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Professora, Jornalista, Relações Públicas e Mestre em Comunicação Social. Apaixonada pela comunicação e pelo imaginário humano e cultural.

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Wednesday, May 26, 2010

Saudosismo a mil

Com amor, por Bruna Silveira



Hoje estava me dirigindo ao trabalho e dois velhinhos magros me chamaram a atenção. Tanto que, mesmo atrasada, não tive a menor pressa em esperá-los chegar até a porta de vidro e ser gentil com eles. É, esta imagem me fez sentir saudades do meu avozinho querido. E que saudade! Chego a estar melancólica de tanta dor que invadiu meu peito.

Saudades de seus longos dedos a fazer um cafuné na minha cabeça, das mãos enormes passando nas minhas costas e me explicando que a maior das dores é capaz de ser superada. Saudades da cara de guloso para o que eu estava comendo e de suas chamadas insistentes do quarto para saber, afinal, o que se passava no resto da casa. Em julho fará 14 anos que meu avô Paulo partiu da terra. Minha perda mais próxima, minha perda mais sentida até hoje e um sentimento de vazio que perdura. Mesmo eu sendo praticante da doutrina espírita, sabendo que ele está bem, tendo já feito contato com meu bom velhinho, compreendendo que de alguma forma ele ainda me faz carinho, sinto saudade de sua matéria ao meu lado.


Senti muito não poder comemorar com ele quando passei no vestibular, quando arranjei meu primeiro emprego, quando me senti perdida, quando retomei a vida acadêmica, quando me formei de novo. Quem eu procuro para contar minhas coisas boas e ruins. Mas tenho certeza que de alguma forma ele me escuta e sabe de tudo. Senti vazio ao comemorar a chegada de minha época balzaquiana, de mostrar como funciona uma câmera digital, um notebook, um iphone, coisas que certamente ele iria amar.

Ele deixou tatuado em mim um legado de amor. Foi o homem que me deu o carinho paternal que sentia falta quando meu pai não estava, foi o primeiro nome que eu disse na vida – preciso explicar que não falei certinho, de Paulo ele passou a se chamar Palo e até seu último dia foi assim. Era ele quem jogava bola comigo e brincava de esconder chocolates pela casa, mesmo não sendo Páscoa. Era com quem eu conseguia ver os horripilantes filmes do Fred Kruger, era com quem eu comemorava as vitórias do Internacional, com quem eu assistia corridas de carro e quem eu mais senti saudades durante minha viagem de 15 anos. Sim, quando ele pegou o telefone eu me pus a chorar como se tivesse dois anos de idade.


Mas ele foi mais que tudo isso para mim, ele foi meu herói e meu bandido, meu doce amor. Suave como brisa, ainda hoje sinto seu perfume quando fora da matéria chega perto de mim. Em nossos sonhos, estamos sempre felizes e fazendo coisas boas. Estou sempre aprendendo com ele. Aprendendo a amar mais, a ser mais humilde e compreensiva, a ser mais humana, aprendendo a perdoar e a pedir perdão e a encarar meus problemas. Mas ainda afirmo, ele deixou mais, ele foi mais do que estas simples linhas podem explicar. Nosso amor não se explica se sente e muito.


Faltava um dia criar coragem e escrever algo sobre uma pessoa que é tão importante na minha vida, que me faz sentir amor incondicional e quem eu quero ver assim que colocar meus pés do outro lado da vida. Até lá, vou dando um jeito na saudade e tendo certeza que sempre que ele pode, está ao meu lado de sorriso largo, como aqueles que diariamente ele costumava fazer para mim. O texto para ele está aqui, nem um pouco a altura deste ser fenomenal que ele foi na terra e continua sendo no astral. Mas aqui está o que a emoção me deixou escrever, a forma que encontrei para homenagear meu grande Palo, aquele que eu desejo encontrar em todas as minhas vidas.




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