About Me

My photo
Professora, Jornalista, Relações Públicas e Mestre em Comunicação Social. Apaixonada pela comunicação e pelo imaginário humano e cultural.

Followers

Wednesday, November 03, 2010

Depois do amanhecer

Por Bruna Silveira






Naquela manhã de sol, o bilhete branco reluzia. Com uma ponta de esperança ela agarrou aquele papel, sorveu as palavras do desconhecido e embriagou-se de sorrisos. Nada ao fundo para atrapalhar tamanha surpresa, ao som dos pássaros, ao sabor do vento e a maestria da felicidade, por um mensageiro enviou a resposta.




Não importava mais como ele havia chegado até ela. Importava que houvesse chegado. Aberto a porta e instalado sua beleza. O mensageiro cansou naquele dia. Foi uma busca imensa de saber quem era o autor, depois, o que mais viria? A descoberta dos seres, dos prazeres, do que unidos poderiam imaginar, sentir, fazer.


De demoras foram feitas muitas respostas, ao longe havia o encontro. Ao perto, restava a certeza da distância. Munida das palavras, ela falou, escutou, interagiu. Na janela, os girassóis não estavam mais sós, virados para o sol, faziam a dança da luz e da união.


Onde tudo isso iria parar? Como seria o fim ou o fim da longa distância seria um começo? Ou um recomeço? Ou uma vida de verdade?


Ilusão não poderia ser. As palavras dele estavam ali para ela, com foto e flores. De noites e dias eram compostas as cantigas, eram diminuídos os espaços do saber e abria mais lugar a agonia da distância física. Ambos queriam, sabiam. Onde isso daria?


No pulsar do músculo inquietante, o que se fez dia para ele, se fez noite para ela. As lembranças, as dúvidas e a pergunta: o que fazer? Como fazer?


O suor da noite não deixou que ela dormisse tranquila. Nunca mais seu sono seria calmo. Sabia ele estar desperto. Fazendo o que? Pensando nela?


Por um pedaço de papel a vida mudou por um instante. Flores povoam o pensamento dela, imagens, a vontade desenfreada de ir, sem saber aonde, sem saber ao certo nada, sem saber como nem porque. O fato estava consumado, um pulso era frenético. Nesse momento, que pouco parece e muito ela sente, lhe resta esperar, sonhar e desejar dias doces, excitantes e felizes.

No comments: