Após 15 dias de estadia no Litoral Norte do Rio Grande do Sul, retorno a capital dos gaúchos, pois, a folga já era.
Foram dias de descanso, muita chuva, principalmente nas festas de final de ano, brincadeiras com a afilhada, leituras e reflexão. Dizem que faz parte do encerramento de um ano e começo do outro. Já eu, independente de virada de ano ou não, creio que tanta reflexão, foi aflorada pelo final de ciclos.
O que norteou toda minha passagem litorânea nesses últimos dias foi o fato de estar na minha casa de praia, a qual estou acostumada há 30 anos, sabendo que, muito em breve, não será mais minha. Afora toda emoção que se fez presente durante momentos lúcidos dessa constatação, principalmente quando comecei a reunir algumas coisas pessoais que ficarão comigo e outras que já passei adiante, me dei por conta que, a perda do meu porto seguro encerra um ciclo importante na minha vida. Hora de recomeçar, inclusive, a ver a vida de outra perspectiva e, a partir de novas oportunidades e conceitos.
Mas, independente dessas reflexões, foi inevitável não rememorar tantos e tantos momentos vividos entre aquelas paredes e estendidos àquele balneário. Então, para me auxiliar nessa etapa de encerramento, resolvi que no verão desse ano, o máximo de situações e histórias que eu lembrar vividas ali, publicarei. Talvez uma forma de tributo ao que eu tinha como referência de lar e núcleo familiar. E, ainda, para lembrar que, após concluída uma experiência, outras surgem...
E, justamente, por aquele ambiente ser tão intrinsecamente ligado a questão familiar, é de uma situação bem da minha infância que lembrei nas tardes de chuva em que a cama convidava para um cochilo. Em nosso primeiro ou segundo verão na casa, não lembro bem eu era muito novinha, minha avó paterna foi conosco. Não tenho noção do quanto tempo ela passou, apenas lembro que vivia coladinha na dona Laidinha e seu coque branquinho. Em uma tarde de sol, resolvemos cochilar. Na hora de fechar a janela, nenhuma se aventurou a tal feita. Poderia atrapalhar os que já estavam dormindo. Passamos a tarde pegando sol, sem pregar o olho, brincando, mesmo deitadas. Ela na cama de cima, do meu sofá cama, e eu no de baixo. Duas cagonas do que os outros poderiam pensar, pelo fato de nosso corpo clamar por momentos de pestanas fechadas. Vó, nesses 15 dias, todas as vezes que resolvi me render ao sono, eu fechei a janela justamente quando todos já estavam ressonando. Perdi nosso medo. Afinal, as limitações são para serem vencidas, né? Fiz o barulho que quis. Agora, velhinha, estamos quites de todas as vezes que o barulho dos outros nos atrapalhou. Desta vez, não há quem possa nos limitar!
Mas, ao menos passamos uma tarde de folia, onde eu fiz inúmeras apresentações da música “No escurinho do cinema”, da Rita Lee, afinal, naquela ocasião ela havia me dado o vinil que continha essa canção. Nada mais justo que compensá-la com uma cantoria desafinada, mas que mostrava quão satisfeita havia ficado com o presente inesperado de verão. É vó, as coisas estão mudando, mas eu continuo cantando “No escurinho do cinema” pra ti, sabes disso, tenho certeza. Não consegui ainda a afinação, resta apenas o amor que sinto por ti! Encerraram e começaram ciclos nesse meio tempo, mas o sentimento verdadeiro fica, sempre! Foram bons momentos naquela casa engraçada que tinha teto, família e alegria. E, era minha!
2 comments:
Este último parágrafo, por acaso, foi alguma predição ou simples coincidência???
Para pensar, né???
Vamos sentir saudades dos shows da Rita Lee. Não pq tu desafinas, pacas!!! rsssssss
Mas pq ela se aposentou!!!
Ufa!!!
Bah, foi coincidência!! TOTAL. Naquela semana li sobre a aposentadoria da Tia Rita. Agora, cantarei ainda mais alto, mesmo sem afinação! hehehe
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