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Professora, Jornalista, Relações Públicas e Mestre em Comunicação Social. Apaixonada pela comunicação e pelo imaginário humano e cultural.

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Monday, November 15, 2010

Ventos de saudade

Por Bruna Silveira

Ela precisou ir para longe. Em um lugar que onde as manhãs reluziam um sol escaldante, acalmado pelo vento forte e gelado. Notícias dele, ela não tinha. Onde estava, ela não sabia. Naqueles dias, não havia um mensageiro que levasse suas linhas para tão longe.
Das lembranças as mensagens trocadas, as fotos, as conversas quando então a noite virava dia e o dia virava noite.
Amanhecer alegre ela teria no dia seguinte, o dia de seu regresso. Mas, estaria ele lá, pronto para receber o mensageiro, que com certeza correria como louco para levar as sedentas palavras de saudade?
Nada mais estava lhe agradando na lonjura dos dias. Nem os livros, nem o sol, nem o licor de chocolate, que hoje, parecia tão sem sabor, como ontem. Nem o sol, nem os finais de tarde às margens do mar. Fazia frio na orla, fazia frio em seu coração. Seu corpo era preenchido por um torpor dolorido. Não continha prazer, nem alegrias.
As lembranças dos encontros faziam saltar o músculo inquieto, que a todo instante acusava a ausência. A falta de notícias, a falta de proximidade, ainda nem tão próxima, ainda um pouco distante, mas já de morada seu coração.
Assim como o vento revirava as folhas e o mar lá fora, por dentro o mar dela também estava revolto, as folhas estavam no chão. A saudade a consumia, a dúvida, as perguntas. A falta do cheiro, da voz, das linhas que ela lia todas as manhãs, como uma rotina feliz. Manhãs estas que mesmo com sol, o seu céu se abria.
Agora, apenas lhe restava esperar. Que a chuva levasse a tristeza e a solidão para longe. Que o sol do seu amanhecer, e também do seu anoitecer, voltasse a brilhar, pelas mãos do mensageiro, que lá já estava a esperar. Estava resolvido. Primeira ação que ela teria ao retornar ao seu sitio de origem: escrever ao seu amado e aguardar, ansiosa, o retorno.

1 comment:

Denise Carreiro said...

Bruna, lendo sua história, fiquei pensando o quanto ela é real para milhares de pessoas e o quanto se sofre neste mundo. Sofremos por amar e por não amar, sofremos de saudade, por não nos sntirmos amados, pelas perdas da vida, etc... Seria tão bom se tivessemos um mundo feliz! bjs