Hoje pela manhã, estive em um dos lugares que mais me sinto em casa fora do lar: a livraria. Logicamente fui com os títulos que queria adquirir em mente, mas nunca é demais uma olhadela por esse mundo fascinante dos livros.
Olha prateleiras aqui, mesas de destaque ali e me deparei com um novo exemplar da autobiografia: Eu, Christiane F., 13 anos, drogada, prostituída.
Com o auxilio dos jornalistas Kai Hermann e Horst Rieck, a obra, publicada em 1978, intercala depoimentos da vida de Christiane, em Berlin, na Alemanha, tanto por ela quanto por sua mãe.
Lembro que quando li, na inocência dos meus 12 anos, fiquei abismada em como uma jovem com apenas um ano a mais que eu tinha entrado em um mundo tão surreal, absurdo e imundo. Por outro lado, o objetivo da minha mãe, ao me ofertar o livro, dera certo. Jamais eu usaria drogas, nunca queria ficar como ela. O livro trazia, ainda, além da história da moça, retratos dela, dos amigos e do namorado Detlef, por quem confesso me apaixonei na época. Nossa, tinha achado ele tão atencioso e carinho com ela... Mas, ao ler a fase da prostituição de ambos, a paixão sumiu rapidinho. Fiquei a me imaginar naquela vida. Afinal, era apenas um ano de diferença.
Li aquelas linhas chocadas. Busquei o filme na locadora, ainda na época da fita, e mais absurdamente assustada eu fiquei a cada overdose, a cada tentativa de parar com a droga, a cada busca por clientes e dinheiro, na fria Berlim.
Tanto a capa do livro, quanto as imagens do filme, estereotiparam bem a autora daquela vida imunda. Hoje, o que vi na livraria foi uma capa “limpinha”, como vocês poderão ver nas imagens deste post.
Mais de trinta anos após a publicação do primeiro exemplar, a alemã é conhecida no mundo inteiro. Em 2008, uma reportagem do tablóide berlinense B.Z., noticiou sua recaída nas drogas, a perda da guarda do filho de 11 anos e o laudo médico que a aponta como hospedeira de hepatite. Antes disso, ficou cinco anos fora das drogas, após a publicação do livro, e vivia com um famoso músico alemão. Até os dias de hoje, o futuro de Christiane continua incerto, a única certeza é que a publicação de sua autobiografia marcou uma geração, alertou outra mas não a auxiliou a deixar o universo da drogadição.
Christiane em 1977
Christiane em 1977
Capa do livro que li aos 12 anos
Foto de Detlef no livro
Capa "limpinha" que está nas livrarias
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