Amante das notícias, apaixonada por palavras, textos, informações, vida, morte. O universo pulsa, mais do que se vê, mais do que se pode falar, é apaixonante! E aqui, um blog de variedades, dicas de livros, filmes, comunicação, gastronomia e uma infinidade de coisas. Sinta-se em casa!
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- Bruna Silveira
- Professora, Jornalista, Relações Públicas e Mestre em Comunicação Social. Apaixonada pela comunicação e pelo imaginário humano e cultural.
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Wednesday, November 20, 2013
A Casa dos Espíritos
Desde
que li Paula, nutri uma paixão avassaladora por Isabel Allende. Descobri na
biblioteca de minha mãe, várias obras da autora. Outras tantas eu fui
adquirindo nas livrarias e sebos. Dos achados nas prateleiras de mamãe,
deparei-me com um exemplar de 1982, de A Casa dos Espíritos. Lembrei que quando
ainda nova, lá pelos 15 anos, tentei ler essas linhas. Não deu certo. As letras
miúdas cansaram meus olhos adolescentes. Fiquei no filme, lançado em 1993 e que
faz parte de meu acervo visual.
Após
longos 19 anos, senti uma atração pela escritura. Puxei da prateleira, pois
agora o livro é de minha posse, e deliciei-me. Como uma criança que redescobre
o sabor de uma bala de goma vermelha, lambuzei-me com as 364 páginas de
Allende. A Casa dos Espíritos foi o primeiro alfarrábio da autora e apresenta
forte presença de gêneros discursivos, dando um tom jornalístico ao final,
quando resgata o governo socialista de Salvador Allende e os primeiros anos da
ditadura de Pinochet, no Chile. Nesse texto, e em todos os outros, Isabel
Allende traz a recusa de postar-se como uma poetisa hermética de versos
bonitos, compreendidos apenas pelos amigos próximos.
Durante
a leitura, impossível não remeter meu imaginário a algumas cenas do filme.
Afinal, foi ele quem me fez companhia em várias noites juvenis. Pela estética,
pela história e pela minha aproximação, não apenas por narrativas amorosas, mas
por identificação pessoal com aqueles que acreditam em um mundo paralelo ao
nosso, povoado por espíritos amigos. Sentindo tantas afinidades, achei as
linhas que povoaram minha mente, esteticamente mais belas que as cenas da
película.
A
narrativa composta por três vozes, a de Clara, protagonista da história, Esteban
Trueba, seu consorte e Alba, neta do casal, filha de Blanca com Pedro Terceiro,
trazem uma fábula que me soa como uma biografia. Clara, a irmã mais nova de
Rosa, vivia a sombra da beleza da consanguínea, marcada por uma beleza mística,
de longos cabelos verdes. Essa última era noiva de Trueba e vivia a bordar
seres imaginários. Clara apenas era a menina de fios loiros, dona do canino
Barrabás. E é a chegada do animal que inicia e encerra o livro. O progenitor de
Clara, interessado em fazer parte da política chilena, principia seus
movimentos políticos e é presenteado por uma bebida envenenada, que é tomada
por Rosa. A morte, prevista por Clara, fez a menina ficar sem falar e marcou o
primeiro, de tantos momentos negros e de silêncio que passaria em sua vida.
Trueba,
por sua vez, sentiu-se viúvo antes mesmo de casar com sua amada Rosa. Largou a
vida na mina, tratou de levantar a fazenda Las Tres Marías, que estava
abandonada e era de propriedade de sua família, e garantir financeiramente o
sustento de sua mãe doente e de sua irmã dedicada, Férula. A vida no campo lhe
gerou solidão, o que fez com que dormisse com todas as mulheres da propriedade,
familiares dos colonos que para ele trabalhavam. O resultado foi à geração de inúmeros
filhos bastardos pela propriedade. Apenas um deles levou seu nome: Esteban
García. Cansado de tanto isolamento e de noites avulsas, ele decide voltar à
cidade e encontrar uma mulher para desposar. E nem a diferença de idade impediu
a união de Trueba e Clara.
Diferentemente
do filme, na história original posta por Allende, Trueba amava Clara com todas
as suas forças. E Rosa era um passado, mesmo mal enterrado, no coração do
homem. A união do casal fez brotar uma amizade forte entre Clara e Férula, após
a perda da mãe, e resultou no nascimento de Blanca, a primeira filha do casal. Dessa
união, ainda nasceram os gêmeos. E, assim como no filme, Clara conversava com espíritos,
tinha premonições e fazia anos a fio de silêncio quando algo a machucava
profundamente. Tinha sido assim na morte da irmã Rosa e, durante sua vida de
casada, quando Trueba descobriu o envolvimento da filha Blanca com Pedro
Terceiro, filho de Pedro Segundo, o braço direito do patrão de Las Tres Marías.
Na
escritura, Trueba força a filha a casar com trambiqueiro um francês, para
esconder a gravidez, resultado do amor com Pedro Terceiro. Mas, quis o destino
que Clara voltasse da França para deixar vir ao mundo Alba. Pela filha, a vida
de Clara ficou dedicada aos cuidados do lar e de seu coração sem amor, longe de
Pedro Terceiro.
Tudo
parecia organizado, quando a casa da esquina – feita especialmente para Clara –
recebia a visita das irmãs Mora para que os espíritos fossem evocados. Um vai e
vem de pessoas carentes fazia parte da rotina da família, uma vez que Clara possuía
instinto social e Trueba passou a meter-se com política. Até, Blanca reencontrar-se
com Pedro Treceiro. E, nessas idas e vindas políticas, retratadas na obra, que
circulavam entre o socialismo e a ditadura, Trueba se viu viúvo e único a ter a
chance de ajudar o grande amor de sua filha. O casal de enamorados, abençoados
por Trueba, partiram para outras terras. Ao velho viúvo restou o final da
criação de Alba. E, diferente do filme, ela foi quem teve envolvimentos
políticos, também por amor à Miguel, sendo levada por homens da ditadura de
Pinochet, ficando nas mãos de García, seu tio bastardo. A tortura foi ao ápice,
com choques elétricos, surras e abusos sexuais. Como o progenitor da família
havia perdido seu poder, contou com a sorte e a ajuda de sua ex-amante, para livrar
a neta das garras ditatoriais.
A
lição de Trueba, não vista no filme, mas escriturada por Allende, se
concretiza, após entrar em ação a maldição da irmã Férula, expulsa por ele de
sua casa, por seu relacionamento estreito com Clara. E foi velho e encolhido,
que Trueba morreu nos braços da neta. Seus dias de demônio haviam ficado para
trás, com a perda da esposa, quando precisou rever seus valores para ajudar sua
filha e sua neta, que viviam amores e dores. E, como começa a história desse
livro, com a chegada de Barrabás, encerra-se, quando Alba lê nos livros de
anotar a vida, feitos por Clara, sobre a chegada do cachorro fisicamente mal
composto, na casa de sua família.
Thursday, October 24, 2013
Talk show pela conscientização
Que
pedofilia é crime, todo mundo sabe. O que as pessoas desconhecem é como
identificar o perfil de sujeitos que utilizam essa prática, que tem sido
facilitada, principalmente, na Era em rede.
Para
debater esse assunto delicado, o Talk Show foi o formato escolhido. Unindo a
leveza da atração e a seriedade do assunto, a difusão das informações e a troca
de experiências referente ao tema, serão mediadas por Casé Fortes, Promotor da
Infância e Juventude do Estado de Minas Gerais.
O
evento tem entrada franca e acontecerá no sábado, dia 26 de outubro, das
18h30min às 21h30min, no Shopping Paseo, localizado na Av. Wenceslau Escobar,
1823, bairro Tristeza, em Porto Alegre/RS.
Durante
a ação, Fortes, que é Coordenador do Movimento Nacional Todos Contra a
Pedofilia, falará também sobre a Campanha local intitulada ‘Todos Contra a
Pedofilia na COPA 2014 – Porto Alegre Zero Pedofilia’, que é organizada aqui na
capital pelo Instituto Visão Social e Fundação O Pão dos Pobres.
Além
disso, os presentes poderão prestigiar a apresentação dos músicos Edu Garcya,
Rodrigo Munari e Tássia Minuzzo. No local será realizada a troca solidária das
camisetas com o mote da campanha, com o objetivo de angariar recursos para as
próximas ações.
O
evento conta com apoio do Blue Tree Milenium Flat Porto Alegre, Café Du Soleil,
do CIEE/RS, GAB Sul, Garimpo Brasil Soluções em Comunicação e Eventos,
Instituto Eckart, Paseo Zona Sul, Soleil Cultural 360º, Toda Vida e Programa de
Rádio Visão Social. A realização é do Instituto Visão Social, da Fundação O Pão
dos Pobres e Todos contra a Pedofilia.
Serviço:
O
QUE: Talk Show ‘Todos Conta a Pedofilia’ com
apresentações
dos músicos: Edu Garcya, Rodrigo Munari e Tássia Minuzzo.
QUANDO:
26/10
HORÁRIO:
Das 18h30min às 21h30min
ONDE: no Shopping Paseo - Av. Wenceslau Escobar,
1823,
Bairro
Tristeza, em Porto Alegre/RS
ENTRADA FRANCA
Tuesday, October 01, 2013
Sunday, September 08, 2013
O Príncipe da Névoa
Há
bastante tempo sem postar aqui no blog, retomo minhas escrituras com um autor
que caiu no meu gosto há dois anos: Carlos Ruiz Zafón. Desde que li A Sombra do
Vento, percebi na contemporaneidade, um autor que remete a grandes discursos
literários, coisas do século XIX.
Em
A Sombra do Vento, fiquei apaixonada e, tudo que estivesse disponível de Zafón,
queria ler. O mesmo deu-se quando me deparei com o Príncipe da Névoa, em uma
livraria. Já fazia alguns meses que tinha adquirido a obra e agora me pus a
ler.
Nessa
obra, fiquei cara a cara com a história da família Carver, que no verão de 1943
deixa a cidade da guerra – nessa data, a Alemanha vivia o terror da Segunda
Guerra Mundial, que ceifava vidas e arruinava negócios, ou seja, eliminava
todas as possibilidades de existência humana – indo com sua família viver na
costa leste do Atlântico. Assim, Maximiliano Carver resolve estabelecer sua
relojoaria em um local que era carente de tal negócio. Andréia, sua esposa e
seus filhos, Irina, Alícia e Max não tiveram escolha, se não fazer as malas.
Navegando
pelo oceano azul, a família aponta no local de sua nova morada e, já de entrada
os mistérios da localidade se fazem presentes. E, como não poderia deixar de
ser em um romance de Zafón, o suspense toma conta da narrativa.
Max,
ao explorar a cidade de bicicleta, conhece Roland, com que firma amizade. Em suas
idas a praia com o amigo, Max passa a levar de companhia a irmã Alicia. Enquanto
os rapazes mergulhavam para explorar o Orpheus,
barco naufragado naquela costa, Alicia alimenta seus sonhos juvenis com o amigo
do irmão. Sonhos que não demoram a virar realidade, levando Alicia passa a
explorar as profundezas do mar ao lado do amado e o frenesi adolescente.
Nesse
ínterim, Maximiliam descobre, na garagem da casa, vídeos feitos pela família Fleischmann.
A residência fora construída por Richard, famoso cirurgião de Londres, em 1928.
Ainda como na ocasião de sua construção, a moradia continuava sendo excêntrica
aos olhos dos moradores locais. Na casa da praia, viveu Richard e Eva, sua
esposa. A casa havia sido vendida após a morte do filho do casal, Jacob e, na
sequência do próprio médico. De Eva, ninguém sabia. E, é essa história e essa
casa, que envolvem todo o mistério da trama de Zafón.
Passado
algum tempo de amizade entre os jovens, e após Max ter descoberto no jardim de
sua residência o cemitério de estátuas mutantes, é inevitável o encontro dos
adolescentes com o avô de Roland, Victor Kray. Situações sinistras estavam
acontecendo com Max e sua família desde não só a descoberta das estátuas em seu
jardim, como das investigações no Orpheus.
Uma coisa estava relacionada à outra, assim como a história de Kray, também
faroleiro da região, Roland e a família Fleischmann.
Com
um mal súbito sofrido por Irina, a filha mais nova da família Carver e a
estadia forçada dos pais com a garota no hospital, a liberdade se fez à Alicia,
Max e Roland. Para tentar desvendar os mistérios que envolviam os três,
ligando-os com o Príncipe da Névoa, que habitava o Orpheus e tantos outros lugares da cidade, foi preciso esforço e
saúde de todos, juntamente com o faroleiro.
No
desenrolar da escritura, vem a tona a identidade de Roland, que era Jacob, o
filho supostamente morto dos proprietários da casa da praia onde hoje vivia a
família Carver. Seu não parentesco de sangue com Kray, mas somente de coração,
já que esse tinha vivido na adolescência um triângulo amoroso com Eva e Richard.
Esse último fez, então, um pacto com Cain, Príncipe da Névoa, para tirar de circulação
Kray e casar-se com Eva. Em troca do favor, à Cain seria dada a vida do
primeiro filho do casal. E, foi para driblar esse escambo, que a vida dos três
une-se novamente e envolve, anos depois, Max, Alicia e Roland.
Mais
um romance de mistério de Zafón, destinado ao publico juvenil, mas com ideias
de atingir todas as faixas etárias para consumo discursivo. Deixa a desejar,
novamente, por ser deveras fantasioso e, por ser o Príncipe da Névoa, composto
fisicamente por água. Dentre outros imaginários pueris. Talvez por isso, o autor
tenha deixado para publicar a contento essa obra, após sua afirmação com A
Sombra do Vento. Vale a leitura pelo envolvente enredo, e para quem gosta de
ficção ao extremo, somado a boas doses de mistério. A obra não traz uma linguagem
tão rebuscada como A Sombra do Vento, e o Anjo de Vidro, mas confesso que
fiquei surpresa ao deparar-me com a palavra “bocarra”, a muito extinta do
vocabulário literário. Acho que Zafón poderia ter dado mais por essas linhas. Igual,
ainda pude me deparar com belos parágrafos, bem redigidos se comparados a
ilusória história.
Confira
alguns deles:
“Enquanto
os outros dormiam, esperou a chegada inevitável daquele amanhecer que marcava a
despedida final do pequeno universo que tinha criado para si mesmo ao longo dos
anos. Passou aquelas horas em silêncio, estendido na cama com o olhar perdido
nas sombras azuis que dançavam no teto de seu quarto, como se esperasse que se
transformassem num oráculo capaz de desenhar seu destino daquele dia em diante.”
“Soube
que não importava qual era o destino daquela viagem, nem em que estação o trem
iria parar; daquele dia em diante, nunca mais viveria num lugar onde não pudesse
ver, toda manhã ao acordar, aquela luz ofuscante que subia até o céu como um
vapor mágico e transparente. Era uma promessa que fazia a si mesmo.”
“O
relógio não estava desregulado; funcionava perfeitamente, mas com uma
peculiaridade: andava para trás.”
“Vestiu-se
em silêncio, desceu a escada com cuidado, para não acordar o resto da família,
e foi para a cozinha. As sobras do jantar da noite anterior permaneciam na mesa
de madeira. Abriu a porta e saiu para o pátio. O ar frio e úmido do amanhecer
mordia a pele.”
“Uma
densa névoa azulada se arrastava do mar até a cabana como um espectro
ofuscante, e Alicia ouviu dezenas de vozes que pareciam sussurrar dentro da
neblina. Fechou a porta com força e se apoiou contra ela, decidida a não se
deixar levar pelo pânico. Sobressaltado pelo ruído da porta batendo, Roland
abriu os olhos e levantou com dificuldade, sem entender muito bem como tinha
chegado lá.”
“O
tempo, meu caro Max, não existe: é uma ilusão. Até o seu amigo Copérnico teria
descoberto isso se tivesse tido tempo, justamente. Irônico, não é mesmo?”
“Roland
lutou contra a dilacerante agonia que atormentava sua perna e procurou o rosto
de Alicia na penumbra. A garota estava de olhos abertos e se debatia à beira da
asfixia. Não poderia conter a respiração nem mais um segundo e as últimas
borbulhas de ar escaparam de seus lábios como pérolas portadoras dos instantes
finais de uma vida que se extinguia.”
Friday, April 26, 2013
Onde a Esperança se Refugiou
Porto Alegre lança exposição “Movimento de Justiça e Direitos Humanos – Onde a Esperança se Refugiou”, que faz revelações inéditas em resgate histórico da luta contra as ditaduras da América Latina.
Com depoimentos inéditos de sobreviventes, e documentos do acervo do Movimento de Justiça e Direitos Humanos (MJDH), a exposição busca resgatar para as novas gerações, a história da resistência ao terrorismo de Estado que, através de aparatos repressores oficiais e clandestinos, promovia prisões ilegais, tortura, morte e desaparecimento de pessoas.
A mostra apresenta o papel do MJDH no processo de resistência às ditaduras da América Latina, fazendo um recorte de tempo-espaço a partir dos anos 1960 até os dias atuais, valorizando as suas dimensões históricas, políticas e pedagógicas, com o objetivo de levar às novas gerações informações, consciência e experimentação desse período conturbado e sangrento da America Latina.
Organizada e dividida em cinco eixos, a mostra traz políticas de memória com um acervo de mais de 2 mil fotos desse período, incluindo 366 rostos das vítimas da ditadura militar no Brasil.
Data: 26 de abril a 5 de maio
Horário de visitação: segundas a sextas-feiras, das 14h às 19h; sábados, domingos e feriados das 9h às 19h
Onde: Centro Cultural Usina do Gasômetro (Av. Presidente João Goulart, 551, Centro, Porto Alegre)
Entrada franca
Mostra de Cinema: 30 de abril a 5 de maio, na Sala P. F. Gastal – Usina do Gasômetro
Realização: Ministério da Cultura – Lei Rouanet de Incentivo à Cultura, patrocínio da Petrobras e Cia. Energética Rio das Antas (Ceran), apoio da Prefeitura de Porto Alegre/Usina do Gasômetro, Arquivo Público de São Paulo e Arquivistas Sem Fronteiras/Brasil.
Monday, April 22, 2013
Sunday, April 21, 2013
O amor da repressão
O Chile enfrentava as nuvens negras da ditadura, quando
Irene e Francisco encontraram-se. Ela, jornalista, moradora da casa para idosos
“Vontade de Deus” – residência adaptada por sua mãe, Beatriz, para poder viver
quando o pai de Irene as abandonou – tinha impresso em seu espírito a urgência
de viver em liberdade. Ele, formado em psicologia, não conseguiu firmar-se na
profissão de curador de mentes e, investiu sua vida profissional na atividade
de fotógrafo. Vindo de uma família exilada pela ditadura de seu país, Francisco
conhecia através de suas vivências infantis e, pelos depoimentos de seu pai,
professor Leal, as cicatrizes deixadas por governos ditatoriais.
Trabalhando ambos na mesma empresa jornalística, era rotineira
a saída de ambos, juntos, para o desenvolvimento de alguma pauta. E foi, quando
buscavam falar sobre a menina dos milagres, Evangelina Ranquileo que encontraram
as maiores histórias de dor e salvaram-se pelo amor.
Ao se envolverem com a milagreira, atividade que não era bem
vista pelo governo militar latino americana, envolveram-se com o sumiço de
Evangelina, a dor de sua família e a luta desenfreada pela busca do paradeiro
da menina. Nesse ínterim, mais histórias paralelas compõem o romance “De Amor e
de Sombra”, de Isabel Allende, traçando a tragédia que atingiu vidas durante o
período ditatorial chileno, unindo humanos pela liberdade de ir e vir.
Escrito na década de 1980, “De Amor e de Sombra” nos faz
refletir sobre nossos pares, visto que Irene, com sua irreverência, sentido de
liberdade e comportamento feminista e justo, relacionava-se desde a infância
com um rapaz que tornou-se militar. O noivo da morte, como era chamado por
Francisco deixava sua amada por longos períodos para cumprir sua atividade
profissional. Já Francisco, e seu senso libertário por imagens, pela justiça e
pelos direitos humanos, estava ao lado de Irene quando foi descoberta não só a
ossada de Evangelina Ranquileo, mas a de muitos outros ceifados da vida pelas
mãos dos governantes. Por ironias do destino, no dia que Francisco e Irene
encontraram os cadáveres na Gruta dos Riscos, a vida se apresentou para eles
através do amor que ambos nutriam em segredo um pelo outro. E foi no limiar do
encerramento de vida, que fez-se a construção de uma outra.
A repercussão da descoberta por Irene e Francisco,
ultrapassou as fronteiras do Chile, ganhou o mundo e a mulher que encantava os
idosos da casa onde vivia, se viu entre a vida e a morte. E, a reconstrução
individual do casal, como a edificação dessa união, apresentou-se de maneira
forçada, através do exílio.
Nessa escritura de Allende, mais uma vez, vemos que uma
ditadura arranca do seio social pessoas que lutam por justiça e limita o ir e
vir de cidadãos. Racha famílias, coloca pais e filhos, geograficamente, em
lados oposto do globo terrestre. Mas, mesmo com toda sombra capaz de fazer,
fica comprovado nessa história real, que jamais situações como essa, podem
manchar um verdadeiro amor.
Tuesday, April 16, 2013
Murais da Biblioteca Pública do RS
Jornal Correio do Povo, 15 de abril de 2013. Nota sobre pinturas murais da Biblioteca Pública do Estado do Rio Grande do Sul.
Tuesday, March 19, 2013
História do Mobiliário – Da Antiguidade ao Design Contemporâneo
Foto: Cadeira de Salvador Dali. Século XX
Será
realizada, a partir de 20 de abril, a oficina “Da Antiguidade ao Design Contemporâneo.
O objetivo é tratar a produção do mobiliário da Antiguidade ao século XVIII; o
processo de industrialização, no século XIX; os pioneiros do design e a
Bauhaus; as correntes estilísticas na produção do móvel, nos século XX e início
do século XXI.
A
abordagem se dará através da análise de imagens vinculadas a cada período, e a
utilização de recortes de filmes que podem contextualizar e reconstituir o
ambiente e a utilização deste segmento.
Público Alvo: Designers,
arquitetos, diretores de arte, cenógrafos, historiadores, estudantes e
interessados em geral.
Serviço:
Local:
Museu de Comunicação Hipólito José da Costa
Rua:
Rua dos Andradas, 959 - Porto Alegre/RS
Período:
20 de abril a 20 de julho de 2013
Sábados
das 9h às 12h
Valor
da inscrição: 290,00 ou 4 x R$ 85,00
Informações
e inscrições: E-mail: marjanedeandrade@gmail.com
e
no site http://gabinetedearte.blogspot.com
As
vagas são limitadas!
Monday, March 18, 2013
PRÉ-ESTREIA E DIVULGAÇÃO DA PROGRAMAÇÃO da 6ª FestiPoa Literária
A FestiPoa Literária vem chegando na sua sexta
edição. Até agora você já sabe que o homenageado da vez é Cristovão Tezza
(autor do celebrado O Filho Eterno) e terá como anfitrião o professor e
escritor Altair Martins (A Parede no Escuro e Enquanto Água). Mas as novidades
não param por aí, temos quase uma centena de convidados - entre autores,
críticos, teóricos e outros tantos amantes da literatura. E toda essa lista de
participantes, encontros e oficinas já tem data para ser divulgada: dia 16 de abril
(terça-feira), em grande evento no Teatro do SESC-RS, às 19h.
A Pré-estreia e divulgação da programação da 6ª
FestiPoa Literária terá como atrações painel sobre a obra do homenageado
Cristovão Tezza e apresentação da Orquestra Villa-Lobos. O painel será
conduzido pelo jornalista Carlos André Moreira e pelo escritor Altair Martins.
Já o concerto contará com a presença dos solistas Dudu Sperb, Leandro Maia e
Pedrinho Figueiredo - a regência ficará por conta de Cecília R. Silveira.
O evento tem entrada franca
Serviço:
DIA 16/04
(TERÇA-FEIRA)
19h – Apresentação
da programação
19h15 - Painel
sobre a obra do homenageado CRISTOVÃO TEZZA. Convidados: ALTAIR MARTINS e CARLOS
ANDRÉ MOREIRA.
20h – Apresentação da Orquestra Villa-Lobos,
com participação dos solistas DUDU SPERB, LEANDRO MAIA e PEDRINHO FIGUEIREDO.
Regência: CECÍLIA R. SILVEIRA.
Teatro do SESC-RS - Av. Alberto Bins, 665.
Telefone: (51) 3284 2070
ENTRADA FRANCA
[Fonte: Assessoria FestiPoa Literária]
Sunday, February 24, 2013
Bem-vinda, Emily Giffin
Em função
da grande parte dos meus livros estarem encaixotados, ainda durante o mês de
janeiro, fui à livraria e apostei em uma escritura que, conforme me disseram,
estava fazendo sucesso. Eram três livros da mesma autora. Mas, preferi investir
em um, apenas, para depois, se fosse o caso, adquirir aos demais. Entrei em férias
e apostei em Emily Giffin. E, não havia nem terminado a leitura quando resolvi
comprar os títulos disponíveis na Feira do Livro de Atlântida Sul. Fiquei
extremamente surpresa com a forma de elaborar suas histórias e, ainda, com a
forma em que expõem as tramas de seus personagens fictícios. Embora eu ache que
Giffin tem certa obsessão por mães solteiras, independente disso, seu discurso
nos faz repensar alguns valores, questões do dia a dia e acreditar que tudo é
possível para aquele que crê e, além disso, se esforça.
Os livros
Laços Inseparáveis, Presentes da Vida e Questões do Coração, estão longe de ser
romance água com açúcar em tons de autoajuda. Já li os três e, em breve, farei
a leitura de minha última aquisição de Giffin: Ame o que é Seu. Esse, comprei hoje
e, após terminar minha atual leitura, será devorado.
Em Laços Inseparáveis, a história da
produtora de TV Marian, intercala-se com a de sua filha dada para adoção,
Kirby. Com um capitulo destinado à exposição do universo de cada uma, com
ligações entre si, traz a cena o encontro de mãe e filha, após 18 anos. Kirby,
mesmo vivendo em uma família que a faz feliz, ao completar a maioridade, foi em
busca de sua mãe biológica. Ambas, no decorrer da trama, travaram uma busca com
o passado não só de Kirby, mas das omissões de Marian, resultando em uma
conclusão que modificou completamente seu futuro.
Confira
alguns trechos da obra:
“Meu
coração começou a acelerar. Será que ele contou para ela? Com certeza, ele não
faria isso comigo. Mas o que ela queria dizer com essa frase, e me olhando
desse jeito? Resolvi não culpá-lo, esperando que ela continuasse com sua
lenga-lenga, imaginando que poderia aproveitar das suas histórias para colocar
num roteiro. Eu já tinha feito isso antes.” (Marian)
“Ainda
tenho cerca de oitenta quilômetros para percorrer na estrada I-55 e faltam
cerca de noventa minutos na minha viagem de cinco horas. Até agora foi moleza. Só
parei uma vez para colocar gasolina no tanque e usar o banheiro. Também me
lembro de ligar para meus pais, lhes assegurando que estou muito bem, que o dia
está ensolarado e claro, e com pouco tráfego. Meu pai lembra de ficar na pista
da direita, não fazer ultrapassagens, evitar caminhos grandes e ficar longe do
celular.” (Kirby)
Já em Presentes da Vida, a Relações Públicas
Darcy, e toda sua antipatia, deixa para trás seu noivado com Dex para viver um
intenso caso de amor com Marcus, melhor amigo de seu ex-noivo. O resultado foi
uma gravidez solitária, já que Marcus não tinha o perfil de homem que abraçaria
essa “bronca”. Sem rumo e, descobrindo que Dex tinha um caso com sua melhor
amiga, Rachel, e com que mantiveram um relacionamento após o termino do noivado
com Darcy, a protagonista muda o rumo de sua vida, deixando Nova York por
Londres. Acomodada na casa de um amigo de escola, Ethan, a quem havia desdenhado
na infância e que tinha uma sólida amizade com Rachel. Sem emprego e, tendo
gasto todas as suas economias em roupas de marca, estava chegando a hora de
levar a sério a gravidez. Com o auxílio de Ethan, ela elabora sua lista de
mudanças e, no meio do caminho, descobre o amor que sente pelo amigo. Então,
aquele filho “sem pai” que Darcy carrega em seu ventre, tem a chance de ganhar
uma família.
Confira
alguns trechos da obra:
“Eu sorri. Poderia
não ter sido o melhor Dia de Ação de Graças do Ethan, mas eu estava certa de
que aquele dia tinha me feito ganhar algumas semanas a mais em Londres. Ele ainda
não me mandaria embora para casa.”
“Ajustei a
minha cama para uma posição mais alta e depois ergui os meus braços, indicando
que eu queria um abraço. Ethan se aproximou, o seu rosto ficou encostado no meu
enquanto ele me envolvia com seus braços. Nesse abraço, simples, mas
significativo, uma verdade foi confirmada no meu coração: eu estava apaixonada
por Ethan.”
Por fim, em
Questões do Coração, Valerie, mãe
solteira de Charlie de seis anos, precisa encarar o fato de seu filho ter
sofrido um acidente, em uma festa com amigos da escola, levando seu corpo a padecer
queimaduras que precisaram ser tratadas com enxerto de pele. Com o auxílio do
pediatra Nick, ela descobre a salvação para a doença de seu rebento e um
paliativo para sua solidão. Por outro lado, vemos Tessa, esposa de Nick que
percebe a mudança de hábitos do marido dentro de casa e, seu comportamento com
ela. Ao descobrir a traição do marido, primeiro pelas amigas e depois
confirmada pelo próprio Nick, ela precisa rever suas atitudes, inclusive o fato
de ter deixado o mercado de trabalho para ser uma eximia esposa e dona de casa.
Tanto pelo olhar discursivo de Valerie, quanto de Tessa, já que nessa obra os capítulos
também são intercalados, vemos o mesmo homem, envolvido com duas mulheres e,
mesmo sem voz ativa na escritura, desejar salvar seu casamento.
Confira
alguns trechos da obra:
“Mas na
manhã seguinte acordou se sentindo pior. Muito pior. Como se a decepção
precisasse de uma noite para se concretizar. Perceber que Nick não voltaria
mais, que não havia a possibilidade de um futuro, ou mesmo de outra noite
juntos a fazia sentir dor em todo o corpo, como se estivesse com uma gripe. Saiu
da cama, entrou no chuveiro e, então, passou por todos os passos de seu dia,
amargando um vazio profundo porque não admitia sentir falta de alguém que fez
parte de sua vida por tão pouco tempo. Era um vazio que ela sabia que jamais
preencheria, nem ao menos tentaria preencher, pois não valia o sofrimento. Ela se
perguntava quem havia sido o idiota que um dia disse que era melhor ter amado e
perdido que nunca ter amado. Nunca havia discordado tanto de algo.” (Valerie)
“E então
era véspera de Natal, e eu estava dirigindo à noite, nas ruas em sua maioria
vazias, observando flocos de neve dançando nas luzes de meu farol. Eu tinha
mais uma hora antes de poder ir para casa e já tinha esgotado todos os meus
afazeres. Já havia comprado os últimos presentes para as crianças, devolvido os
suéteres que havia comprado para Nick, parado na padaria para pegar as tortas
que havia encomendado minutos antes de Nick voltar de sua caminhada em Common,
incluindo a de creme de coco que ele ousou pedir para mim no dia anterior.”
(Tessa)
Thursday, February 14, 2013
Sobre preconceito e superação
Há mais de 10 dias em férias, estou firme e, quase
superando, minha meta de leitura. Após dois anos de mestrado, férias em tensão,
ler romances era artigo de luxo. Por isso, esbaldo-me agora. Já foram quatro
romances, sendo que esse post, pelo
título escolhido, trará de três obras por mim sorvidas.
Odeio preconceito, em todos os sentidos e, talvez por isso,
livros que nos façam pensar sobre essa bestialidade que é não aceitar quem não
tem as mesmas opções que nós, me tocam profundamente. Afinal, o que é
normalidade? A minha religião? A do outro? A minha opção sexual? A do outro? A de
todos, já que originamos da mesma força divina. E superar o preconceito
interno, o externo e viver de forma harmoniosa com o universo, é um desafio á
todos nós. Começo, então, pela obra que foi a primeira a tratar de preconceito
e superação.
Sem amor, Eu nada
seria
Há muito procurava novelas que tratassem sobre o prisma
espiritual a Segunda Guerra Mundial. Não sei se fiz uma busca falha, mas a
verdade é que somente agora encontrei uma escritura que me satisfez um pouco. Digo
um pouco porque eu nunca me contento com parcar informações. Um livro é sim, insuficiente
para mim. Mas mergulhar nessa leitura me fez ver muita coisa por meio de outro
ângulo. Assim, a obra “Sem amor eu nada seria”, psicografado por Américo Simões
e ditado pelo espírito de Clara, ambientou a sanguinária Segunda Guerra, ou
como conhecemos hoje o Holocausto, trazendo dados históricos e personagens que
viveram nos dois lados da Europa, dividida por Hitler. E, deparamo-nos, então,
com o amor de um alemão por uma judia. Viveck burlou a verdade nazista a qual
havia se filiado, arriscando sua encarnação para esconder Sarah, seu grande
amor, e o pai da judia.
Nesse período vivido por Sara em um convento, a história de
Helena, freira alemã que, tendo tido um caso amoroso com um padre, e que deu a
luz a um menino que ficou no convento sob os cuidados de Sara surge e, findada
a guerra, ao pai da judia e o alemão, seu amor. Mas, ao deixar o convento,
Helena deparou-se com o cenário fétido e estúpido proporcionado pelos nazistas.
Um choro de bebê chamou sua atenção e, por uma ironia do destino, em sua trajetória
de vida estava à responsabilidade de criar um menino judeu.
Findada a guerra, em agosto de 1945, as vidas desses
personagens unem-se novamente, a partir de suas realidades e seus preconceitos.
Judeu criado como cristão e cristão criado como judeu enfrentam-se. Uma obra
que discute amores separados pela religião e põem em cheque o catolicismo a
partir da atuação de seus seguidores.
Alguns trechos da obra:
“A fumaça do crematório podia ser vista de diversos pontos
da cidade, despertando a atenção de todos. Quando mechas de cabelo dos mortos
cremados saíam pela chaminé junto com a fumaça e iam parar nas ruas, o que foi
chamado por muitos de neve negra, o programa T4 começou a enfrentar seus
primeiros problemas.”
“Se você notar bem, todas as nossas indisposições com o
próximo se dão por choque entre as diferenças de cada um, por não aceitarmos
que o outro tem gosto e valores diferentes dos nossos. Quando se aceita, as
rusgas se vão, o convívio é pacífico.”
“Não cabe a você realizar os sonhos, planos e intenções de
uma outra pessoa, cabe a você, apenas, realizar os seus.”
“Ninguém pode exigir de si o que não tem condições, ainda,
de se dar. E ninguém pode dar a alguém aquilo que ainda não pode dar a si
próprio.”
“Só os mais sinceros consigo próprios e com a vida tem
coragem de olhar para trás, perceber e assumir para si mesmo que Deus continuou
sempre aos seu lado, mesmo quando parecia que não.”
“[...] Jesus tem de ser encarado por nós como um velho que
não tem mais condições físicas de fazer tudo por nós, mas nos inspira a fazer. Sob
sua luz não há quem não encontre a paz, coragem e disposição para superar
qualquer obstáculo na vida.”
E o amor resistiu ao
tempo
Em outra obra, escriturada pelo mesmo médium do livro acima
e ditado pelo mesmo espírito, deparei-me com uma história que contava três
encarnações de Pietro. Criança que nasceu com deformidade física, já que tinhas
os pés virados para dentro, o menino foi entregue a uma instituição de
caridade. Com a mão do destino, ele é encontrado pela tia, que o adota e o cria
como filho, sabendo que ele é o rebento expurgado da vida familiar por sua
irmã. Para superar sua diferença perante a sociedade, o dócil Pietro tornou-se
um homem amoroso e músico conhecido no mundo inteiro. Rico, devido ao seu
trabalho, o rapaz abrigou na sua casa, a família que um dia o deixou ao léu,
mostrando que o amor resiste ao tempo.
Na encarnação seguinte, o mesmo rapaz nasce na Alemanha,
mais especificamente no período ambientado no livro acima. Nazista convicto,
sua função era “caçar” almas para serem exterminadas no programa T4, que
ceifava a vida de crianças, jovens e adultos, com deformidades físicas. Até deparar-se
com Caroline. Sua convicção de que pessoas com problemas físicos não servem
para nada, sai de sua alma e, ele faz de tudo para salvar a vida da menina. O encanto
entre os dois, que se deu quando ela estava na fila para entrar na câmara de
gás, tem resposta na sua vida passada, quando Caroline foi a mãe que o
abandonou. Fugindo do país para salvar a rapariga, ele leva consigo Raul,
menino entregue por sua mãe para que fosse salvo do programa T4. A família desfeita
antes, pelas mãos de Raul e Caroline, traçava, agora, uma vida de sobrevivência
e superação juntos.
Na terceira e última parte, a seguinte reencarnação de Pietro
surge no final da narrativa. Aqui, os personagens principais dessa escritura
são Raul e Caroline que, precisam superar o preconceito interno para unidos
criar sua família e dar frutos possíveis de resgatar traumas passados. Uma obra
que faz jus ao título, mostrando que sim, o amor resiste ao tempo para aqueles
que desejam fazer sua reforma íntima e vencer seus desafios internos e
externos.
Alguns trechos da obra:
“[...] a vida é, na verdade, uma entidade que traça tudo
perfeitamente para que possamos viver aquilo que nos fará crescer como ser
humano, como algo mais nesse universo.”
“E o mais comovente naquele reencontro era saber que o amor,
apesar de tudo que aconteceu no passado, resistiria ao tempo... Um tempo que
atravessou vidas para transformar vidas em nome do amor.”
“É difícil mesmo descobrir que se valorizou algo além do seu
devido valor. Mas a vida ensina e um dia liberta todos dessa estreita visão de
vida para viverem finalmente a verdadeira grandeza da vida. [] Não que a
matéria seja ruim, ela é importante, mas para nos facilitar e embelezar a vida,
não para nos tornar escravos dela. O mesmo com relação ao dinheiro e à paixão.
“Quem não ama de verdade se desapega rapidinho. Quem permanece
junto é porque amor existe. Mesmo que vivam entre tapas e beijos, algum amor há
ali.”
“É o tempo presente que determina a nossa realidade e é só o
que existe sempre. Por mais que você pense num futuro, quando estiver lá, ele
(o futuro) continuará sendo o seu presente. [] Se o amanhã é o resultado do
modo como você se trata no ‘aqui e agora’, então vamos procurar fazer desse ‘aqui
e agora’ algo realmente proveitoso, valioso, garantindo assim um amanhã sempre
melhor.”
As obras da Clara são há muito minhas preferidas leituras. Embora
suas capas, esteticamente não sejam convidativas e, às vezes perceba que
deveria ter havido uma maior revisão ortográfica, as histórias trazidas por
esse espírito me tocam fundo.
Já a terceira obra que findei a leitura hoje, sim as demais
foram antes, com certeza, veio através do romance de um médium que para mim tem
virado referência de trabalho teórico e prática mediúnicos no século XXI.
O próximo minuto
Na escritura romanceada de 470 páginas, ditada pelo espírito
Ângelo Inácio e psicografado por Robson Pinheiro, entramos no minuto de
personagens que, mesmo vivendo em cidades diferentes, no mesmo minuto sofreram acidentes
que os levaram em desdobramento, ou desencarne, ao mesmo ambiente espiritual. Vemos
aqui, a prova de que homossexualidade é a coisa mais natural do mundo (aliás
pra mim sempre foi), e que o preconceito sobre pessoas que amam seres do mesmo
sexo é uma bestialidade.
Deparei-me aqui com a história de viventes que não assumiam
sua opção afetiva por ter dentro de si arraigados conceitos produzidos pela
sociedade e pela religião. Humanos que maltratavam gays e lésbicas por mascararem, através do machismo desmedido, sua
real opção de vida. E ainda quem expulsou o próprio filho de casa, por esse ter
negado Jesus por ser homossexual. Cada um em um ambiente comum em outra
dimensão, já que tinham o preconceito enraizado em suas almas. Depararam-se,
assim, com suas criações mentais e a necessidade de superação de suas agruras
interiores com o auxílio da luz divina e de amigos e parentes espirituais. Alguns
galgaram degraus, outros, precisaram retomar a caminhada de uma maneira mais
dura para poder aceitar sua condição e respeitar o próximo. Se eu contar mais,
entrego o enredo encantador do livro.
Alguns trechos da obra:
“A mente prisioneira da culpa, do remorso ou das angústias
de uma existência mal definida ou mal resolvida exterioriza a paisagem íntima
em torno de si. Da mesma forma, a mente sadia, que se esforça por cultivar
emoções enobrecedoras e elevadas, projeta ao redor as imagens condizentes com a
qualidade da vida mental superior.”
“[...] desejo e libido fazem parte da vida dos espíritos,
tanto de desencarnados quanto dos homens. Ao desencarnar, a maioria esmagadora
dos espíritos estagia numa dimensão tão próxima à realidade física que tudo ali
reflete o mundo material porém melhorado e mais intenso em tudo. Ou o contrário
se preferir: o mundo material reflete a dimensão astral, mas de maneira menos
vívida e elaborada. A civilização e seus atributos – construções, desafios,
descobertas, avanços, saber, ciência e modo de vida – constituem tão somente
mero reflexo do que se vê do lado de cá da vida. Assim também as tendências, os
desejos, e os impulsos humanos; todos estão latentes no espírito imortal. Entretanto,
a forma como se manifestam e são satisfeitos é que muda de acordo com a
dimensão em que se encontra o espírito após o desencarne. Em matéria de sexo,
nada é diferente.”
“A recusa em vivenciar a vida sexual e afetiva, seja de que
forma for que se manifeste, equivale a colocar barreiras à evolução e é uma
prova viva de egoísmo. Agora, se considerarmos a existência de outros
departamentos da vida universal, outros mundos e dimensões superiores, que
somente nos séculos vindouros conheceremos a fundo e serão nosso habitat, aí
poderemos entender que, nesses locais, o sexo deve se manifestar de maneira
singular. Entretanto, isso só se dará após o espírito esgotar todas as
possibilidades da vida no sentido mais humano possível, viver todas as
experiências humanas de modo pacífico. Assim, quem sabe um dia experimentaremos
sensações e emoções análogas, porém em ritmo e forma diferentes do que estamos
habituados.”
“Sob esta ótica, podemos entender que toda prática, seja de
ordem sexual ou não, quando levada ao excesso e transformada em compulsão ou
vício, certamente prejudicará quem a adota.”
“Talvez aquilo que você chama de morte não seja exatamente o
fim, mas uma oportunidade de recomeço, de reescrever a própria história de
maneira mais elaborada.”
“Todos nós estamos no caminho, tentando acertar mais e errar
um pouco menos. Mas desconheço, em qualquer lado da vida, quem não tenha errado
de muitas maneiras. Portanto, seja bem-vindo ao time, à humanidade.”
Monday, January 28, 2013
...
Impossível,
nesse começo de semana, desejar bom dia, como faço diariamente. Frente ao
amanhecer ensolarado de domingo, de brisa suave e de vida pulsante nas ruas, recebemos
aqui na região sul notícias da fumaça mortífera que ceifou a vida de, até o
momento, 248 jovens. Indivíduos no começo de sua caminhada profissional,
humana, afetiva. Eles queriam apenas divertir-se, mas foram chamados de forma
estúpida a vida espiritual.
Como
espírita e credora na vida após a morte e, ainda, na reencarnação, compreendo
que aos olhos de suas programações terrenas estava o termino de suas formas
humanas, em matéria, programado para este fim, exatamente como foi. Porém, por
mais compreensão que eu tenha do espiritismo, não vejo conforto na situação e,
creio que dizer lamentável, horrível, inacreditável, são qualificações não cabíveis
ao incêndio na casa noturna Kiss, de Santa Maria.
Assisti
a notícia não apenas da morte de gaúchos como eu, mas de seres humanos e isso
me dói como nativa do Rio Grande do Sul, me dói como ser humano passível da não
compreensão frente ao fato. Eram pessoas, eram jovens que saíram para
complementar felicidade e depararam-se com o fim de um ciclo. E esse fim de
ciclo atinge a todos nós. Creio que todos os gaúchos morreram um pouco com a
tragédia. Eu ao menos morri.
Santa
Maria, a cidade onde tenho amigos e parentes, amanheceu fúnebre com toda a
razão e, mesmo que pessoas próximas a mim não tenha sido diretamente atingidas
pelo ocorrido, digo que lastimar é pouco frente à realidade obscura, em que um
lindo dia de sol foi condensado pela fumaça da morte.
Não
me cabe fazer especulações da incompetência dos profissionais do local. Mas me compete
desejar paz aos que se foram e fé aos que ficaram. Sinceramente não consigo
imaginar a existência de uma mãe que está vivendo essa situação surreal e terá
que encarar essa realidade até o fim dos seus dias. A ordem da vida alterou-se
para essas famílias e para todos nós.
Perdoem-me
o egoísmo, o bairrismo ou como quiserem chamar, mas me sinto no direito de
sentir essa dor e orar para que as equipes espirituais atendam os
desencarnados, os encarnados diretamente ligados aos que partiram à pátria
espiritual e a nós que temos essa mancha mortuária para absorver e seguir
adiante. E, todos aqueles que de piada fizerem essa situação, minha mais
sincera ignorância de sua existência.
Que
a paz do senhor esteja conosco!
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