Por Bruna Silveira
Cem anos depois da morte, o escritor brasileiro continua uma referência na literatura mundial.
Lembrado como um dos maiores literatos do Brasil, Machado de Assis, advindo de família humilde, foi romancista, cronista e poeta. As ações rotineiras do homem eram sua maior inspiração. No ano de seu centenário de morte, o fundador da cadeira 23 da Academia Brasileira de Letras mostra-se, ainda, atual.
Joaquim Maria Machado de Assis nasceu no dia 21 de junho de 1839, no Rio de Janeiro. Machadinho, como era conhecido por seus amigos, dividia a ânsia de escrever com o trabalho burocrático em um ministério, chegando em 1889 a diretor de Comércio.
Durante sua formação, Machadinho contou com o apoio de Madamme Gallot, proprietária de uma padaria. O forneiro do local lhe forneceu as primeiras lições de francês, tornando-se mais tarde, um poliglota. Assim, o literato, durante sua trajetória, traduziu obras do francês Victor Hugo e do norte-americano Edgar Allan Poe.
Machado de Assis, iniciou sua carreira trabalhando como aprendiz de tipógrafo na Imprensa Oficial, aos 15 anos estreou na literatura com a publicação do poema Ela na revista Marmota Fluminense e, em seguida, tinha como amigo e admirador o romancista José de Alencar, principal escritor da época.
Como escritor de livros, sua primeira obra publicada foi uma reunião de poemas intitulado Crisálidas, no ano de 1864. Com a estabilidade financeira garantida pelo trabalho burocrático, Machado de Assis inicia seu período romancista em 1872. Porém, também é considerado hoje, além de um dos maiores homens da literatura do país, um escritor do realismo.
Utilizando-se de introspecção, humor e pessimismo com relação à essência humana e seu relacionamento com o mundo, Machado, segundo a professora Dileta Silva Martins, doutora em Letras, o escritor definiu-se como inovador não só na linguagem como na estrutura do romance. “Uma de suas qualidades era subverter a ordem narrativa como em Memórias Póstumas de Brás Cubas”, comenta. Dileta explica, também, que as cogitações filosóficas, o humor amargo, o tempo e a memória transformaram o romance do século XIX. “As personagens traduziram aquilo que em Machado foi classificado como o homem subterrâneo, buscando no recôndito do ser humano suas emoções e sentimentos”
Dileta Silveira Martins também destaca que o escritor alagoano trabalhou com a intertextualidade. “É um recurso muito utilizado por escritores que consiste em usar outro texto no seu próprio texto”, explica a doutora em Teoria Literária. “Machado se utiliza de passagens da Bíblia, dos escritores ingleses e franceses e até textos coloquiais como frases feitas. A intertextualidade pode ser de temas, de linguagem e de sentido”, conclui.
Por suas obras voltarem-se para problemas relacionados com o gosto da época, incluindo sua relação com os modelos lingüísticos, Machado apresentava em suas obras também o estilo do realismo visto em Quincas Borba, seguida de Dom Casmurro. Considerado pelo norte-americano Harold Bloom um dos 100 maiores gênios da literatura de todos os tempos, ele mescla em suas obras elegância e crueldade.
Machado de Assis, casado com Carolina Augusta Xavier Morais, teve nela sua maior inspiração. Carolina não lhe deu filhos. Dois anos antes de sua morte, o escritor perdeu a esposa. Sua vida ficou em preto e branco e fez declarações de que gostaria que ela lhe esperasse além tumulo. Neste período, escreveu seu último romance, Memorial de Aires, que conta o drama de um viúvo solitário. Com infecção intestinal e úlcera na língua, Machado de Assis vai pela ultima vez à Academia Brasileira de Letras no mês de agosto. Em 29 de setembro de 1908, morreu com a certeza do reconhecimento do público por sua literatura e suas críticas.
Considerado o maior expoente de todos os tempos da literatura nacional, Machado de Assis ganha, no ano de seu centenário de morte, uma programação especial na Academia Brasileira de Letras e, a Lei nº 11.522 que institui o ano de 2008 como o Ano Nacional de Machado de Assis. Além disso, já foi lançada a obra Toda a Poesia de Machado de Assis, pela editora Record. O livro organizado pelo professor universitário Cláudio Murilo Leal trará aos leitores toda a vertente da poesia machadiana. Serão quase 200 poemas não só dos livros publicados como também outros dispersos em jornais e publicações sob pseudônimo. Um funcionário burocrata que se mostrou genial.
Joaquim Maria Machado de Assis nasceu no dia 21 de junho de 1839, no Rio de Janeiro. Machadinho, como era conhecido por seus amigos, dividia a ânsia de escrever com o trabalho burocrático em um ministério, chegando em 1889 a diretor de Comércio.
Durante sua formação, Machadinho contou com o apoio de Madamme Gallot, proprietária de uma padaria. O forneiro do local lhe forneceu as primeiras lições de francês, tornando-se mais tarde, um poliglota. Assim, o literato, durante sua trajetória, traduziu obras do francês Victor Hugo e do norte-americano Edgar Allan Poe.
Machado de Assis, iniciou sua carreira trabalhando como aprendiz de tipógrafo na Imprensa Oficial, aos 15 anos estreou na literatura com a publicação do poema Ela na revista Marmota Fluminense e, em seguida, tinha como amigo e admirador o romancista José de Alencar, principal escritor da época.
Como escritor de livros, sua primeira obra publicada foi uma reunião de poemas intitulado Crisálidas, no ano de 1864. Com a estabilidade financeira garantida pelo trabalho burocrático, Machado de Assis inicia seu período romancista em 1872. Porém, também é considerado hoje, além de um dos maiores homens da literatura do país, um escritor do realismo.
Utilizando-se de introspecção, humor e pessimismo com relação à essência humana e seu relacionamento com o mundo, Machado, segundo a professora Dileta Silva Martins, doutora em Letras, o escritor definiu-se como inovador não só na linguagem como na estrutura do romance. “Uma de suas qualidades era subverter a ordem narrativa como em Memórias Póstumas de Brás Cubas”, comenta. Dileta explica, também, que as cogitações filosóficas, o humor amargo, o tempo e a memória transformaram o romance do século XIX. “As personagens traduziram aquilo que em Machado foi classificado como o homem subterrâneo, buscando no recôndito do ser humano suas emoções e sentimentos”
Dileta Silveira Martins também destaca que o escritor alagoano trabalhou com a intertextualidade. “É um recurso muito utilizado por escritores que consiste em usar outro texto no seu próprio texto”, explica a doutora em Teoria Literária. “Machado se utiliza de passagens da Bíblia, dos escritores ingleses e franceses e até textos coloquiais como frases feitas. A intertextualidade pode ser de temas, de linguagem e de sentido”, conclui.
Por suas obras voltarem-se para problemas relacionados com o gosto da época, incluindo sua relação com os modelos lingüísticos, Machado apresentava em suas obras também o estilo do realismo visto em Quincas Borba, seguida de Dom Casmurro. Considerado pelo norte-americano Harold Bloom um dos 100 maiores gênios da literatura de todos os tempos, ele mescla em suas obras elegância e crueldade.
Machado de Assis, casado com Carolina Augusta Xavier Morais, teve nela sua maior inspiração. Carolina não lhe deu filhos. Dois anos antes de sua morte, o escritor perdeu a esposa. Sua vida ficou em preto e branco e fez declarações de que gostaria que ela lhe esperasse além tumulo. Neste período, escreveu seu último romance, Memorial de Aires, que conta o drama de um viúvo solitário. Com infecção intestinal e úlcera na língua, Machado de Assis vai pela ultima vez à Academia Brasileira de Letras no mês de agosto. Em 29 de setembro de 1908, morreu com a certeza do reconhecimento do público por sua literatura e suas críticas.
Considerado o maior expoente de todos os tempos da literatura nacional, Machado de Assis ganha, no ano de seu centenário de morte, uma programação especial na Academia Brasileira de Letras e, a Lei nº 11.522 que institui o ano de 2008 como o Ano Nacional de Machado de Assis. Além disso, já foi lançada a obra Toda a Poesia de Machado de Assis, pela editora Record. O livro organizado pelo professor universitário Cláudio Murilo Leal trará aos leitores toda a vertente da poesia machadiana. Serão quase 200 poemas não só dos livros publicados como também outros dispersos em jornais e publicações sob pseudônimo. Um funcionário burocrata que se mostrou genial.
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Ele o conheceu na biblioteca do avô
O estilo literário de Machado de Assis é estudado nas escolas de todo o Brasil e marca a vida de muitas pessoas, justamente pelo seu estilo realista. Mas, em alguns casos, a paixão por Machado de Assis nem sempre chega durante o período escolar. Henrique Perin, formando em jornalismo, deparou-se com as obras de Machado de Assis aos nove anos de idade.
Sem muita opção do que fazer durante as férias na casa dos avós no interior do Rio Grande do Sul, o refugio do pequeno Henrique eram os livros da biblioteca da casa, nem sempre em português. Dos raros de nossa língua nativa estavam Érico Veríssimo, Euclydes da Cunha, Monteiro Lobato e uma série completa de Machado de Assis, edição luxo do ano de 1957.
“Os livros de Machado me alucinavam pela forma como a qual Machado de Assis fluía a história”, lembra. “Memórias Póstumas, por exemplo, além de ser revolucionário para a época em que foi escrito, foi marcante pra mim, simples leitor de histórias em quadrinhos. A maneira como estão descritos os personagens. Nunca antes havia lido, em lugar algum, que uma mulher pudesse “ter olhos de cigana oblíqua e dissimulada, olhos de ressaca”, como em Dom Casmurro. “Aquilo para mim foi quase uma revelação, como quando uma pessoa recebe a “visão” de um anjo, ou lhe designa alguma tarefa”, explica.
Ao conversar com o avô sobra as histórias lidas, Henrique descobriu que Machado de Assis era jornalista e pensou ser este o seu caminho. “Com a ingenuidade que apenas uma criança de nove anos pode ter, pensei em seguir a carreira. Essa é, talvez, a mais antiga lembrança de como escolhi minha futura profissão. Queria ser igual ao Machado, escrever como ele, pensar do mesmo modo, enfim, algumas vezes emocionado com os livros” comenta. A idéia de Perin não era, como a da maioria das crianças, ser os personagens de histórias, e sim o criador deles. “Fantasiava ser o próprio escritor. Ter poderes sobre o destino, as emoções e sensações dos personagens. E como eram reais esses personagens!”, elucida o fã que quando criança facilmente enxergava os personagens de tão reais que lhe pareciam.
Porém, além dos romances realistas de Machado, Perin também estreitou laços com o jornalista Machado de Assis e tem em seu conceito o literato como um jornalista político. Para ele, Machado “sempre será encontrado debruçado sobre as enfastiadas atas da Câmara de Deputados, ou ouvindo os chatos e repetitivos discursos proclamados para as paredes, pelos deputados. Mas com certeza, assim como Balzac, na Comédia Humana, essas pessoas serviram de inspiração e molde na criação de seus personagens, assim como os costumes e características do Rio de Janeiro do século XiX, elucida.
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