a guerra, ao pai da judia e o alemão, seu amor. Mas, ao deixar o convento,
Helena deparou-se com o cenário fétido e estúpido proporcionado pelos nazistas.
Um choro de bebê chamou sua atenção e, por uma ironia do destino, em sua trajetória
de vida estava à responsabilidade de criar um menino judeu.
Findada a guerra, em agosto de 1945, as vidas desses
personagens unem-se novamente, a partir de suas realidades e seus preconceitos.
Judeu criado como cristão e cristão criado como judeu enfrentam-se. Uma obra
que discute amores separados pela religião e põem em cheque o catolicismo a
partir da atuação de seus seguidores.
Alguns trechos da obra:
“A fumaça do crematório podia ser vista de diversos pontos
da cidade, despertando a atenção de todos. Quando mechas de cabelo dos mortos
cremados saíam pela chaminé junto com a fumaça e iam parar nas ruas, o que foi
chamado por muitos de neve negra, o programa T4 começou a enfrentar seus
primeiros problemas.”
“Se você notar bem, todas as nossas indisposições com o
próximo se dão por choque entre as diferenças de cada um, por não aceitarmos
que o outro tem gosto e valores diferentes dos nossos. Quando se aceita, as
rusgas se vão, o convívio é pacífico.”
“Não cabe a você realizar os sonhos, planos e intenções de
uma outra pessoa, cabe a você, apenas, realizar os seus.”
“Ninguém pode exigir de si o que não tem condições, ainda,
de se dar. E ninguém pode dar a alguém aquilo que ainda não pode dar a si
próprio.”
“Só os mais sinceros consigo próprios e com a vida tem
coragem de olhar para trás, perceber e assumir para si mesmo que Deus continuou
sempre aos seu lado, mesmo quando parecia que não.”
“[...] Jesus tem de ser encarado por nós como um velho que
não tem mais condições físicas de fazer tudo por nós, mas nos inspira a fazer. Sob
sua luz não há quem não encontre a paz, coragem e disposição para superar
qualquer obstáculo na vida.”
E o amor resistiu ao
tempo
Em outra obra, escriturada pelo mesmo médium do livro acima
e ditado pelo mesmo espírito, deparei-me com uma história que contava três
encarnações de Pietro. Criança que nasceu com deformidade física, já que tinhas
os pés virados para dentro, o menino foi entregue a uma instituição de
caridade. Com a mão do destino, ele é encontrado pela tia, que o adota e o cria
como filho, sabendo que ele é o rebento expurgado da vida familiar por sua
irmã. Para superar sua diferença perante a sociedade, o dócil Pietro tornou-se
um homem amoroso e músico conhecido no mundo inteiro. Rico, devido ao seu
trabalho, o rapaz abrigou na sua casa, a família que um dia o deixou ao léu,
mostrando que o amor resiste ao tempo.
Na encarnação seguinte, o mesmo rapaz nasce na Alemanha,
mais especificamente no período ambientado no livro acima. Nazista convicto,
sua função era “caçar” almas para serem exterminadas no programa T4, que
ceifava a vida de crianças, jovens e adultos, com deformidades físicas. Até deparar-se
com Caroline. Sua convicção de que pessoas com problemas físicos não servem
para nada, sai de sua alma e, ele faz de tudo para salvar a vida da menina. O encanto
entre os dois, que se deu quando ela estava na fila para entrar na câmara de
gás, tem resposta na sua vida passada, quando Caroline foi a mãe que o
abandonou. Fugindo do país para salvar a rapariga, ele leva consigo Raul,
menino entregue por sua mãe para que fosse salvo do programa T4. A família desfeita
antes, pelas mãos de Raul e Caroline, traçava, agora, uma vida de sobrevivência
e superação juntos.
Na terceira e última parte, a seguinte reencarnação de Pietro
surge no final da narrativa. Aqui, os personagens principais dessa escritura
são Raul e Caroline que, precisam superar o preconceito interno para unidos
criar sua família e dar frutos possíveis de resgatar traumas passados. Uma obra
que faz jus ao título, mostrando que sim, o amor resiste ao tempo para aqueles
que desejam fazer sua reforma íntima e vencer seus desafios internos e
externos.
Alguns trechos da obra:
“[...] a vida é, na verdade, uma entidade que traça tudo
perfeitamente para que possamos viver aquilo que nos fará crescer como ser
humano, como algo mais nesse universo.”
“E o mais comovente naquele reencontro era saber que o amor,
apesar de tudo que aconteceu no passado, resistiria ao tempo... Um tempo que
atravessou vidas para transformar vidas em nome do amor.”
“É difícil mesmo descobrir que se valorizou algo além do seu
devido valor. Mas a vida ensina e um dia liberta todos dessa estreita visão de
vida para viverem finalmente a verdadeira grandeza da vida. [] Não que a
matéria seja ruim, ela é importante, mas para nos facilitar e embelezar a vida,
não para nos tornar escravos dela. O mesmo com relação ao dinheiro e à paixão.
“Quem não ama de verdade se desapega rapidinho. Quem permanece
junto é porque amor existe. Mesmo que vivam entre tapas e beijos, algum amor há
ali.”
“É o tempo presente que determina a nossa realidade e é só o
que existe sempre. Por mais que você pense num futuro, quando estiver lá, ele
(o futuro) continuará sendo o seu presente. [] Se o amanhã é o resultado do
modo como você se trata no ‘aqui e agora’, então vamos procurar fazer desse ‘aqui
e agora’ algo realmente proveitoso, valioso, garantindo assim um amanhã sempre
melhor.”
As obras da Clara são há muito minhas preferidas leituras. Embora
suas capas, esteticamente não sejam convidativas e, às vezes perceba que
deveria ter havido uma maior revisão ortográfica, as histórias trazidas por
esse espírito me tocam fundo.
Já a terceira obra que findei a leitura hoje, sim as demais
foram antes, com certeza, veio através do romance de um médium que para mim tem
virado referência de trabalho teórico e prática mediúnicos no século XXI.
O próximo minuto
Na escritura romanceada de 470 páginas, ditada pelo espírito
Ângelo Inácio e psicografado por Robson Pinheiro, entramos no minuto de
personagens que, mesmo vivendo em cidades diferentes, no mesmo minuto sofreram acidentes
que os levaram em desdobramento, ou desencarne, ao mesmo ambiente espiritual. Vemos
aqui, a prova de que homossexualidade é a coisa mais natural do mundo (aliás
pra mim sempre foi), e que o preconceito sobre pessoas que amam seres do mesmo
sexo é uma bestialidade.
Deparei-me aqui com a história de viventes que não assumiam
sua opção afetiva por ter dentro de si arraigados conceitos produzidos pela
sociedade e pela religião. Humanos que maltratavam gays e lésbicas por mascararem, através do machismo desmedido, sua
real opção de vida. E ainda quem expulsou o próprio filho de casa, por esse ter
negado Jesus por ser homossexual. Cada um em um ambiente comum em outra
dimensão, já que tinham o preconceito enraizado em suas almas. Depararam-se,
assim, com suas criações mentais e a necessidade de superação de suas agruras
interiores com o auxílio da luz divina e de amigos e parentes espirituais. Alguns
galgaram degraus, outros, precisaram retomar a caminhada de uma maneira mais
dura para poder aceitar sua condição e respeitar o próximo. Se eu contar mais,
entrego o enredo encantador do livro.
Alguns trechos da obra:
“A mente prisioneira da culpa, do remorso ou das angústias
de uma existência mal definida ou mal resolvida exterioriza a paisagem íntima
em torno de si. Da mesma forma, a mente sadia, que se esforça por cultivar
emoções enobrecedoras e elevadas, projeta ao redor as imagens condizentes com a
qualidade da vida mental superior.”
“[...] desejo e libido fazem parte da vida dos espíritos,
tanto de desencarnados quanto dos homens. Ao desencarnar, a maioria esmagadora
dos espíritos estagia numa dimensão tão próxima à realidade física que tudo ali
reflete o mundo material porém melhorado e mais intenso em tudo. Ou o contrário
se preferir: o mundo material reflete a dimensão astral, mas de maneira menos
vívida e elaborada. A civilização e seus atributos – construções, desafios,
descobertas, avanços, saber, ciência e modo de vida – constituem tão somente
mero reflexo do que se vê do lado de cá da vida. Assim também as tendências, os
desejos, e os impulsos humanos; todos estão latentes no espírito imortal. Entretanto,
a forma como se manifestam e são satisfeitos é que muda de acordo com a
dimensão em que se encontra o espírito após o desencarne. Em matéria de sexo,
nada é diferente.”
“A recusa em vivenciar a vida sexual e afetiva, seja de que
forma for que se manifeste, equivale a colocar barreiras à evolução e é uma
prova viva de egoísmo. Agora, se considerarmos a existência de outros
departamentos da vida universal, outros mundos e dimensões superiores, que
somente nos séculos vindouros conheceremos a fundo e serão nosso habitat, aí
poderemos entender que, nesses locais, o sexo deve se manifestar de maneira
singular. Entretanto, isso só se dará após o espírito esgotar todas as
possibilidades da vida no sentido mais humano possível, viver todas as
experiências humanas de modo pacífico. Assim, quem sabe um dia experimentaremos
sensações e emoções análogas, porém em ritmo e forma diferentes do que estamos
habituados.”
“Sob esta ótica, podemos entender que toda prática, seja de
ordem sexual ou não, quando levada ao excesso e transformada em compulsão ou
vício, certamente prejudicará quem a adota.”
“Talvez aquilo que você chama de morte não seja exatamente o
fim, mas uma oportunidade de recomeço, de reescrever a própria história de
maneira mais elaborada.”
“Todos nós estamos no caminho, tentando acertar mais e errar
um pouco menos. Mas desconheço, em qualquer lado da vida, quem não tenha errado
de muitas maneiras. Portanto, seja bem-vindo ao time, à humanidade.”
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