Readaptando-me
à vida social, o que para mim significa ir à cinema, teatro, ler romances e
visitar livrarias sem culpa, fui conduzida na noite de sábado pelo meu namorado
ao cinema. Django era a proposta.
A
película da Tarantino, com duração de quase 3h, deixou-me inquieta na cadeira
e, confesso, não consegui pousar os olhos sobre a telona em algumas ocasiões.
O
discurso é desenvolvido na região sul dos Estados Unidos, dois anos antes da
Guerra Civil. Com clima de faroeste, o filme trás a história do negro Django,
encontrado e resgatado durante uma comercialização de escravos, pelo alemão Schultz.
E, o que seria apenas uma “parceria” momentânea, onde Django ajudaria o alemão
a encontrar certos senhores de engenho para eliminar e receber a recompensa
estendeu-se por um rigoroso inverno.
Concluída
a estratégia inicial de o negro apontar para o alemão aqueles que este último
desejava assassinar, a história de Django, separado da esposa pela venda de
ambos à fazendas diferentes, fez com que os dois homens disparassem tiros pela
região, recebendo recompensas e guardando dinheiro para comprar Broomhilda, que
estava na fazenda Candyland, uma das mais famosas da localidade. Essa ação,
iniciada com estratégias mentirosas por parte de Django e Schultz, resulta em
uma matança absurda, onde o poder humano compete com o econômico.
Esse
choque de poder é visto em toda película. Desde quando homens brancos olham
surpresos para Django bem vestindo, em cima de um cavalo e sendo acompanhado
por um homem branco. Neste período em que a história é ambientada, o poder é
representando, em toda sua forma, pelo preconceito de raça que, teve ecos
terríveis não apenas nos Estados Unidos, mas aqui no Brasil também. Um legado
estereotipado que vemos até os dias de hoje, quando já há o fim da escravidão física.
O
longa-metragem de cenas fortes, por meio da matança de armas, também mostra a
crueldade dos homens ditos brancos, que não compreendem que os negros são tão
humanos quanto eles e fazem da vida desses últimos, verdadeiros infernos. Vemos
nas cenas desde a chibata, até cães comendo um dos escravos que se negava, por
falta de condições físicas, a lutar como animal com outro de sua condição
escravista.
Mais
um filme para pensar e repensar o preconceito e ver, ainda, se hoje não somos
escravos de velhos mitos do passado.
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