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Professora, Jornalista, Relações Públicas e Mestre em Comunicação Social. Apaixonada pela comunicação e pelo imaginário humano e cultural.

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Thursday, February 14, 2013

Sobre preconceito e superação


Há mais de 10 dias em férias, estou firme e, quase superando, minha meta de leitura. Após dois anos de mestrado, férias em tensão, ler romances era artigo de luxo. Por isso, esbaldo-me agora. Já foram quatro romances, sendo que esse post, pelo título escolhido, trará de três obras por mim sorvidas.

Odeio preconceito, em todos os sentidos e, talvez por isso, livros que nos façam pensar sobre essa bestialidade que é não aceitar quem não tem as mesmas opções que nós, me tocam profundamente. Afinal, o que é normalidade? A minha religião? A do outro? A minha opção sexual? A do outro? A de todos, já que originamos da mesma força divina. E superar o preconceito interno, o externo e viver de forma harmoniosa com o universo, é um desafio á todos nós. Começo, então, pela obra que foi a primeira a tratar de preconceito e superação.


Sem amor, Eu nada seria

Há muito procurava novelas que tratassem sobre o prisma espiritual a Segunda Guerra Mundial. Não sei se fiz uma busca falha, mas a verdade é que somente agora encontrei uma escritura que me satisfez um pouco. Digo um pouco porque eu nunca me contento com parcar informações. Um livro é sim, insuficiente para mim. Mas mergulhar nessa leitura me fez ver muita coisa por meio de outro ângulo. Assim, a obra “Sem amor eu nada seria”, psicografado por Américo Simões e ditado pelo espírito de Clara, ambientou a sanguinária Segunda Guerra, ou como conhecemos hoje o Holocausto, trazendo dados históricos e personagens que viveram nos dois lados da Europa, dividida por Hitler. E, deparamo-nos, então, com o amor de um alemão por uma judia. Viveck burlou a verdade nazista a qual havia se filiado, arriscando sua encarnação para esconder Sarah, seu grande amor, e o pai da judia.
Nesse período vivido por Sara em um convento, a história de Helena, freira alemã que, tendo tido um caso amoroso com um padre, e que deu a luz a um menino que ficou no convento sob os cuidados de Sara surge e, findada a guerra, ao pai da judia e o alemão, seu amor. Mas, ao deixar o convento, Helena deparou-se com o cenário fétido e estúpido proporcionado pelos nazistas. Um choro de bebê chamou sua atenção e, por uma ironia do destino, em sua trajetória de vida estava à responsabilidade de criar um menino judeu.

Findada a guerra, em agosto de 1945, as vidas desses personagens unem-se novamente, a partir de suas realidades e seus preconceitos. Judeu criado como cristão e cristão criado como judeu enfrentam-se. Uma obra que discute amores separados pela religião e põem em cheque o catolicismo a partir da atuação de seus seguidores.

Alguns trechos da obra:

“A fumaça do crematório podia ser vista de diversos pontos da cidade, despertando a atenção de todos. Quando mechas de cabelo dos mortos cremados saíam pela chaminé junto com a fumaça e iam parar nas ruas, o que foi chamado por muitos de neve negra, o programa T4 começou a enfrentar seus primeiros problemas.”

“Se você notar bem, todas as nossas indisposições com o próximo se dão por choque entre as diferenças de cada um, por não aceitarmos que o outro tem gosto e valores diferentes dos nossos. Quando se aceita, as rusgas se vão, o convívio é pacífico.”

“Não cabe a você realizar os sonhos, planos e intenções de uma outra pessoa, cabe a você, apenas, realizar os seus.”

“Ninguém pode exigir de si o que não tem condições, ainda, de se dar. E ninguém pode dar a alguém aquilo que ainda não pode dar a si próprio.”

“Só os mais sinceros consigo próprios e com a vida tem coragem de olhar para trás, perceber e assumir para si mesmo que Deus continuou sempre aos seu lado, mesmo quando parecia que não.”

“[...] Jesus tem de ser encarado por nós como um velho que não tem mais condições físicas de fazer tudo por nós, mas nos inspira a fazer. Sob sua luz não há quem não encontre a paz, coragem e disposição para superar qualquer obstáculo na vida.”








E o amor resistiu ao tempo

Em outra obra, escriturada pelo mesmo médium do livro acima e ditado pelo mesmo espírito, deparei-me com uma história que contava três encarnações de Pietro. Criança que nasceu com deformidade física, já que tinhas os pés virados para dentro, o menino foi entregue a uma instituição de caridade. Com a mão do destino, ele é encontrado pela tia, que o adota e o cria como filho, sabendo que ele é o rebento expurgado da vida familiar por sua irmã. Para superar sua diferença perante a sociedade, o dócil Pietro tornou-se um homem amoroso e músico conhecido no mundo inteiro. Rico, devido ao seu trabalho, o rapaz abrigou na sua casa, a família que um dia o deixou ao léu, mostrando que o amor resiste ao tempo.

Na encarnação seguinte, o mesmo rapaz nasce na Alemanha, mais especificamente no período ambientado no livro acima. Nazista convicto, sua função era “caçar” almas para serem exterminadas no programa T4, que ceifava a vida de crianças, jovens e adultos, com deformidades físicas. Até deparar-se com Caroline. Sua convicção de que pessoas com problemas físicos não servem para nada, sai de sua alma e, ele faz de tudo para salvar a vida da menina. O encanto entre os dois, que se deu quando ela estava na fila para entrar na câmara de gás, tem resposta na sua vida passada, quando Caroline foi a mãe que o abandonou. Fugindo do país para salvar a rapariga, ele leva consigo Raul, menino entregue por sua mãe para que fosse salvo do programa T4. A família desfeita antes, pelas mãos de Raul e Caroline, traçava, agora, uma vida de sobrevivência e superação juntos.

Na terceira e última parte, a seguinte reencarnação de Pietro surge no final da narrativa. Aqui, os personagens principais dessa escritura são Raul e Caroline que, precisam superar o preconceito interno para unidos criar sua família e dar frutos possíveis de resgatar traumas passados. Uma obra que faz jus ao título, mostrando que sim, o amor resiste ao tempo para aqueles que desejam fazer sua reforma íntima e vencer seus desafios internos e externos.


Alguns trechos da obra:

“[...] a vida é, na verdade, uma entidade que traça tudo perfeitamente para que possamos viver aquilo que nos fará crescer como ser humano, como algo mais nesse universo.”

“E o mais comovente naquele reencontro era saber que o amor, apesar de tudo que aconteceu no passado, resistiria ao tempo... Um tempo que atravessou vidas para transformar vidas em nome do amor.”

“É difícil mesmo descobrir que se valorizou algo além do seu devido valor. Mas a vida ensina e um dia liberta todos dessa estreita visão de vida para viverem finalmente a verdadeira grandeza da vida. [] Não que a matéria seja ruim, ela é importante, mas para nos facilitar e embelezar a vida, não para nos tornar escravos dela. O mesmo com relação ao dinheiro e à paixão.

“Quem não ama de verdade se desapega rapidinho. Quem permanece junto é porque amor existe. Mesmo que vivam entre tapas e beijos, algum amor há ali.”

“É o tempo presente que determina a nossa realidade e é só o que existe sempre. Por mais que você pense num futuro, quando estiver lá, ele (o futuro) continuará sendo o seu presente. [] Se o amanhã é o resultado do modo como você se trata no ‘aqui e agora’, então vamos procurar fazer desse ‘aqui e agora’ algo realmente proveitoso, valioso, garantindo assim um amanhã sempre melhor.”

As obras da Clara são há muito minhas preferidas leituras. Embora suas capas, esteticamente não sejam convidativas e, às vezes perceba que deveria ter havido uma maior revisão ortográfica, as histórias trazidas por esse espírito me tocam fundo.


Já a terceira obra que findei a leitura hoje, sim as demais foram antes, com certeza, veio através do romance de um médium que para mim tem virado referência de trabalho teórico e prática mediúnicos no século XXI.







O próximo minuto

Na escritura romanceada de 470 páginas, ditada pelo espírito Ângelo Inácio e psicografado por Robson Pinheiro, entramos no minuto de personagens que, mesmo vivendo em cidades diferentes, no mesmo minuto sofreram acidentes que os levaram em desdobramento, ou desencarne, ao mesmo ambiente espiritual. Vemos aqui, a prova de que homossexualidade é a coisa mais natural do mundo (aliás pra mim sempre foi), e que o preconceito sobre pessoas que amam seres do mesmo sexo é uma bestialidade.

Deparei-me aqui com a história de viventes que não assumiam sua opção afetiva por ter dentro de si arraigados conceitos produzidos pela sociedade e pela religião. Humanos que maltratavam gays e lésbicas por mascararem, através do machismo desmedido, sua real opção de vida. E ainda quem expulsou o próprio filho de casa, por esse ter negado Jesus por ser homossexual. Cada um em um ambiente comum em outra dimensão, já que tinham o preconceito enraizado em suas almas. Depararam-se, assim, com suas criações mentais e a necessidade de superação de suas agruras interiores com o auxílio da luz divina e de amigos e parentes espirituais. Alguns galgaram degraus, outros, precisaram retomar a caminhada de uma maneira mais dura para poder aceitar sua condição e respeitar o próximo. Se eu contar mais, entrego o enredo encantador do livro.

Alguns trechos da obra:

“A mente prisioneira da culpa, do remorso ou das angústias de uma existência mal definida ou mal resolvida exterioriza a paisagem íntima em torno de si. Da mesma forma, a mente sadia, que se esforça por cultivar emoções enobrecedoras e elevadas, projeta ao redor as imagens condizentes com a qualidade da vida mental superior.”

“[...] desejo e libido fazem parte da vida dos espíritos, tanto de desencarnados quanto dos homens. Ao desencarnar, a maioria esmagadora dos espíritos estagia numa dimensão tão próxima à realidade física que tudo ali reflete o mundo material porém melhorado e mais intenso em tudo. Ou o contrário se preferir: o mundo material reflete a dimensão astral, mas de maneira menos vívida e elaborada. A civilização e seus atributos – construções, desafios, descobertas, avanços, saber, ciência e modo de vida – constituem tão somente mero reflexo do que se vê do lado de cá da vida. Assim também as tendências, os desejos, e os impulsos humanos; todos estão latentes no espírito imortal. Entretanto, a forma como se manifestam e são satisfeitos é que muda de acordo com a dimensão em que se encontra o espírito após o desencarne. Em matéria de sexo, nada é diferente.”

“A recusa em vivenciar a vida sexual e afetiva, seja de que forma for que se manifeste, equivale a colocar barreiras à evolução e é uma prova viva de egoísmo. Agora, se considerarmos a existência de outros departamentos da vida universal, outros mundos e dimensões superiores, que somente nos séculos vindouros conheceremos a fundo e serão nosso habitat, aí poderemos entender que, nesses locais, o sexo deve se manifestar de maneira singular. Entretanto, isso só se dará após o espírito esgotar todas as possibilidades da vida no sentido mais humano possível, viver todas as experiências humanas de modo pacífico. Assim, quem sabe um dia experimentaremos sensações e emoções análogas, porém em ritmo e forma diferentes do que estamos habituados.”

“Sob esta ótica, podemos entender que toda prática, seja de ordem sexual ou não, quando levada ao excesso e transformada em compulsão ou vício, certamente prejudicará quem a adota.”

“Talvez aquilo que você chama de morte não seja exatamente o fim, mas uma oportunidade de recomeço, de reescrever a própria história de maneira mais elaborada.”

“Todos nós estamos no caminho, tentando acertar mais e errar um pouco menos. Mas desconheço, em qualquer lado da vida, quem não tenha errado de muitas maneiras. Portanto, seja bem-vindo ao time, à humanidade.”



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