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Professora, Jornalista, Relações Públicas e Mestre em Comunicação Social. Apaixonada pela comunicação e pelo imaginário humano e cultural.

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Monday, October 31, 2011

Não sou deste mundo

Desde criança me sinto totalmente fora do contexto. Não costumo gostar das mesmas coisas que a maioria, fazer o mesmo que todos e, sei que muitas vezes, passo por uma chata. Por outro lado, não consigo me ferir como ser imortal e fazer as coisas por fazer, para representar socialmente algo que não sou. Pode parecer estranho, cômico, ou como quiserem intitular, mas me questiono sempre, de que mundo eu venho e, afinal, o que eu preciso fazer?

Minha única certeza é que sou extremamente estranha perante a vida que pulsa a minha volta. Somos desconhecidas. Costumo me sentir bem com o que quase ninguém gosta e, quase nunca encontro meus pares. Mas, o caminhar segue. E, em alguns momentos, amigos fazem a diferença. Falam conosco sem imaginar de fato o que está nos acontecendo, mas de alguma forma pressentindo que se fazem importantes naquele instante. Foi o que aconteceu hoje comigo. De quebra, “ganhei” essa bela narrativa feita pelo meu amigo Rodrigo G. Figueiredo. Compartilho com aqueles que se sentem meio perdidos nesse planeta de Deus, assim como eu.

“Eu descobri esses dias que Deus sabe fazer contas melhor do que eu. Sabe exatamente o dia que devo parar de chorar e seguir em frente. Conhece bem o ponto onde eu ligo o pisca e mudo de estrada. Cronometra o tempo exato da queima dos barcos que poderiam me fazer voltar. Dessa vez não. Não por este oceano novamente. Depois dos navios negreiros. Outras correntezas.”

Imaginário fúnebre

Na terra, para tudo existe uma data. É dia das mães, dos pais, dos namorados, das crianças, dos avós, e, agora, até dos homens... Deve ter o dia da sogra também. Como não possuo uma, não sei dizer. Enfim, os apelos comerciais agendam a vida dos terráqueos, isso é fato!

Quem me conhece, sabe que não sou nem um pouco preconceituosa com escolhas religiosas, afetivas, mercadológicas e afins. Cada um sabe de si e, se nos relacionamos com livre-arbítrio, ou aceitamos o outro como é, ou pulamos fora dessa rede. Portanto, quem cultiva a prática do dia dos finados, que será “celebrada” na próxima quarta-feira, dia 02 de novembro, não se sinta ofendido com o meu discurso que segue.

Creio que, mais uma vez, há um tino bem comercial, e mais uma data criada pelo homem ao habitar o planeta azulzinho. O imaginário popular, e da grande maioria, crê ser pertinente homenagens póstumas à beira do mausoléu de seus antepassados. Perguntam ao pó e oram a ele. Colocam flores para enfeitar o jardim da última morada de ossos já carcomidos pelo tempo.

Eu, que creio na existência da alma, na imortalidade do espírito e na reencarnação, não consigo me apegar a esses ritos culturais. Acredito que como almas imortais, possuímos o universo e que, aqueles que amamos, sempre que são lembrados, sentem a energia carinhosa que enviamos. Quando amamos alguém de verdade, nunca no passar dos dias esquecemos-nos dos bons momentos, nunca deixamos de lado uma prece, uma reza, uma oração ou como quiserem intitular. E, tenho com isso, consciência de que não irei encontrar essas pessoas que não mais habitam o planeta, em dia e hora marcada em um cemitério sem almas. Na verdade, o enterro é apenas uma satisfação social, criada para e pelo homem. Os nossos restos mortais serão os mesmos, caso sejamos enterrados ou cremados. Ok, o cemitério traz mais higiene, se não, mortos estariam por todos os lados e as cidades mais fétidas do que já são. Para mim, essa função organizacional já basta!

Mas claro que um dia passei por uma situação, no mínimo curiosa, mas que me provou que ali não há mais nada, apenas o oco, que já está em nosso coração. A primeira vez que adentrei um cemitério, foi para velar e enterrar o corpo do meu avô. E, sim, ao ver seu caixão ser empurrado e tapado, senti um desespero tremendo. Contei os dias para a visita ao cemitério, quando então embelezaria sua lápide com as flores que ele tanto ama. No dia do encontro segundo com o vácuo, corri pelos corredores e num instinto cheguei em seu local de despojos. A alegria que me fez ir àquele ambeinte, sumiu ao obviamente eu me deparar com uma foto. Lógico! Santa bestialidade a minha, imaginar que ele estaria me esperando pro café da manhã. Foi ali, naquele momento, que me dei por conta que não me adiantava louvar sua carne em decomposição e, sim, me ligar à ele pelo amor, pela oração, pelos valores que ele me ensinou. Compreendi naquele momento que somos maiores do que nosso cativeiro carnal. Que o universo do Criador é nossa morada e que, diariamente, podemos prestar pequenas homenagens aos nossos amores que já estão na realidade. O fio que une os seres vem do coração, não da carne.

As flores podem enfeitar todos os momentos dos nossos seres queridos, basta que pensemos forte nisso. Nossas palavras de amor chegam aos seus ouvidos e, em seus corações, o nosso nobre sentimento. E, mesmo que já tenham reencarnado, sentem as energias positivas. Afinal, mortos estamos nós, com a alma cativa em um planeta desumano, por mais humano que possa parecer.

Que façam as procissões, as homenagens, o cantar de choro nos cemitérios do país, mas que, ao virarem as costas, permaneçam em vibrações de amor por aqueles que aqui não mais estão. Todo dia é dia de amarmos, de emanarmos energias positivas, de prestarmos pequenas homenagens possíveis pelo milagre da vida. Em uma era terrena de extremo consumo e caos imaginário, como diria Edgar Morin, "O problema da vida e da morte foi ocultado por esta agitação em que fomos envolvidos." Homenageie sempre!

Garimpada IV

A Rosa do Povo

Síntese de seu tempo, o livro de Carlos Drummond de Andrade retoma o lirismo social dos anteriores e atesta a maturidade do poeta mineiro




Depois das primeiras incursões em uma poesia participante e social em Sentimento do Mundo (1940) e José (1942), Carlos Drummond de Andrade, mineiro de Itabira do Mato Dentro (1902-1987), atinge o nível mais bem-acabado dessa linhagem no livro seguinte, A Rosa do Povo (1945). Composta por 55 poemas, escritos entre 1943 e 1945, a obra desponta como a criação da maturidade do poeta. 

No momento em que a Segunda Guerra Mundial chegava ao fim, o nazi-fascismo deixava de imperar na Alemanha e na Itália e o Estado Novo de Getúlio Vargas fechava seu ciclo, a publicação do livro de Drummond surgia como um manifesto em que se denunciavam as crises de seu tempo e se anunciava um outro, amparado pela onda de esperança no socialismo soviético. Ligado ao Partido Comunista Brasileiro (chegou a ser um dos editores da Tribuna de Imprensa, do PCB, a convite de Luís Carlos Prestes), o poeta elege a luta como força motriz de uma poesia que, até então, se nutria principalmente das idiossincrasias de uma existência centrada no eu. 

Exceções feitas aos poemas O Mito e Caso do Vestido, A Rosa do Povo abstém-se de certos temas comuns na lírica drummondiana, como o amor e o cotidiano apreendido pelo humor. Outras temáticas predominam no livro — as que Drummond identificou na própria obra quando organizou uma antologia poética em 1962 — além do choque social: o indivíduo, a terra natal, a família, a própria poesia e os amigos. 

Foi o lirismo social que tornou o livro tão bem-sucedido ante os leitores. A palavra ganha aqui o poder de transformar o mundo, como se percebe em Nosso Tempo: "O poeta/ declina de toda responsabilidade/ na marcha do mundo capitalista/ e com suas palavras, intuições, símbolos e outras armas/ promete ajudar a destruí-lo/ como uma pedreira, uma floresta,/ um verme".

Fonte: Site Educar para Crescer

Garimpada III

O Escritor e sua Missão


 
(Tradução de Kristina Michahelles, Zahar, 208 páginas, 34 reais) ”Basta compará-lo a Proust e às nouveautés psicológicas, surpresas e bijuterias que abundam na obra deste para se dar conta da diferença no acento, na entonação moral. Os achados, as novidades e preciosidades psicológicas do francês não passam de um divertimento quando comparados às revelações cadavéricas de Dostoiévski, um homem que esteve no inferno.” É assim que Thomas Mann se refere a outro mestre, o russo Dostoiévski, em O Escritor e sua Missão, reunião de ensaios sobre literatura do autor alemão que ganha agora primeira versão em português. Não era sem tempo. O livro é um caminho valioso para quem quer não apenas aprender mais sobre a construção literária e as diferentes visões que os escritores têm do ofício, mas também compreender, como num curso de história da arte, as mudanças enfrentadas pela literatura nos séculos XIX e XX. Um livro-base para afinar futuras leituras.

Fonte: Revista Veja

Garimpada II

Filme sobre Tancredo Neves mostra estratégia que derrubou a ditadura

Documentário fecha trilogia de Silvio Tendler, que já reproduziu história de JK e João Goulart


Há tempos que os documentários de Sílvio Tendler deixaram de ser assunto para as editorias de cinema. "Em Utopia, coloquei uma fala da Dilma (Roussef), gravada bem antes que ela fosse candidata. E fui acusado de estar atrelando meu filme à sua campanha. Agora, dizem que estou fazendo a campanha do Aécio (Neves)." O novo documentário de Tendler, que estreia hoje, chama-seTancredo - A Travessia. Mostra como Tancredo Neves construiu a arquitetura política que derrubou a ditadura militar no próprio colégio eleitoral que ela criou, o das eleições indiretas. Tancredo era avô de Aécio Neves - logicamente Tendler está atrelando seu filme à campanha de Aécio para ser presidente.
Dilma, Aécio. Personalidades diferentes, ligadas a partidos diferentes. "O que essa gente pensa que sou?" Tendler está louco para voltar a fazer filmes que interessem aos críticos - e às editorias de lazer e cultura. Tancredo - A Travessia começou a nascer há 26 anos, quando Tendler foi autorizado a documentar a posse de Tancredo Neves como presidente do Brasil. A posse não houve porque, a poucas horas da cerimônia, o Brasil estarrecido descobriu que o presidente eleito não tinha condições de assumir. "Ele virou personagem de uma tragédia grega", sentencia Tendler.
Há dois anos, o projeto sobre Tancredo voltou a sua vida. Fecha o que não deixa de ser uma trilogia, iniciada por Os Anos JK, sobre a presidência de Juscelino Kubistchek, eJango, sobre João Goulart, que virou estandarte da campanha pelas Diretas. Os Anos JKfez 800 mil espectadores, Jango passou de um milhão. Tendler foi ainda mais longe e seu documentário sobre Os Trapalhões fez estratosféricos 1,7 milhão de espectadores. Esses números superlativos pertencem a outa era. Se Tancredo fizer 100 mil espectadores, Tendler já se dará por feliz. "É a nova realidade do documentário e do mercado", avalia.
Juntando material filmado e de arquivo, Tendler reuniu cerca de 40 horas sobre Tancredo Neves. Não foi um filme difícil de montar, pelo contrário. Durante todo o tempo, Tendler pensava em fazer justiça ao político, mas também ao homem. "Tancredo foi um grande estrategista político. Viveu vinte anos à sombra da ditadura. Tinha fama de conservador. Mas foi ele quem construiu a travessia da ditadura para a redemocratização. Tancredo garantiu a transição pacífica. E ele era um homem engraçado. Tanto quanto o político, queria servir ao homem."
Durante as sessões do filme no Festival Internacional de Documentários É Tudo Verdade, o público não resistia. Ria e chegou a aplaudir uma declaração de Tancredo - "Mineiro que é radical pode até ter nascido em Minas, mas não é mineiro". Seu nome virou sinônimo de negociador, e nunca foi associado a denúncias de corrupção, esse flagelo que hoje, mais que nunca, assola a política, e não apenas a brasileira. Tendler conta porque isso é tão importante no momento atual. "Há uma descrença dos jovens na política e nos políticos. Mas quando eles negam sua participação política, seu engajamento, na verdade estão fazendo uma política perigosa. Tancredo é uma boa ferramenta para o jovem descobrir a arte e a esperteza, a astúcia da política."
Tendler tem feito um trabalho de formiguinha. Ele levou o filme aos mais distantes rincões do Brasil. Só esta semana esteve em São Paulo, Ribeirão Preto, Campinas e Brasília. Os campinenses estão assistindo a uma retrospectiva de sua obra. Tendler tem muito orgulho de O Veneno Está na Sua Mesa, um documentário de 40 minutos sobre os agrotóxicos que disponibilizou na internet. "É só entrar no YouTube, digitar o título que o filme vai aparecer, com a recomendação de que sejam feitas cópias para ajudar na circulação das informações." Tendler está envolvido em dois ou três projetos neste momento, entre eles, um filme longo sobre o Poema Sujo de Ferreira Gullar e outro sobre a luta dos advogados contra a ditadura militar.
Palavras como humanidade e conscientização não perderam o sentido para esse veterano batalhador. Ele sabe que, à margem das telas, Tancredo - A Travessia conta com as redes sociais para tentar criar um bochicho. Talvez, fora das vias tradicionais, Tancredo termine fazendo um milhão de espectadores - Veneno já fez 100 mil na rede. Tendler põe fé no filme. Muita gente já lhe disse que é seu documentário mais emocionante. Vai ser difícil ficar indiferente diante da integridade do dr. Tancredo, que recorreu à figura mítica de Tiradentes em sua campanha presidencial. Como o inconfidente, o negociador, mineiro até a medula, também era "enlouquecido por liberdade".

Fonte: Estadão

Garimpada

'Bonequinha de Luxo' completa 50 anos


Tinha tudo para dar errado: autor do livro que inspirou o filme Bonequinha de Luxo, o vaidoso Truman Capote queria Marilyn Monroe para o papel de Holly Golightly, a interiorana que cria uma persona para brilhar em Manhattan. Mais: insatisfeitos com uma das canções, os produtores pretendiam extirpá-la. Tratava-se de Moon River, de Henri Mancini e Johnny Mercer. "Felizmente, nada disso aconteceu, Audrey Hepburn ficou com o papel e a música tornou-se um clássico", comentou o jornalista Sam Wasson, autor deQuinta Avenida, 5 da Manhã, lançado recentemente pela editora Jorge Zahar.
Veja também:

Audrey. Elegância com o "pretinho básico" de Givenchy - Divulgação
Divulgação
Audrey. Elegância com o "pretinho básico" de Givenchy
Trata-se não apenas dos bastidores de um filme que se tornou um clássico, mas principalmente do relato de como uma obra contribuiu para transformar a moda, a liberdade feminina e a indústria cinematográfica. O livro chega no momento em que se comemoram 50 anos deBonequinha de Luxo, fato também comemorado pela Paramount, que está lançando uma caixa de DVDs com discos repletos de extras (o making of é imperdível), fotos, livro e uma carta assinada pelo cineasta Blake Edwards.
Wasson conversou com o Estado por telefone e anunciou que já prepara outra biografia, dessa vez do diretor e coreógrafo Bob Fosse que, com Cabaret, Sweet Charity e All That Jazz, revigorou o cinema musical nos anos 1970. "Meu interesse sempre foi grande pelos pioneiros, daí gostar tanto deBonequinha de Luxo."

'Bonequinha de Luxo', clássico do cinemas', completa 50 anosReprodução
 

De fato, a história da moça que chega em Nova York em busca de um homem que a sustentasse, enquanto vive sozinha e disponível para festas e sexo casual, escandalizou o público quando publicada em livro, por Capote, em 1961. "Aparentemente, era um livro inadaptável para o cinema, pois a história não tinha um fim conclusivo, a personagem principal era liberal demais e ainda amiga de um gay", conta Wasson. "E, para completar, Capote queria Marilyn Monroe para o papel principal."
Não era surpresa tal desejo. Segundo Wasson, até aquele momento, as mulheres no cinema eram divididas em duas categorias: boas e más, Doris Day e Marilyn. Se a primeira usava vestidos com cores claras e sempre era premiada por um final feliz, a outra... Bem, as más usavam batom vermelho, decote de parar o trânsito e conquistavam a redenção pela morte ou arrependimento. Assim, nada mais natural que uma das estrelas mais sexy do cinema assumisse o papel.
"Com a confirmação de Audrey Hepburn como Holly, Bonequinha de Luxo modificou essa dicotomia profundamente”, sustenta Wasson, lembrando que a vitória na escalação foi conquistada pela insistência do diretor Blake Edwards. “Foi um importante passo dado por Hollywood, pois uma mulher tão bela e respeitável como Audrey mostrava ser possível representar uma jovem que aprontava sem ser vista como uma menina má."
Claro que a evolução foi tortuosa, pois a atriz chegou a recusar o convite ao perceber (e se assustar com) os detalhes do papel. E a aceitação representou o início dessa consolidação de uma nova imagem feminina. "Não foi fácil para Audrey, especialmente porque ela acabara de ser mãe e também prezava a vida pessoal", conta o autor. "Holly era um papel que negava a imagem que o público tinha dela. Foi muito custoso para os produtores convencerem a Paramount e o marido de Audrey (o ator Mel Ferrer) de que era algo que ela podia fazer."
Outra ousadia estava no figurino. Uma das profissionais mais respeitadas nessa área no cinema, a mítica Edith Head foi obrigada a abrir mão de vestir a estrela do filme, responsabilidade assumida por Hubert de Givenchy. Certamente, até hoje as mulheres de todo o mundo agradecem ao estilista pois a imagem de Audrey, vestida com um "pretinho básico", transmitia uma sofisticação que parecia acessível às garotas que estavam na plateia do cinema, ao contrário dos figurinos da maioria das divas dos anos 1940 e 50.
De fato, na abertura do filme (cena gravada, aliás, na Quinta Avenida, às 5 horas da manhã, daí o título do livro), a atriz aparece diante da Tiffany’s, a famosa joalheria de Manhattan - e Audrey nunca esteve tão encantadora e luminosa. Com o cabelo puxado para trás, óculos escuros e portando uma piteira, ela incorporou uma imagem inesquecível que não esmaeceu com o tempo. Nem todos os muros, porém, foram derrubados. O homossexualismo do vizinho, por exemplo, foi ignorado e Holly não exibe uma vida sexual tão aberta na tela grande. Mas cenas como a de Audrey procurando seu gato pelas ruas de Nova York durante um temporal transformam Bonequinha de Luxo em um dos dramas mais românticos e deliciosos de Hollywood. 

Fonte: Estadão

Thursday, October 20, 2011

Eles precisam do cheiro dos livros

Após uma conversa que tive com amigos esta tarde e, de lembrar a frase: "Um país se faz com homens e livros", de Monteiro Lobato, resolvi escrever este post. Ainda que, na manhã de hoje, durante um seminário do mestrado, discutimos um vídeo americano, no qual uma criança com menos de 5 anos sabia mexer em um tablet, para ver as histórias em quadrinhos, mas não manipular uma revista de papel, no que ela acreditava estar com defeito no dedo e, portanto, não possuía referência sobre impressos.

Parei para pensar o que anda acontecendo. Não, não creio ser ruim a evolução tecnológica, o acesso, o compartilhamento de informações, de meios de comunicação de massa, de livros e conteúdos. Mas, sim, acho estranho matarem os livros, os jornais, as revistas e folhetins impressos. Sei que há derrubada de árvores para a confecção desses produtos da Indústria Cultural, como afirma Edgar Morin, mas sei que são referências culturais. A reciclagem de papel, que há mais de 15 anos é falada, está ai para isso. Sem contar que há o cheiro do livro, coisa que, definitivamente a máquina ainda não pode reproduzir. Afora a história por trás de cada objeto ou, como diria Roland Barthes, cada signo.

Desde os primórdios, a comunicação escrita é uma forma de manifestação do ser humano. Foi evoluindo com as impressões e, no Brasil a circulação de informações impressas deu-se com a chegada da família Portuguesa e das impressões da “gráfica” Vitória Régia. Começou ai, mesmo que baseado em informações da corte, o circular de laudas informativas. Já no que tange o mercado das revistas, os primeiros exemplares vieram em formato de livro, porém adaptando-se ao poder aquisitivo da sociedade, viraram produtos como às mensárias ou semanais que vemos hoje. Ainda no começo dos anos de 1900, livros eram artigos da burguesia.

Mas, o mercado cultural movimentou-se, a sociedade, por meio do trabalho, passou a ter acesso a informações, não só nos jornais e revistas, como conseguiu ter acesso aos livros. Com a chegada de novas gráficas, principalmente no eixo Rio-São Paulo e, com a facilidade de transporte para outras regiões, ao menos no que tange o país tropical, os calhamaços de capa dura foram tomando seu lugar nas estantes das livrarias, na casa das pessoas e nas mãos dos leitores.

Não me imagino, mesmo, sentada em uma cadeira de balanço, em uma tarde fresca, no horário do pôr do sol, lendo com um tablet na mão e virando uma página eletrônica. Não sei como seria ler Fiódor Dostoiévski, Tomas Mann, Ernest Hemingway, Pablo Neruda, Gabriel Garcia Marquez, Mário Vargas Llosa, Machado de Assis, Manoel Bandeira, Jorge Amado, Monteiro Lobato, Dionélio Machado, Guimarães Rosa, Caio Fernando Abreu, Cecília Meireles, Clarice Lispector, dentre muitos outros autores clássicos e contemporâneos, dessa maneira. E, sei que cada obra que tenho, me traz histórias do passado, dos meus antepassados e, o mesmo, ocorrerá aos meus filhos.

Não quero que meus rebentos, que sei que serão dois meninos, vivam plugados em uma máquina, percam o prazer de sentir o peso de um livro, de saber diferenciar o cheiro de uma obra antiga e de um impresso novo. Quero que eles passeiem pelas livrarias, escolham os títulos lendo as orelhas do livro, sentindo seu peso, sua energia. Que sintam o gozo de sentar na cadeira mais confortável da casa, que abram o livro e saboreiem as palavras com a mente e o olfato, que só o livro é capaz de proporcionar. Quero que, como eu, tenham as lembranças do que cada obra minha representou como, até hoje, tenho guardado um livro que me foi presenteado pelo meu avô, ainda em vida. Como sempre fui leitora voraz, mesmo quando não sabia ler ainda eu fingia. Vivia pegando o livro dele para fazer de conta. Foi quando o seu Paulo me disse, que um dia eu teria a obra, como recordação dele. Anos antes de ele perder quase que totalmente a visão, fez uma dedicatória e entregou-me o livro. Eram crônicas de futebol e o livro já estava na casa dos 10 anos, mas igual eu queria, povoou minha infância. Na capa, um pé de jogador em cima de uma bola de futebol, dentro a melhor coisa que li em um livro até hoje. Meu avô dizia: “minha querida, desejo que em tua vida, não pises na bola. Sempre estarei contigo. Te amo, teu avô Paulo”.



Até hoje, o livro conserva as digitais e o cheiro do homem que mais amei em minha vida. Acho que não preciso dizer mais nada, apenas pergunto a quem deseja a “morte” dos livros: como teríamos memórias tão autênticas como esse tipo de dedicatória de próprio punho? 
















Universíade em livro e exposição


O Museu da Comunicação realiza no domingo, 29 de outubro, às 17h, o lançamento do livro Universíade de 1963: a reconstrução da memória através dos jornais de Porto Alegre, da doutora em história, Maristel Pereira Nogueira. O lançamento terá entrada franca e ocorre de forma simultânea com a abertura da exposição homônima, com material de acervo sobre o evento esportivo, realizada em parceria com o Centro de Memória do Esporte da Escola de Educação Física da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

O livro é resultado da pesquisa de mestrado da autora, com referências sobre o contexto histórico e esportivo que cercam o acontecimento, reforçando as possibilidades da utilização da imprensa como fonte para estudos históricos. A publicação aborda o cotidiano da capital gaúcha em sintonia com as circunstâncias político-sociais que marcaram a década de 1960 e o cenário desse evento esportivo: o Ginásio Universitário, atual Ginásio da Brigada Militar e, clubes que abrigavam as competições.

Além dos principais jornais da época, Maristel utiliza depoimentos dos dirigentes e organizadores do evento, dedicando um capítulo especial para as charges. Suas principais fontes são oriundas do acervo de jornais do Museu da Comunicação, de documentos do Centro de Memória do Esporte (ESEF/UFRGS) e de entrevistas com organizadores e dirigentes da U-63.
A exposição pode ser visitada até o dia 15 de novembro, de terça a sábado, das 9h às 18h. Na semana de inauguração o museu abrirá para visitação no domingo (dia 30 de outubro), das 13h às 18h.



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Pesquisa Mundi: Enciclopédias Itaú Cultural: O Itaú Cultural disponibiliza gratuitamente na internet bases de dados sobre diferentes expressões artísticas. Reunidas, estas enciclopé...

Friday, October 14, 2011

Falando sobre rejeição

Esse é o tema central do livro O Próximo Passo, do espírito Marco Aurélio, com psicografia de Marcelo Cezar. Um livro de fato envolvente que mostra três fases da vida dos personagens que povoam a história, apresentando desde o começo da encarnação desses humanos, indo para os momentos de rejeição e que finaliza, apresentando como foram superadas as dificuldades.

Muitos se questionam como uma mãe pode rejeitar um filho, ou vice versa. Mesmo que habitem a mesma casa, mesmo que suas vidas não sejam fisicamente separadas, mesmo que continuem dentro do mesmo núcleo familiar, existem as rejeições, o ignorar a presença do outro. As respostas, inúmeras vezes mesmo que pareçam dessa encarnação, está no entendimento das situações de vidas passadas, onde inúmeras questões negativas podem ter sido vividas por esses espíritos que hoje habitam o mesmo núcleo familiar.

Já vi isso acontecer próximo a mim, as rejeições familiares entre pais e filhos. Nunca compreendi muito bem, embora sabendo que esses assuntos poderiam ser explicados pela pluralidade das existências, mas ao ler essa obra, consegui visualizar melhor não só esse ponto, mas como outras questões que surgem quando reencontramos, na encarnação atual, pessoas que nos causa dois sentimentos adversos: a vontade de estar junto e o medo de estar junto. Comigo aconteceu algumas vezes, acredito que com muitas pessoas. Hoje, após essa leitura, irei rever muitos conceitos meus, muitas situações que deixei passar justamente por essa sensação.

Indico muito a leitura dessa obra, mesmo para aqueles que não enfrentam problemas dentro do seu núcleo familiar, afinal, falar sobre rejeição, entender essa questão e muitas outras, proporciona um novo olhar para o mundo, às pessoas e sobre nós mesmos.



Pimentta do Reino: Press kit não é promoção

Pimentta do Reino: Press kit não é promoção: Isso mesmo, o Press Kit, material organizado pela Assessoria de Imprensa não é um pacote de conteúdo promocional das empresas, ou do seu cli...

Tuesday, October 11, 2011

Democracia, comunicação e cultura são debatidas em Porto Alegre

Objetivo é gerar documento de referência sobre demandas do Brasil para a democratização dos temas

Porto Alegre será sede do encontro regional da Confederação Nacional dos Trabalhadores Liberais Universitários Regulamentados (CNTU), com o tema "Democracia, comunicação e cultura”. O encontro, marcado para o dia 21 deste mês, reunirá intelectuais, artistas, escritores e cineastas para debater políticas que assegurem direitos e acesso à comunicação e à cultura. A ideia é seguir o exemplo do que já acontece com a expansão da infraestrutura para banda larga, o envolvimento da sociedade na regulação das telecomunicações, o estímulo à produção nacional e também a sua difusão nas regiões brasileiras.
As discussões vão gerar a “Carta de Porto Alegre”, documento de referência sobre as demandas fundamentais do Brasil para a democratização da comunicação e da cultura. Segundo o presidente da CNTU, Murilo Pinheiro, a carta “vai produzir o último documento com proposições que serão levadas ao grande encontro nacional”.

Este será o quarto encontro de uma série que a CNTU promove no País, com o propósito de incentivar a participação dos profissionais de formação universitária no desenvolvimento e na política nacionais. Participam do evento o professor da Escola de Comunicação da UFRJ Marcos Dantas; a superintendente executiva da Ancine, Rosana Alcântara; e o professor da PUC-SP Ladislau Dowbor. O cineasta Jorge Furtado, o escritor Luís Augusto Fisher e a atriz Deborah Finocchiaro (Companhia de Solos & Bem Acompanhados) também estarão nos debates.



O encontro será realizado no Deville Hotel (Avenida dos Estados, 1909), das 9h às 18h. As inscrições são gratuitas e abertas ao público em geral, e devem ser feitas através do telefone (51) 3027-3783 ou pelo e-mail edilene@simers.org.br

Confira a programação!

10h30 Democracia e cultura

Rosana dos Santos Alcântara - Advogada e superintendente executiva da Ancine (Agência Nacional do Cinema)

11h30 Debate

12h30 Intervalo para o almoço

13h30 Leitura poética

Deborah Finocchiaro - Atriz - Companhia de Solos & Bem Acompanhados

14h Cultura e comunicação na economia criativa

Ladislau Dowbor - Formado em economia política, é professor titular do Departamento de Pós-graduação da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo) nas áreas de economia e administração

15h Descentralização da comunicação e cultura

Jorge Furtado - Cineasta, roteirista e sócio da Casa de Cinema de Porto Alegre
Luís Augusto Fisher - Escritor e professor de literatura brasileira da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul)

16h Debate

17h Discussão e aprovação da Carta de Porto Alegre

18h Encerramento

Friday, October 07, 2011

Acervo de publicidade aberto para pesquisa


O Museu da Comunicação disponibiliza acervo de publicidade e propaganda para pesquisadores. O atendimento aos interessados ocorre nas quartas-feiras, das 13:00 às 18:00, com agendamento prévio através de e-mail (hipolito-publicidade@sedac.rs.gov.br). Em um primeiro momento, apenas parte do material está acessível: a propaganda política e cartazes que divulgam eventos de literatura.

O setor de Publicidade e Propaganda preserva e reconstitui a memória da publicidade e propaganda no Rio Grande do Sul, além de guardar materiais nacionais e de outros países. São impressos e folhetos de propaganda política e religiosa, cartazes, catálogos, bilhetes de loteria, calendários e brindes.

O local abriga elementos de antigas campanhas publicitárias, como a vassourinha com que Jânio Quadros pretendia moralizar o Brasil, bem como “santinhos” de propaganda dos partidos políticos e candidatos a cargos eletivos das décadas de 1930 até 2010. No local estão também, entre outros materiais, uma valiosíssima coleção de cartazes originais de autoria do artista Nelson Boeira Faedrich, comemorativos de vários eventos, peças publicitárias de diversas agências, algumas das quais nem existem mais, e um material oficial de divulgação do Centenário Farroupilha de 1935.



Wednesday, October 05, 2011

A vida sabe o que faz

E sabe mesmo!  Nós que somos céticos não acreditando nos caminhos que Deus nos oportuniza e, menos ainda em nós mesmos.

Enfim, fazia horas que não destinava esse espaço à literatura espírita. Meus dias andam bem corridos e estava complicado parar e ler algo que não fosse relacionado ao meu mestrado. Passado o período do embate inicial, retomei algumas coisas que amo fazer. Ler sempre foi uma delas. Busquei, então, minhas leituras espíritas e, impressionada devorei o livro A Vida Sabe o que Faz, de autoria do espírito Lúcius, com psicografia da médium Zíbia Gaspareto.

Não contarei toda a história do livro, claro, menos ainda o final, mas adianto que é uma história que se passa no Brasil e na Itália, após a Segunda Guerra Mundial. A narrativa fala sobre encontros, desencontros, vida e caminhos que parecem sem chão. Mas de superação, onde deixa claro que o encontro mais importante e principal de nossa caminhada é conosco! E, a partir desse encontro do EU, nossa ligação com essa energia divina que desce sobre nossa alma todos os dias, que muitas vezes não sentimos, mas que nos dá força para seguir. Busca mostrar a importância de nossa ligação com o criador, que é o alimento para superarmos situações que pareciam complexas demais.

Acima de tudo, essa bela obra traz a lição sobre a importância de acreditarmos em nós, na luz divina que Deus deposita dentro de cada um de seus filhos. Acreditando que todo minuto é um novo amanhecer esplendoroso de reencontros e oportunidades. Mas, só sente sem o véu da cegueira quem se abre para o mundo, podendo então usar todo esse potencial em favor do bem, do bom, do justo, desenvolvendo comportamentos que induzam algo de bom à todos que conosco convivem.