Hoje estava me dirigindo ao trabalho e dois velhinhos magros me chamaram a atenção. Tanto que, mesmo atrasada, não tive a menor pressa em esperá-los chegar até a porta de vidro e ser gentil com eles. É, esta imagem me fez sentir saudades do meu avozinho querido. E que saudade! Chego a estar melancólica de tanta dor que invadiu meu peito.
Saudades de seus longos dedos a fazer um cafuné na minha cabeça, das mãos enormes passando nas minhas costas e me explicando que a maior das dores é capaz de ser superada. Saudades da cara de guloso para o que eu estava comendo e de suas chamadas insistentes do quarto para saber, afinal, o que se passava no resto da casa. Em julho fará 14 anos que meu avô Paulo partiu da terra. Minha perda mais próxima, minha perda mais sentida até hoje e um sentimento de vazio que perdura. Mesmo eu sendo praticante da doutrina espírita, sabendo que ele está bem, tendo já feito contato com meu bom velhinho, compreendendo que de alguma forma ele ainda me faz carinho, sinto saudade de sua matéria ao meu lado.
Ele deixou tatuado em mim um legado de amor. Foi o homem que me deu o carinho paternal que sentia falta quando meu pai não estava, foi o primeiro nome que eu disse na vida – preciso explicar que não falei certinho, de Paulo ele passou a se chamar Palo e até seu último dia foi assim. Era ele quem jogava bola comigo e brincava de esconder chocolates pela casa, mesmo não sendo Páscoa. Era com quem eu conseguia ver os horripilantes filmes do Fred Kruger, era com quem eu comemorava as vitórias do Internacional, com quem eu assistia corridas de carro e quem eu mais senti saudades durante minha viagem de 15 anos. Sim, quando ele pegou o telefone eu me pus a chorar como se tivesse dois anos de idade.
No comments:
Post a Comment