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Professora, Jornalista, Relações Públicas e Mestre em Comunicação Social. Apaixonada pela comunicação e pelo imaginário humano e cultural.

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Saturday, September 05, 2009

“Onde houver desespero, que eu leve a Esperança”

Por Bruna Silveira





Mais do que a realização de um sonho, a Casa de Francisco é um micro mundo e a concretização do servir amando, em todos os sentidos.











Nada de idealismos, vãos pensamentos e uma tentativa que deu certo pelo acaso. A Associação Beneficente Francisco de Assis há 30 anos é uma realidade projetada por um sonho. “Em um sonho real, assisti a reunião de franciscanos que programavam a instalação de sociedade beneficente, senti naquele momento que só me cabia trabalhar para isso”, assim começa a história da Casa de Francisco, contada por sua fundadora e presidente vitalícia Nydia Corrêa da Silva.



Em 1979, Nydia assumiu o tranco e para isso buscou pessoas dispostas a ajudar. A equipe foi formada inicialmente por ela, Yeda Maria da Silva, Enoy Heit dos Santos Coutinho, Annibal Theófilo Martins Carneiro e Gilda Giacomo. “Em uma tarde de reunião criamos o estatuto que rege a casa”, explica a presidente. Dia 9 de junho de 1979 foi fundada, na terra, a Associação Beneficente Francisco de Assis, ou como é carinhosamente chamado hoje, o Chiquinho.




Localizada ao lado do centro Espírita Nossa Casa, no bairro Glória, em Porto Alegre, o espaço foi adquirido através da doação inicial de R$ 8.000,00, venda do carro de uma família que tinha perdido uma filha e, de alguma forma, quis ajudar na empreitada. Disso, inúmeras ações começaram a ser desenvolvidas para a arrecadação de verbas e arrematação do local. Com o sucesso das campanhas, a casa foi quitada e ainda sobrou dinheiro para o mobiliário. “O quartel general foi instalado neste local de dois pisos, fazendo de pouquinho a pouquinho o que hoje resulta no Chico”, comenta Nydia.
O Chico é independente de qualquer outra vinculação, seja com governo ou outras entidades, vive de doações, trabalho voluntário e dedicação. “Nem todas as colaborações são do Rio Grande do Sul. São pessoas que conheceram a Casa em outros Estados também ajudam. Muitas doações vêm da Nossa Casa e, explicando com uma brincadeira que faço sempre, o Chico vive dos desencarnados. Sempre que uma família perde alguém, as doações de posses materiais dos que faleceram nos é entregue”, complementa. Hoje a instituição está completamente organizada. Com o bazar, que movimenta fundos, o número de voluntários é crescente a cada ano. Na Casa de Francisco muito se dá, mas muito se aprende.


“No começo, tentamos várias coisas e fracassamos como a sopa aos carentes e ainda quando oferecemos um espaço onde as mulheres pudessem cozer a roupa de seus filhos, concertar suas e da família e, para facilitar ainda mais disponibilizamos um espaço para que seus filhos fossem cuidados e auxiliados nas necessidades escolares. Mas o que vimos foram mães que não utilizaram o espaço da costura e iam até o Chico para deixar as crianças. Elas não queriam trabalhar. Hoje vejo que as idéias chegam cedo de mais e, em razão disso, abortaram”, comenta Nydia.


Mesmo com os percalços vividos, a casa foi reformada com um projeto da arquiteta Maria Eduarda Velho. Em dezembro de 1997, iniciou-se a obra que é hoje a Casa.


Um dos carros chefe da casa é o Projeto Enxoval do Bebê. Criado inicialmente para mães prostitutas, hoje atende todas as mães, sem questionar a procedência da criança. As genitoras levam para a casa o enxoval completo do bebê, assim como recebem instruções sobre doenças sexualmente transmissíveis, a importância do controle neonatal e a utilização de métodos contraceptivos. Hoje, como a evolução infantil, são confeccionadas roupas para crianças já em idade escolar. Este trabalho é coordenado por Neli Morales e faz parte do Departamento do Caminheiro.

O Chiquinho ainda tem o Departamento Ageu Figueiras Lobo, responsável por atendimentos médicos e psicológicos. O Departamento Alexandre Spillmann trata do material escolar, biblioteca e entrega de livros e revistas. Já a organização de rifas, eventos comemorativos, chás, campanhas e divulgação estão a cargo do Departamento Social. O repasse de doações de roupas e calçados aos assistidos e demais instituições carentes é de responsabilidade do Departamento Ruth Pegoraro.



O Departamento Jacira Andrade realiza mensalmente a entrega de ranchos. Os ranchistas são selecionados pela Assistente Social, Ana Lúcia Marques, e ficam por seis meses recebendo o auxílio. No dia da entrega é feito um encontro com a psicóloga Isabel Teixeira da Silveira. O momento propicia uma conversa para diminuição de ansiedade, elevação da auto-estima e realização de preces. As necessidades destas pessoas são inúmeras, desde uma máquina de cortar grama como apoio ao material escolar dos filhos. Nestes momentos, quem já está há algum tempo participando desta dinâmica conta sobre sua evolução. No mesmo dia é oferecido um lance. Os preparativos de Nuria e Marco Delamônica começam cedo: bolo, cachorro quente, suco e muito carinho. Após é feita, então, a entrega dos mantimentos.





Na Casa de Francisco, que está em 2009 comemorando bodas de Pérolas por seus 30 anos, os mais de 59 voluntários que circulam semanalmente por lá, doam sem cessar, o ano todo, mas ali aprendem muito. Neste ano, um novo projeto inicia-se no Chiquinho: as oficinas de artesanato. As aulas realizadas aos sábados são uma maneira de ensinar a pescar para que as pessoas, ao buscarem auxilio, aprendam a trabalhar em seu favor. Após um período da realização das oficinas, será montada uma feira, aberta à comunidade para que os trabalhos desenvolvidos sejam revertidos em renda para essas pessoas.




“É um mundo a parte, um mini-mundo, ali lidamos com problemáticas humanas e com pessoas. Temos uma equipe muito boa e, o que eu puder fazer para evitar uma guerra, eu vou fazer. Nossa caminhada foi inesperada, mas hoje o Chico auxilia e nos ensina também. Compensa muito”, conclui Nydia.








Bazar do Chico

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