Por Bruna Silveira
Diz Manoel Castells*: vivemos em uma sociedade de rede, com “nós” interconectados. Estamos, hoje, todos fadados a conexão. Dentro da rede. O regional virou nacional que virou global e todo mundo esta no mesmo “sitio”. Existem vantagens? Sim. Desvantagens? Muitas, inúmeras na minha humilíssima opinião. Ao mesmo tempo em que podemos conhecer locais novos, culturas diferentes e interagir com elas, perdemos nossa identidade. Ou seja, continuamos sabendo quem somos mas, na rede, somos o que somos? Ou melhor, continuamos únicos ou uma avalanche copiadora humana nos assola no asfalto. Em se falando de web, nos afoga em um oceano sem fim.
Redes sociais como Orkut, Facebook, Twitter, Second Life entre outras que surgem a cada dia, proporcionam interação entre os seres humanos. A realidade hoje esta mais para o que nos apresentamos ser ali do que verdadeiramente somos. Amigos se reencontram, se encontram, se desconhecem... A facilidade do roubo de identidade é enorme. É a realidade virando virtual ou vice-versa? Uma questão a se pensar.
Para sermos aceitos na sociedade em rede precisamos mostrar um perfil alegre, com fotos de propaganda de margarina, temos que estar sempre de bom humor, citar frases felizes e jamais deixar que percebam o que vai no nosso íntimo. Até certo ponto, acho isso muito válido, invasão de privacidade é o fim e isso a rede proporciona e muito. Mas questiono porque não podemos ser o que realmente somos. Temos que expor algo que nem sempre é verdadeiro ou passamos a ser pessoas chatas.
A entropia ultrapassa as redes, se fazendo dentro delas e saindo para a sociedade real, ou, saindo do real para o virtual. Ao mesmo tempo em que descobrimos o mundo, somos descobertos por ele. E, muitas vezes nossos gostos, perfis, frases e até amigos são “roubados”. O que antes não tínhamos muito conhecimento, o que era apenas marginalizado, hoje se torna comum na sociedade de rede: o roubo de personalidade. Ele existe sim, vem de onde menos se espera.
As ligações ilimitadas que podemos fazer por um clique, mostram que pessoas sem personalidade podem roubar a sua. Podem querer ter amizade com pessoas do seu circulo real que elas nem conhecem, apenas descobrem que são seus amigos. E não falo de desconhecidos dentro de sua rede, falo de pessoas próximas, que também estão ligadas pela máquina tecnológica. De repente, você se vê projetado no, se perde, pensa que viu errado e daqui um pouco parece que o original é o genérico. Sim, isso existe nesse ambiente e não falo de hackers entrando no seu computador, falo de amigos dentro de seu perfil social.
Em um perfil social obviamente seus gostos começam a desenhar sua personalidade e isso é um problema. Acredite em mim, isso existe e, reafirmo, não vem de um desconhecido.
Muito cuidado é pouco ao mostrar-se como você é! Por mais que suas informações sejam protegidas, existem pessoas que tem acesso e podem pegá-las, usá-las, deturpá-las e ainda borrar sua imagem. Regrinha básica do marketing pessoal: seja você com todo glamour que puder, mas esteja preparado para o rebote.
Sei que muitos podem não concordar com meu ponto de vista. Sei ainda que muito deve ser falado sobre isso. Mas me preocupa deveras o fato da falta de respeito e, principalmente, da intimidade que se perde na rede. Como se você tivesse obrigação de estar sempre conectado, sempre em contato com as pessoas. Nem sempre é isso que se busca. A sociedade em rede vai além de relações sociais. Ela abre um mundo de conhecimento e, só quem realmente vê isso, deixa de lado as buscas incessantes pela vida dos outros e vai construir seu próprio universo. O mundo esta em suas mãos e você nas mãos do mundo.
*Manoel Castells é sociólogo, autor do livro Comunicación y Poder, Alianza Editorial.
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