About Me

My photo
Professora, Jornalista, Relações Públicas e Mestre em Comunicação Social. Apaixonada pela comunicação e pelo imaginário humano e cultural.

Followers

Monday, January 28, 2013

...






Impossível, nesse começo de semana, desejar bom dia, como faço diariamente. Frente ao amanhecer ensolarado de domingo, de brisa suave e de vida pulsante nas ruas, recebemos aqui na região sul notícias da fumaça mortífera que ceifou a vida de, até o momento, 248 jovens. Indivíduos no começo de sua caminhada profissional, humana, afetiva. Eles queriam apenas divertir-se, mas foram chamados de forma estúpida a vida espiritual.

Como espírita e credora na vida após a morte e, ainda, na reencarnação, compreendo que aos olhos de suas programações terrenas estava o termino de suas formas humanas, em matéria, programado para este fim, exatamente como foi. Porém, por mais compreensão que eu tenha do espiritismo, não vejo conforto na situação e, creio que dizer lamentável, horrível, inacreditável, são qualificações não cabíveis ao incêndio na casa noturna Kiss, de Santa Maria.

Assisti a notícia não apenas da morte de gaúchos como eu, mas de seres humanos e isso me dói como nativa do Rio Grande do Sul, me dói como ser humano passível da não compreensão frente ao fato. Eram pessoas, eram jovens que saíram para complementar felicidade e depararam-se com o fim de um ciclo. E esse fim de ciclo atinge a todos nós. Creio que todos os gaúchos morreram um pouco com a tragédia. Eu ao menos morri.

Santa Maria, a cidade onde tenho amigos e parentes, amanheceu fúnebre com toda a razão e, mesmo que pessoas próximas a mim não tenha sido diretamente atingidas pelo ocorrido, digo que lastimar é pouco frente à realidade obscura, em que um lindo dia de sol foi condensado pela fumaça da morte.

Não me cabe fazer especulações da incompetência dos profissionais do local. Mas me compete desejar paz aos que se foram e fé aos que ficaram. Sinceramente não consigo imaginar a existência de uma mãe que está vivendo essa situação surreal e terá que encarar essa realidade até o fim dos seus dias. A ordem da vida alterou-se para essas famílias e para todos nós.

Perdoem-me o egoísmo, o bairrismo ou como quiserem chamar, mas me sinto no direito de sentir essa dor e orar para que as equipes espirituais atendam os desencarnados, os encarnados diretamente ligados aos que partiram à pátria espiritual e a nós que temos essa mancha mortuária para absorver e seguir adiante. E, todos aqueles que de piada fizerem essa situação, minha mais sincera ignorância de sua existência.



Que a paz do senhor esteja conosco!





Tuesday, January 22, 2013

Ler, Viver e Amar




Eu não dava nada por esse livro, mas me surpreendi e ele me deu muito.


Reza a lenda, proferida pelos amantes da literatura e, consequentemente dos livros, que não se deve julgar uma obra pela capa. Eu julguei, mas como a minha cabeça andava pelas tabelas (parafraseando Chico Buarque), li a sinopse e comprei a escritura achando que seria uma leitura divertida mas que exigisse menos de mim. Ledo engano...

Ler, Viver e Amar, obra de Jennifer Kaufman e Karen Mack, editada pela Casa da Palavra, cumpriu seu papel: fez eu me identificar com a personagem, seu enredo, com as passagens e muito mais! Minha surpresa teve início quando me deparei com frases ótimas no começo de cada capítulo, sendo o primeiro uma citação de Jorge Luis Borges. Passei para a narrativa e, incrivelmente, não queria desgrudar! Dora, a balzaquiana e personagem central do volume, estava recuperando-se da separação, mesmo após um ano. Era compulsiva por livrarias e, logicamente, adquirir várias brochuras e, ainda, tomar porre de livros. Sim, porre literário. Em minha opinião e, confirmado por Dora, os melhores.

Ardentemente Dora desejava uma nova vida a partir de uma recolocação no mercado de trabalho, ela era jornalista; um novo amor, mas isso não era prioridade; vencer os traumas de infância e, criar seu próprio mundo. Além, é claro, de sua dedicação nas sempre horas vagas, o que no caso de Dora eram praticamente todos os dias, à porres literários. Submersa em sua banheira de espumas, acompanhada de um copo de vinho, a personagem fazia pilhas e pilhas de livro no seu refúgio, o banheiro, e ia sorvendo o líquido alcoolico e tinto, juntamente com as escrituras selecionadas para a ocasião. Atire a primeira pedra quem nunca buscou respostas nas páginas da ficção.

Identificações do meu “EU” a parte, volto a história de Dora, que se apaixonou por Fred, que trabalhava na livraria que ela ia diariamente e, era formado em Literatura. O romance que tinha ares de similaridade entre almas e corpos, desenrolou-se como um verdadeiro desastre, quando Dora assumiu porque quis, a oferta de amor à mãe e a sobrinha do namorado. Foi quando, da morte da irmã de Fred, drogada, ela deparou-se com o egoísmo masculino, aliás, muito visto nos dias de hoje.

Encontros frutíferos com o ex-marido, o surgimento de um freelancer para o Times aqui, outro ali. Dora começou a reescrever sua vida e, o livro no qual ela é a figura principal, trouxe um legado literário, a partir das contribuições dadas pelas autoras, ao inserir citações de grandes homens da literatura, dos comentários de Dora e, ainda, da lista de livros e autores usados para confecção da escritura, ao final das páginas fictícias. Identificações minhas à parte, confira alguns trechos da obra, dentre eles, o perfil do leitor, projetado por Dora e o ex-marido, Palmer.


“Não importa o que aconteça a você, Dora, você pode sempre escolher um livro.”

“No topo da lista estão os puristas – pessoas que leem com a finalidade de absorver o estilo literário elegantemente construído e saborear as brilhantes metáforas, os personagens inventivos, as figuras de linguagem empolgantes e os diálogos faiscantes. A história é um elemento alheio à questão.

... os acadêmicos – leitores que jamais superam realmente a forma como liam um livro nas aulas de inglês do primeiro semestre, sublinhando ou destacando, dobrando a orelha de determinadas páginas, procurando no dicionário as palavras com as quais não estão familiarizados e rabiscando comentários consistentes nas margens.

Os adoradores de livros vêm em seguida. Eles mantêm seus livros cobertos (e não por que são romances), usam marcadores de páginas e absolutamente nunca deixam o livro tocar o chão. Eles olham para o livro como se fosse um ser com sentimentos, um objeto de desejo vivo, que respira, que precisa ser tratado com absoluto respeito. Eles leem cada palavra, até mesmo as notas de rodapé de página.

Em seguida vêm os leitores que só querem uma boa história tradicional e tem certeza absoluta disso. Eles pulam os longos trechos descritivos, passam os olhos pelas digressões e concentram a atenção em quem, o que e onde até o último grau. Uma subcategoria destes inclui as pessoas que lêem livros em busca de sexo, violência ou qualquer outra propensão particular e fazem uma leitura rápida dos trechos que não os interessam.

O nível mais baixo da cadeia alimentar vem em seguida e inclui os leitores em busca de prestígio, um grupo de imitadores ridículos que não querem realmente ler o livro, mas sim ser visto com ele, como a notória jovem loura pendurada no braço de um magnata. Eles passam os olhos pelo livro para saber o enredo e o carregam por toda a parte como se fosse uma bolsa de grife. Ainda piores são as pessoas que ouvem audiolivros, a nova versão dos livros condensados, ou leem romances baseados em filmes em cartaz. Essas pessoas se consideram leitoras, mas não são. O mais irritante é quando elas entram em uma conversa e agem como se tivessem realmente lido. Eu incluo os leitores narcolépticos nessa categoria de não leitores. Pessoas que usam os livros como sonífero e estão com o mesmo exemplar pousado sobre a cabeceira da cama há seis meses. Também há os leitores de banheiro – você sabe, aqueles com prateleiras de revistas perto da privada com exemplares velhos.

Depois vêm os leitores que gostam de andar nas livrarias dos cafés acalentando capuccinos mornos, monopolizando a mesa durante horas enquanto ocasionalmente leem livros sem comprá-los, deixando-os em pilhas sobre a mesa para que os vendedores os recoloquem no lugar.

E não esqueçamos aqueles que nunca terminam um livro – pessoas que gostam de escolher livros, comprar livros, começar livros, mas o que eles não parecem conseguir fazer é terminar os livros. Eles constantemente enganam a si mesmos, pensando que esse é o livro que vão ler até o fim, e eu até acredito que eles estão bem-intencionados, mas assim como as dietas e as resoluções de ano novo, a vontade de perseverar normalmente desaparece. Devo confessar que às vezes acabo caindo nessa categoria.

A categoria mais frustrante de todas inclui pessoas que leem um livro e simplesmente não entendem. [...] Mas uma vez que eles lhe contam sua análise, não há realmente nada que você possa fazer a não ser mudar de assunto.”

“Um bom amante precisa saber conversar, seduzir, filosofar, ser poético, fofocar, confessar e elogiar. E ter o outro lado, o lado negro, o discurso obsceno, impróprio, que febrilmente descreve em sussurros e murmúrios cada movimento sensacional.”

“A coisa certa – há tantas escolhas diferentes no que se refere a essa questão. Sei que há momentos em que você está disposto a deixar tudo de lado por alguém que você ama e há momentos em que você não está. Os momentos em que você não está, muitas vezes, põem tudo em dúvida e definem o tipo de pessoa que você é. Meu ponto de vista é: você poderá conviver consigo mesmo quando faz tais escolhas? Fred parece estar perfeitamente bem.”

“Ele é um cara que abandona. O que não é nada bom no meu mundo.”

“Eu quero um emprego. Eu quero uma família que seja calorosa e que me ame. Eu quero ser normal e ter meu próprio lugar. Não me interessa se isso está soando burguês. É isso que eu quero. Pronto.”





Monday, January 21, 2013

A MENINA QUE ODIAVA LIVROS

Os livros tem o poder de transformar nossas vidas! 




Sangue e Poder


Readaptando-me à vida social, o que para mim significa ir à cinema, teatro, ler romances e visitar livrarias sem culpa, fui conduzida na noite de sábado pelo meu namorado ao cinema. Django era a proposta.

A película da Tarantino, com duração de quase 3h, deixou-me inquieta na cadeira e, confesso, não consegui pousar os olhos sobre a telona em algumas ocasiões.

O discurso é desenvolvido na região sul dos Estados Unidos, dois anos antes da Guerra Civil. Com clima de faroeste, o filme trás a história do negro Django, encontrado e resgatado durante uma comercialização de escravos, pelo alemão Schultz. E, o que seria apenas uma “parceria” momentânea, onde Django ajudaria o alemão a encontrar certos senhores de engenho para eliminar e receber a recompensa estendeu-se por um rigoroso inverno.

Concluída a estratégia inicial de o negro apontar para o alemão aqueles que este último desejava assassinar, a história de Django, separado da esposa pela venda de ambos à fazendas diferentes, fez com que os dois homens disparassem tiros pela região, recebendo recompensas e guardando dinheiro para comprar Broomhilda, que estava na fazenda Candyland, uma das mais famosas da localidade. Essa ação, iniciada com estratégias mentirosas por parte de Django e Schultz, resulta em uma matança absurda, onde o poder humano compete com o econômico.

Esse choque de poder é visto em toda película. Desde quando homens brancos olham surpresos para Django bem vestindo, em cima de um cavalo e sendo acompanhado por um homem branco. Neste período em que a história é ambientada, o poder é representando, em toda sua forma, pelo preconceito de raça que, teve ecos terríveis não apenas nos Estados Unidos, mas aqui no Brasil também. Um legado estereotipado que vemos até os dias de hoje, quando já há o fim da escravidão física.

O longa-metragem de cenas fortes, por meio da matança de armas, também mostra a crueldade dos homens ditos brancos, que não compreendem que os negros são tão humanos quanto eles e fazem da vida desses últimos, verdadeiros infernos. Vemos nas cenas desde a chibata, até cães comendo um dos escravos que se negava, por falta de condições físicas, a lutar como animal com outro de sua condição escravista.

Mais um filme para pensar e repensar o preconceito e ver, ainda, se hoje não somos escravos de velhos mitos do passado.






Monday, January 14, 2013

Linhas em branco



Já estamos no 14º dia de 2013. Há mais de um mês sem escrever no blog, justifico-me explicando que a mudança, para mim, aconteceu ainda em dezembro de 2012. Sim, mudar de casa é uma baita mudança na vida. Faz-nos remexer em um passado esquecido no fundo dos armários, nos oportuniza rever fotos e escritos que já não faziam parte do nosso consciente. Encaixotar a vida em espaços de papelão coloca nosso imaginário em prática, não há dúvida.

Além dessa mudança que me deixou sem internet e sem muito tempo ocioso, havia a finalização de minha dissertação de mestrado e os eventos de final de ano que me cabem organizar, devido a minha profissão. Confesso: seis dias após a mudança de apartamento, fechamos tudo e rumamos ao litoral.

Passado os festejos de final de ano, 2013 teve seu primeiro dia, nas praias da região Norte do Rio Grande do Sul, chuvoso e nublado. Tive a nítida sensação que, mesmo que houvesse crenças de que ainda em 2012 o mundo terminaria, forças divinas estavam nos ofertando um tempo para reflexão. Assim, ainda restam de linhas em branco, 351 dias.

Eles são a nossa oportunidade de reescrever aquilo que deixamos mal historiado em 2012. De olharmos para o mundo de forma diferente, de fazermos com que o “fim do mundo” não seja a destruição de um planeta. 2013 aponta a chance de mudarmos nossos conceitos, vibrarmos dentro e fora de nós, uma energia mais amena, com mais vontade de um mundo melhor em sintonia com a energia cósmica criadora. É a chance de começarmos a arquitetar a Nova Era, iniciando pela nossa profundeza. Por nosso desejo de sermos melhores.

Nunca foi tão importante a máxima já conhecida de Gandhi: “você deve ser a mudança que deseja ver no mundo.” Iniciemos, nesse 2013!