About Me

My photo
Professora, Jornalista, Relações Públicas e Mestre em Comunicação Social. Apaixonada pela comunicação e pelo imaginário humano e cultural.

Followers

Friday, June 11, 2010

Não se trata de despeito

Por Bruna Silveira

Começo assim meu texto para deixar claro a todos que forem ler que não sou uma mulher despeitada e nem amarga. Apenas de fato acho que o dia dos namorados tornou-se algo obsoleto nos dias em que vivemos, mas isso não se trata de despeito.

A data, que em 1993 ganhou espaço na crônica de Paulo Santa na Zero Hora com o título: Dia dos Loucos, perdeu bastante com o passar dos anos sua essência. Mas será que não foram as pessoas e os relacionamentos que estão ruindo? Será que ainda existe amor verdadeiro? Não que eu seja uma romântica inveterada, e ainda acredite no príncipe encantado. Há muito sei que ele não existe. Apenas gosto de por romantismo na vida e ele não precisa vir sempre em um relacionamento. Quem tem prazer de viver, tem prazer de se relacionar. Ao menos em minha humilde opinião. E relacionamentos não são feitos de um amor e uma cabana.

Do ano da crônica citada, quando então eu comemorava meu primeiro dia dos namorados, e meu avô me fez ler o texto de Santana, ao ano de 2010 muita, coisa transformou-se. Talvez os casais que leram aquelas linhas não estejam mais juntos, como é meu caso. Talvez hoje estejam sozinhos e se perguntando, como eu: afinal, onde o amor foi parar? Não aquele amor, o amor por seres humanos.

Sinto as pessoas com urgência de se relacionar, mas nem um pouco dispostas a se abrirem de verdade para tal envolvimento. Conheço casais que passam parte do ano em pé de guerra, mas neste dia lotam as lojas, restaurantes e muitas vezes (a grande maioria) todos os motéis da cidade. E o que resta no outro dia? Um presente, uma conta de restaurante, um fragmento de lembrança e agora a desavença do dia-a-dia.

Estamos dando amor aos nossos companheiros todos os dias? Aliás, estamos sendo companheiros? Um relacionamento não é feito somente de noites “calientes”, de envolvimentos vãos e palavras soltas no ar. Como disse antes, na minha humilde opinião, relacionamento é todo instante, é amar, é saber a medida do momento e da privacidade do outro. É estar em meio a um turbilhão de problemas no trabalho ou em qualquer outro aspecto da vida e não ser grosseiro nem negar a troca de amor e afeto. É sorrir com um simples telefonema e estar aberto para dizer palavras de amor e ouvi-las sem deixar-se envolver por momentos nebulosos.

Hoje muito fácil se fazem as relações. As pessoas já se casam pensando que o divorcio resolve o que eles não conseguirem resolver e, se é apenas um namoro, basta terminar. A fidelidade está em baixa e a vontade de dividir os problemas com o outro e sentir-se aconchegado não é mais tão importante.
Claro que ainda acredito que existem pessoas que vivem um amor de dar inveja, que não se apegam a pequenos detalhes do cotidiano, colocando tudo a perder. Conheço apenas um casal assim, mas ele existe!

Obvio que imagino que as pessoas se aproximam uma das outras para trocas positivas e crescimento mutuo. Só acho que falta muito disso ainda em muito vivente por ai. Ultimamente olhar apenas para o seu umbigo tem sido a meta. E a distância passa a tomar conta de pessoas que poderiam ser felizes se racionalizassem menos.

De nada adianta dar uma almofadinha escrita eu te amo e uma cueca escrita Love. Adianta sentir, deixar fluir e lembrar que aquela pessoa pode ser a chance de sermos felizes, de sentirmos sensações inusitadas e fazer com que cresçamos como seres humanos. Ai esta o pulo: tornarmos-nos mais humanos ao lado de outro ser humano, sem grilos, sem estresse, com fidelidade, amor e boa vontade (sim, esta ultima também faz parte dos relacionamentos do hoje).

No comments: