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Professora, Jornalista, Relações Públicas e Mestre em Comunicação Social. Apaixonada pela comunicação e pelo imaginário humano e cultural.

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Monday, October 31, 2011

Garimpada IV

A Rosa do Povo

Síntese de seu tempo, o livro de Carlos Drummond de Andrade retoma o lirismo social dos anteriores e atesta a maturidade do poeta mineiro




Depois das primeiras incursões em uma poesia participante e social em Sentimento do Mundo (1940) e José (1942), Carlos Drummond de Andrade, mineiro de Itabira do Mato Dentro (1902-1987), atinge o nível mais bem-acabado dessa linhagem no livro seguinte, A Rosa do Povo (1945). Composta por 55 poemas, escritos entre 1943 e 1945, a obra desponta como a criação da maturidade do poeta. 

No momento em que a Segunda Guerra Mundial chegava ao fim, o nazi-fascismo deixava de imperar na Alemanha e na Itália e o Estado Novo de Getúlio Vargas fechava seu ciclo, a publicação do livro de Drummond surgia como um manifesto em que se denunciavam as crises de seu tempo e se anunciava um outro, amparado pela onda de esperança no socialismo soviético. Ligado ao Partido Comunista Brasileiro (chegou a ser um dos editores da Tribuna de Imprensa, do PCB, a convite de Luís Carlos Prestes), o poeta elege a luta como força motriz de uma poesia que, até então, se nutria principalmente das idiossincrasias de uma existência centrada no eu. 

Exceções feitas aos poemas O Mito e Caso do Vestido, A Rosa do Povo abstém-se de certos temas comuns na lírica drummondiana, como o amor e o cotidiano apreendido pelo humor. Outras temáticas predominam no livro — as que Drummond identificou na própria obra quando organizou uma antologia poética em 1962 — além do choque social: o indivíduo, a terra natal, a família, a própria poesia e os amigos. 

Foi o lirismo social que tornou o livro tão bem-sucedido ante os leitores. A palavra ganha aqui o poder de transformar o mundo, como se percebe em Nosso Tempo: "O poeta/ declina de toda responsabilidade/ na marcha do mundo capitalista/ e com suas palavras, intuições, símbolos e outras armas/ promete ajudar a destruí-lo/ como uma pedreira, uma floresta,/ um verme".

Fonte: Site Educar para Crescer

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